30 de mar. de 2015

Tons da Galera: Fashion Faux-pas

Recentemente, a dupla responsável pela Dolce & Gabbana, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, ex-amantes e hoje apenas sócios, causou um verdadeiro escândalo ao declarar que “A vida tem o seu curso natural, há coisas que não devem ser alteradas. E uma delas é a família”, acrescentando que essa tal família deve ser composta de um pai e uma mãe, e não 2 pais gays. Não bastasse, ainda disseram que filhos de tais famílias são “bebês sintéticos”. Por que alguém na posição da dupla diria isso é um mistério, considerando que atenção não falta à marca, sempre elogiada por suas coleções, e já alvo dos tabloides em outros escândalos, incluindo um de sonegação fiscal há alguns anos. Mas foi o suficiente para causar rebuliço e forte reação de seus clientes famosos. O primeiro foi Elton John, que convocou um boicote aos produtos da marca pelo seu Instagram e jurou nunca mais usar nada da grife. Ricky Martin, Sharon Stone e até dona Madonna, garota propaganda e amiga fiel da dupla, se juntaram ao coro. Que feio, D & G!

No entanto, o mundinho fashion está cheio de escândalos, e, se nos basearmos nos do passado recente, a história ainda vai render muito pano para manga.

Outra marca que fez feio foi a Abercrombie & Fitch, quando vazaram comentários de seu CEO, Mike Jeffries, admitindo que a A&F só queria americanos brancos e “cool” usando suas roupas. O fato do tamanho G nas lojas corresponder a um PP de outras já invocara críticas cruéis, e aliado aos comentários infelizes de Jeffries, a marca perdeu MUITO mercado e dinheiro, e agora tenta mudar sua fama.

A Calvin Klein é outra que sempre apostou num bom e velho rebuliço para vender. De Brooke Shields ao 15 anos posando num anúncio com a frase “Não existe nada entre eu e meu jeans Calvin”, a Marky Mark de cueca num anúncio gigantesco em Times Square, talvez uma de suas campanhas mais controversas tenha sido as de seus perfumes e jeans da primeira metade dos anos 1990, quando usavam modelos esqueléticas cheias de olheiras, popularizando o então chamado look “heroin chic”.

Ano passado a espanhola Zara, já alvo de controvérsia quando descoberta por usar trabalho escravo em facções no meu, no seu, no nosso Brasil, deixou passar (como?), uma camisa que lembrava o uniforme dos judeus nos campos de concentração nazistas.

Karl Lagerfeld e sua língua afiada já foi também alvo de críticas ao chamar a cantora Adele de gorda, e afirmando que “ninguém quer ver mulheres curvilíneas numa passarela”. Ex-obeso ele próprio, Karl não se desculpou e ainda disse mais tarde que, como Adele perdeu oito quilos depois de sua direta, “acho que minha mensagem não lhe fez tão mal assim”.

Em 2011, John Galliano, na época à frente da Dior e gênio incontestável da moda, foi filmado fazendo comentários antissemitas num café de Paris, aparentemente bêbado. Com declarações como “Eu amo Hitler”, assim que o vídeo vazou Galliano foi demitido da Dior e perdeu sua própria marca homônima, retirando-se da vida pública e se internando numa clínica de reabilitação para vício em álcool e drogas. Apesar do apoio de amigas e clientes fieis, como Kate Moss e Naomi Campbell, Galliano ainda tenta voltar ao mundinho, mesmo sofrendo represálias e ameaças de boicote assim que algum veículo associa seu nome a uma nova empreitada.

Falando em Kate e Naomi, as duas também não são estranhas a um bom bafão. Naomi já foi diversas vezes acusada de agressão a mais de uma de suas assistentes pessoais, sua governanta, empregada, amiga e dois policiais (!). Atirar celulares na cabeça de pessoas parece ser seu modo operandi favorito, e, mesmo cumprindo ordens judiciais e frequentando aulas para controle de raiva, recentemente Naomi foi banida para sempre da companhia aérea British Airways por cuspir em funcionários após uma discussão.

