Há exatos 30 anos, o escritor Tom Clancy apresentava o personagem Jack Ryan, um
analista da CIA que vira agente de campo por força das circunstâncias em A Caçada ao Outubro Vermelho; o livro virou filme em 1990 com um Alec Baldwin (30 Rock) magrinho e sério
ao lado de Sean Connery. Chris Pine, que deu cara e corpo ao novo capitão Kirk,
agora faz o mesmo pelo espião de Clancy. É o segundo reboot da série: após dois longas-metragens em
que Harrison Ford substituiu Baldwin dando continuidade às aventuras do
personagem, Ben Affleck começou tudo do zero em A Soma de Todos os Medos, de 2002, mas não foi adiante. Sendo assim,
Jack Ryan chega ao seu terceiro “filme de origem”.
Como todo espião clássico, Jack Ryan é um dinossauro da Guerra
Fria e, aqui, para não fugir à regra, enfrenta um vilão russo, Viktor Cherevin
(Kenneth Branagh, também diretor). O plano do inimigo é assustadoramente simples
e crível: provocar uma “Segunda Grande Depressão” ao realizar um ataque à bomba
à Bolsa de Valores de Wall Street em conjunto com uma complicada manobra
financeira. É justamente esse golpe econômico que Ryan, agora um especialista em
finanças internacionais, descobre — e o que faz com que ele seja cooptado por um
velho agente da CIA (um excelente Kevin Costner) para desbaratar o plano com sua
mente analítica.
Como filme de origem, Operação Sombra mostra finalmente o acidente
de helicóptero sofrido por Ryan, quando ainda era um jovem fuzileiro naval (o
fato é apenas citado em A
Caçada ao Outubro Vermelho e A Soma de Todos os Medos, os dois filmes em
que o personagem é apresentado). Operação Sombra também segue a cartilha de
Jack Ryan, que dentre seus colegas de profissão (James Bond, Jason Bourne, Ethan
Hunt), é praticamente um CDF meio hesitante com uma pistola na mão, que precisa
de um mentor para se safar do perigo — a figura paternal de Kevin Costner já foi
vivida, com outros nomes, por James Earl Jones e Morgan Freeman nos filmes
anteriores da série.
Como filme de espionagem, Operação Sombra é, infelizmente, genérico
demais, apesar de tentar injetar novidade na cena batida do roubo de dados no
covil do vilão — a sequência é entrecortada pelos momentos do tenso jantar entre
Viktor Cherevin e a namorada do herói (Keira Knightley). Mas o longa-metragem
fica só nisso, pois o resto é mediano demais. Faltou a grande história ou a
grande novidade; foi onde Ben Affleck fracassou também, entre outros motivos, ao
ressuscitar Jack Ryan em A
Soma de Todos os Medos. O problema é que a “primeira” origem do
personagem, A Caçada ao
Outubro Vermelho, tem, tanto na literatura quanto no cinema, uma trama
memorável e ambiciosa. Aqui, a história parece ter saído de uma linha de
montagem e ser intercambiável com os últimos capítulos de Missão: Impossível ou até
mesmo Duro de Matar.
Chris Pine é um bom novo Jack Ryan em um filme que, infelizmente, não traz nada
de novo. A obra diverte, mas é esquecível.
Um adendo aqui vai para o ótimo rumo que Kevin Costner deu à
carreira, ao saber envelhecer com dignidade e elegância: ele é a melhor coisa em
cena aqui e no equivocado Homem de Aço. Costner agora vai entrar na
seara de Liam Neeson em 3
Days to Kill.
O trailer e
outras informações estão no site oficial.
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