26 de fev. de 2016

Papos de Sexta: O Meu Indicado do Oscar



Lembro bem como foi. Era horário de almoço, vários problemas esperando solução no trabalho, e eu resolvi sair uns 10 minutos antes para almoçar. 2012, mas não lembro o mês exato. Passando pela famosa Cinelândia — centro do Rio — rolava a feirinha de livros que acontece ali de tempos em tempos. Parei na minha barraca preferida, onde conhecia todos: a da Record. Entre centenas de livros superbaratos — coisa de 5 a 10 reais — eu o vi, peguei, li a sinopse e uma senhora do meu lado disse para eu levar que eu iria amar. Foi o que fiz. Na volta para casa naquele mesmo dia, o metrô demorando, a plataforma cheia, sentei no banco para aguardar um trem mais vazio, e então, com o livro ali, eu o abri. Comecei a ler e acho que cheguei pelo menos na página 50, quando me dei conta de que o trem não estava mais cheio e de que eu poderia ter embarcado. Na verdade, minha viagem tinha iniciado fora do vagão, Emma Donaghue, uma até então desconhecida autora me tocou na primeira página, eu precisar terminar aquele livro, o que de fato era o tal do Quarto? O que era a vida de Jack e de sua mãe?

Terminei o livro horas depois, de madrugada, postei em todas as redes sociais o quanto estava encantada, como uma criança protagonista de uma história, ao mesmo tempo tão forte e tão ingênua, tanto da parte da mãe quanto da do menino, me ganhara. Sempre que podia, recomendava o livro, mas poucas pessoas o tinham lido, pelo menos as que eu conhecia. Optei por conversar com pessoas no blog e com outros que tinham feito a resenha no Skoob, e vi o quanto o livro e as palavras da autora nos deixavam desconcertados.

Em 2013 ela veio ao Brasil, para Bienal do livro do Rio, na mesma hora que ela estaria autografando eu apresentaria um evento, um único dia, e eu não conseguiria vê-la. Pedi ao marido de uma amiga para pegar meu autógrafo, pelo menos assim ficaria menos triste. No final do evento que eu apresentei corri para o estande do Grupo Editorial Record e vi os cabelos ruivos de Emma lá em cima. Com a ajuda dos lindos da editora, eu a vi, falei com ela, agradeci pela história e lhe dei um abraço. Simpática, ela me agradeceu.

Esse ano, quando o filme O Quarto de Jack foi lançado nos cinemas, eu corri para ver, e já assisti duas vezes, assim como reli o livro outras três. Para mim foi maravihoso ver que tudo que imaginei virou filme; o ator que faz Jack é perfeito, parece de verdade o menino de apenas 5 anos que narra o filme. E a  mãe? Aposto que ganha o Oscar, isso porque também concorre como Melhor filme, já pensaram se ele ganha a estatueta?

O fato de ter virado filme me deixou feliz porque permitiu que mais pessoas tenham interesse pela história que eu sempre amei, mas que poucos conheciam quando eu falava. Somente esse mês mais de 20 pessoas me procuraram para falar que viram  o filme e lembraram de mim, isso não é mágico? Minha boca de urna funcionou!

Para completar, a resenha do livro em meu blog bateu todas as visualizações do mês! Fiquei extremamente satisfeita de ver como o filme angariou interesse para o livro, e em saber os detalhes sensacionais de uma história que tinha tudo para ser triste, mas, com o talento da autora, virou algo lindo e sensível, uma paixão e a demonstração de como é intenso o amor ‘entre mãe e filho.

Por favor, leiam <3 p="">

19 de fev. de 2016

Papos de Sexta: Meta literária para 2016

No dia 1º de janeiro de 2016, ocorreu o seguinte diálogo:

Pessoa aleatória que não deve ser nomeada (PAQNDSN): “E aí, qual foi o último livro que você leu em 2015?”

Eu: “Não lembro”.

PAQNDSN: “Como assim não lembra?”

Eu, franzindo a sobrancelha pelo tom usado pela kiridinha: “Não lembro, ué. Ainda estou lendo o mesmo”.

PAQNDSN: “Você virou o ano lendo o mesmo livro? Como assim? Pensei que gostasse de ler!”

Eu, não acreditando nos argumentos mucho doidos usados pelo “amoreco”: “Eu adoro ler, mas tenho uma vida além das páginas. Eu curto ler. Curto, do verbo ‘gosto por ser prazeroso’”.

E a pessoa iluminada (para não falar outra coisa) continuou achando um absurdo eu não ter tudo anotado.



Gente, sério mesmo? Tipo, desde quando precisamos prestar contas por algo que a gente ama fazer? Tipo, vocês marcaram quantos beijos deram em 2015? E não estou falando dos marcantes, estou falando de TO-DOS! Fizeram contabilidade de quantas gargalhadas soltaram? E quantos seriados e filmes assistiram?

Entendo que tem muita gente que se organiza com redes como o Skoob, por exemplo, para não se perder nos livros que tem e nas séries literárias que acompanha. Show, bacana, louvável. Mas eu não sou assim e viva a diferença, né?