Já Kate foi flagrada em 2005, quando namorava o cantor Pete Doherty, usando cocaína, o que a fez perder contratos milionários com H&M, Burberry e Chanel. Moss foi para rehab, deu a volta por cima, e voltou a ser top requisitada inclusive por essas mesmas marcas, e hoje mantém um relativo low profile em sua vida pessoal.

Outra linda top dos anos 1990, Karen Mulder, após internações em hospitais psiquiátricos e tentativas de suicídio, declarou ao vivo na TV francesa que, no início da carreira, ainda adolescente, foi estuprada por diversos nomes famosos como donos e executivos de sua agência, e até pelo príncipe Albert de Mônaco. Em 2009 Mulder foi mais uma vez hospitalizada por agredir seu cirurgião plástico, que a deixou irreconhecível.

Nesse tom, o fotógrafo cult Terry Richardson, por sua vez, foi acusado mais de uma vez por modelos iniciantes por comportar-se de forma sexualmente inapropriada nas suas sessões, e de assédio sexual em troca de promessas de tornar as new faces famosas.

Já a ex-editora da Vogue Francesa, Carine Roitfeld perdeu esse posto após supostamente enviar peças exclusivas, como uma jaqueta de milhares de dólares da Balmain, para seus amigos de fast fashion copiarem. As alegações nunca foram comprovadas, o fato é que Carine saiu da Vogue mas sua reputação não foi muito abalada.

Com isso tudo nas últimas três décadas, ou a moda se adequa a esses tempos politicamente corretos, ou continuamos assistindo. Passe a pipoca.


Em sentido horário, alguns dos bafônicos: D&G e a represália de Elton John no Instagram, screencap da gravação de Galliano, Naomi estilosa até cumprindo ordens judiciais, Karen Mulder (no meio) e seu antes e depois, o flagra de Kate Moss, Terry Richardson com uma modelo, e campanha heroin chic da Calvin Klein.

20 de mar. de 2015

Papos de sexta: Dia do Blogueiro



Eu blogo, tu blogas, ele bloga, TODOS BLOGAMOS! Hoje, 20 de março, é comemorado o Dia do Blogueiro! *Frini joga confetes metalizados para o ar*

O termo “blogueiro” tem um significado que é mais ou menos assim: aquele que mantém um blog e que, por meio deste canal de comunicação, transmite suas opiniões. Mas embora seja bem preto no branco, o termo “blogueiro” também tem suas conotações positivas e outras nem tanto.

Levando para o lado positivo e para o meio literário, somos confundidos com web celebridades porque ganhamos livros de graça para resenhar, brindes para sortear e somos convidados para eventos bacanas sem pagar. Olha que bacana ser blogueiro, hein! Já na parte negativa, tudo dito acima é descascado e transformado em oportunismo. “Ah, ela é blogueira. Não faz nada da vida e lê o dia inteiro”.

Eu não sei quanto a vocês, mas os blogueiros que conheço não ficam em casa só lendo. E eu, muito menos!

Vamos encarar os fatos: nunca, na história da humanidade, o conhecimento esteve tanto ao nosso alcance como está hoje. Na palma da nossa mão, temos acesso a um mundo de conhecimento e pontos de vista e não precisamos ter medo de expressar nossas opiniões. E isso é LINDO! Mas ao mesmo tempo, é muito fácil ser soterrado em um monte de acessos e likes e links que falam, falam e não dizem nada. E pronto, a pessoa é blogueira.

NÃO!

Por favor, não vamos ver o blog como um instrumento de oportunismo seja ele literário, de moda, cinema ou qualquer outro assunto e/ou segmento. Vamos usar o blog como ele deve ser usado, transmitindo nossos argumentos, nossas conexões, nossos sentimentos, nossa atitude perante o mundo.

Gandhi disse “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Eu realmente acredito que, se nós pesquisarmos um pouco mais antes de escrever cada texto, valorizarmos mais o trabalho do autor antes de resenhar, e pensarmos um pouco mais fora dos limites do nosso blog, da nossa casa, do nosso mundo, poderemos realizar essa mudança - um post de cada vez.

Somos formadores de opinião e precisamos ter noção dessa responsabilidade e agir de acordo.

Feliz Dia do Blogueiro para todos nós, sejamos postadores ou leitores. Por um mundo mais informado e feliz!


19 de mar. de 2015

Galera entre letras: Era uma vez... em imagens.