É que eu não consigo entender essa “matematização” do prazer, essa “gameficação” da vida. Na minha concepção, fazer o que a gente ama é uma delícia, um escape, um momento que nos faz sentir bem. Pode ser fazer compras (aí entra contabilidade de valor gasto, mas, por exemplo, não sei quantos pares de sapato comprei esse ano!), tomar sorvete (você sabe quantos tomou em 12 meses?), sair com os amigos (se for contabilizar chopes, danou-se, né?) ou ler livros.



Entendo também que ler é um hábito e que, para ser iniciado, algumas pessoas colocam metas. Por exemplo, vou ler um livro por semana e, no final de um ano, vou verificar se a meta foi batida. Mas depois do hábito instalado, qual a razão de manter a conta? Ou pior, qual a necessidade de comparar números?

Eu leio MUITO, mas não faço ideia de quantos livros li em 2015. Para falar a verdade, tem livros que li e que nem lembrava que tinha lido, tamanha foi a pressa para acabar e falar dele no Clube. Claro que me preparei para abordá-lo no evento e tal, mas não foi uma leitura tão prazerosa e proveitosa como poderia ter sido. Ele foi só um número e não uma leitura que me impactou. E isso não é bacana. Cadê a qualidade da leitura?

Eu leio muito, mas será que não poderia estar lendo melhor? E não digo a qualidade do livro, mas do meu envolvimento com ele. Deu para eu notar as críticas colocadas nas entrelinhas pelo autor? Na correria de terminar mais um, deu para notar a mudança de ritmo na narrativa? E a razão para essa mudança?



Minha razão para essa coluna é refletir sobre a qualidade da leitura. Vi que na lista dos livros mais lidos em 2015 pelos brasileiros reinaram os de colorir e alguns sobre depressão e ansiedade. Acho que todos esses estão intimamente ligados e parte da razão de estarmos tão ansiosos é a necessidade que sentimos de estarmos constantemente competindo uns com os outros. Mas quem ganha? Quem leu mais ou quem curtiu mais cada página? Quem leu mais rápido, mais livros ou quem foi tocado pela mensagem de cada história? Na vida, quem vence: aquele que tem mais dinheiro ou que aproveita melhor o tempo? Quem tirou mais fotos da viagem ou quem curtiu mais cada lugar? Pra quê competir? Eu ainda não entendo.



Em 2016, eu não tenho uma meta de leitura. Meu objetivo é ler melhor, prestar mais atenção nos elementos de estilo ou na falta deles, entender mais as mensagens na história, a caracterização dos personagens. Quero ser uma leitora melhor.

E você? Quais seus objetivos literários para 2016? E se eles forem numéricos, tudo bem, vai. Não vou julgar. Mas só espero que você não deixe que números te definam. Você é algo além das páginas, além dos números. Não perca visão disso, ok?


12 de fev. de 2016

Papos de sexta: Saindo das sombras


Todo mundo sabe que sou fã da autora Cassandra Clare e do universo Shadowhunter criado por ela. Seus livros estão entre os meus favoritos, e Jace sempre será um dos meus amores literários.

Nem preciso dizer que estava ansiosa para assistir a série na TV, certo? Era um misto de excitação e apreensão pelo que estava por vir. Não me considero uma fã hardcore, do tipo que não tolera alterações na trama ou nos personagens (afinal, uma adaptação — tanto cinematográfica quanto televisiva — pressupõe a adequação da obra ao meio), mas torcia para que a série não tivesse o mesmo destino do filme (e ainda torço por isso).

Pois é, o episódio piloto não me impressionou. As atuações, os diálogos, os efeitos, os cortes, tudo estava off. Eu não manifestei o meu descontentamento nas redes sociais, apenas fiz um comentário ou outro nos posts de amigos, mas sempre mantendo o otimismo.

O segundo episódio também foi fraco e pensei em abandonar após o terceiro (que episódio foi aquele?!), mas eis que o quarto e o quinto episódios renovaram minha esperança na série e me inspiraram a escrever esse post.

Antes de mais nada, permitam-me posicionar quanto às reclamações dos fãs: não me incomoda o fato dos protagonistas serem mais velhos e Hodge ser mais jovem (e gato! rs), do Instituto ser high-tech e os demônios virarem papel picado incandescente, de Maureen apresentar as características de Maia e Dot substituir Madame Dorothea, de Camille ser asiática e Luke um policial. O que mais me preocupa é o tom e o ritmo da série.

A maior vantagem de uma adaptação para TV é ter mais tempo para desenvolver os personagens e a trama, mas o diretor McG e o roteirista Ed Decter parecem ter pressa para contar a história, como se precisassem cobrir logo os pontos-chave da obra de Cassandra Clare para então partir em vôo solo.

Quando o material original é de qualidade, como é o caso, ele merece ser bem aproveitado, não apenas para agradar o fandom, mas também para facilitar a vida de quem não leu os livros e quer acompanhar a série. De nada adianta correr até a melhor parte da história. O que faz essa parte ser tão boa é justamente o longo e tortuoso caminho até lá. #ficaadica

O quarto e o quinto episódios tiveram mais acertos do que erros: diálogos tirados dos livros, a introdução de Malec, menção a uma personagem querida, Jace treinando sem camisa, a invocação de um demônio maior, uma prévia de Sizzy etc. Talvez a produção tenha finalmente se dado conta do potencial que tem nas mãos, e em vez de mudar a mitologia, tenha decidido expandir o mundo das sombras.

Os atores também parecem mais à vontade do que nos primeiros episódios. Não tenho o que reclamar dos irmãos Lightwood — tanto Matthew Daddario, o Hottie com H maiúsculo que interpreta Alec, quanto Emeraude Toubi, a igualmente gata que interpreta Isabelle, estão bem nos papéis —, e Alberto Rosende é um Simon e tanto! Os demais atores podem melhorar, inclusive o núcleo adulto da série.

Eu também gostei do tom mais leve dos episódios. Harry Shum Jr, que interpreta Magnus Bane, trouxe humor para a série e, pelo Anjo, como ela estava precisando! Essa é uma série jovem do canal Freeform e não uma minissérie da HBO. Shadowhunters pode repetir o sucesso de Buffy, Supernatural, Teen Wolf, Vampire Diaries etc, basta não se levar tão a sério. #ficaoutradica

Por último, tenho que mencionar Malec. Já deu para perceber que Harry e Matthew têm mais química do que Dominic Sherwood e Katherine McNamara (mesmo que a interação entre Jace e Clary tenha melhorado nos últimos episódios) e não será surpresa se roubarem a cena do casal principal. Precisa de outro motivo para assistir a série?! rs


Na minha opinião, o maior desafio de McG e cia é tornar a série tão divertida quanto os livros. Eu não sei se é possível, mas acredito que estamos progredindo — e isso é o suficiente para dar outra chance :)

4 de fev. de 2016

Galera entre Letras: Sobre Maus Mocinhos

Acho que agora já deu tempo de todo mundo ver O Despertar da Força, né? E aí o que acharam?

Eu gostei bastante do filme --- mesmo vendo alguns problemas na segunda parte ---, curti muito os personagens jovens (tem como não se apaixonar pela Rey e pelo Finn?!) e senti a mesma emoção que tive ao ver a trilogia original (os episódios IV, V e VI).

Ah! E foi a primeira vez que eu fui ao cinema pra ver Star Wars!

Mas um dos meus personagens preferidos foi também um dos mais criticados e “polêmicos”.

Já sabem de quem eu estou falando? Exatamente! Do Kylo Ren!

Muita gente reclamou que Kylo é um vilão caricatural, mimado e que não faz jus a uma série como Star Wars, que nos legou, talvez, um dos vilões mais brilhantes do cinema: Darth Vader. Bom, eu concordo com o elogio ao Vader e, pra mim, O Retorno de Jedi é um dos melhores filmes que já vi na vida justamente pelo “embate” entre Luke e Vader. No filme é que conhecemos Vader realmente em toda a sua complexidade de vilão.

Mas nós já conhecemos Vader como vilão (posteriormente como Anakin, mas eu nunca assisti aos primeiros episódios! rs e não vou comentar sobre o que não sei) ao passo que conhecemos Kylo em processo de formação rumo à vilania.

Kylo é o filho de Leia e Han, que se rebela contra o tio, Luke Skywalker, e decide, à revelia da família, abraçar a mesma causa do avô, a quem, óbvio, ele nunca conheceu.

Fica evidente, nos gestos e nos ataques de raiva de Kylo, que ele está muito longe do autocontrole e do controle da Força – ele e Rey, que também tem a Força, mas não tem treinamento algum, estão no mesmo nível de formação, por assim dizer.

Nos próximos filmes, acho que veremos Kylo dominar a Força e se dominar, se ele quer mesmo seguir os passos de seu avô. Mas o vilão Vader tinha motivos concretos para se juntar ao lado negro da Força (a vontade de Poder nele era grande…). Ao contrário de Kylo.

Essa, talvez, seja a grande sacada do filme.

Os motivos de Kylo parecem ser os mais pueris: além de idealizar um parente que nunca conheceu, quais seriam as motivações reais de Ren, o filho (único?) de Han e Leia?

Na última conversa com Han Solo, ele diz que se envergonha do pai… Mas isso não é motivo pra vilania, certo?

Kylo é um vilão humano, demasiado humano, por assim dizer, mesmo tentando imitar o avô “mecanizado” (se Vader deixou de ser humano ao introduzir em seu corpo dispositivos mecânicos que o ajudavam a sobreviver, Kylo imita a voz mecanizada e o gestual rígido sem sucesso; é evidente o desconforto do garoto ao caminhar, e a máscara --- bem como seu sabre --- são bem toscos). De certa forma, Kylo é, sim, um vilão ridículo… porque, talvez, não seja um vilão.

Muito já se falou e especulou. A verdade é que ninguém sabe muito bem qual vai ser o futuro de Kylo. Mas eu aposto que, um pouco à maneira do que aconteceu com Darth Vader, a gente acabe torcendo um pouquinho pro lado negro da Força.