Volta e meia eu falo de contos de fadas e acho que sempre tem coisas interessantes pra falar sobre eles. E hoje eu queria compartilhar com vocês um achado e falar rapidamente sobre as ilustrações dos contos de fadas.

Todos os dias, eu dedico algum tempo (em geral, assim que ligo o computador) a pesquisar temas com os quais eu trabalho (contos de fadas, literatura YA, histórias de terror, curiosidades etc.) e, dia desses achei, por acaso, o link pra uma exposição virtual bem interessante, organizada pela biblioteca da Universidade de Tulane (nos Estados Unidos) e por uma disciplina da faculdade de letras germânicas e eslavas:

Once Upon a Canvas: Exploring Fairy Tale Illustrations from 1870-1942
[Era uma Vez na Tela de Pintura: Explorando as Ilustrações de Contos de Fadas, de 1870-1942]
(O link pra exposição está aqui!)



Bastou ler o título da exposição e eu já fiquei interessada! E não me decepcionei.

Ainda que não seja uma lista completa de ilustradores, a relação dos artistas é abrangente: tem homens e mulheres (em menor quantidade, infelizmente, mas é bom saber que elas foram lembradas e que eram ativas na época, fins do século XIX e início do XX!), artistas norte-americanos e europeus (ok, faltam artistas dos outros continentes, mas essa ausência serve até como um incentivo pra pesquisar os outros, não?). E lembra a importância dos contos de fadas e a importância da imagem para o texto (na verdade, é uma relação em que imagens e palavras têm um peso muito grande); é difícil, depois que a gente identifica os ilustradores, não lembrar das imagens do BARBA AZUL, de Walter Crane, ou da CHAPEUZINHO VERMELHO, do Gustave Doré.

E o interessante da exposição é ver a variedade de traços e cores usados, além das possibilidades de representação visual de cada história (nas próximas colunas, eu vou falar um pouco mais justamente desses dois contos e de suas ilustrações).

Até lá, fica a sugestão pra vocês verem as ilustrações incríveis da exposição (o site está em inglês, mas não precisa saber o idioma pra ver as imagens).




Boa diversão e até a próxima!  

16 de mar. de 2015

Tons da Galera: Resumão Fashion Weeks da Europa e Senai Giro Moda

Semana passada, horas depois de terminada a Semana de Moda de Paris (a última, depois de Londres e Milão), aconteceu no Rio de Janeiro o evento Giro Senai confirmando as tendências para o próximo verão (já vistas nas ruas lá fora, naquele tradicional festival de quem-aparece-mais antes e depois de cada desfile), e prevendo as de inverno (para a gente, só o de 2016) nas passarelas.

Para o próximo verão, muita coisa continua em alta (bom para nosso momento de crise), como já havia falado no último post sobre a Semana de Moda de NY: Inspiração anos 1970 (com camurça sim, mas um tipo bem levinho), estilo boho, branco total, guipires e rendas.

Para o inverno, a trend 70s continua nas cores e em detalhes como franjas, muitas franjas. Saias de cintura alta em formato evasê disputaram espaço com coletes compridos e capas sem manga, joias costuradas a roupas, muito ilhós em tamanhos pequenos e grandes, broches, fendas assimétricas, detalhes em pele (fake, please) nas golas e punhos dos casacos e acessórios, calça flare ou largas de comprimento midi.

Algumas grifes ousaram em golas estilo barroco, como Giambatista Valli e Alexander McQueen, com direito a  muito brocado e detalhe. A Dolce & Gabbana também apareceu muito na mídia com seu fone de ouvido totalmente barroco. O estilo andrógino, batizado de gentlewoman pelo mundinho, também deu as caras. Já as  cores mais vistas foram o caramelo, o doce de leite, marrom, vinho, laranja queimado, amarelo ouro, verdes oliva e militar, além do branco, é claro. Textura e estampas astrológicas e celestiais também foram vistas nesse inverno que teve coleções clean e outras muito detalhadas convivendo em paz, e com ao menos uma coisa em comum: muita elegância. Viva!

Golas e headphone barroco, fendas e temas interestelares, tons terrosos, coletes e paletós compridos sem manga, calças midi, total White e franjas, broches e detalhes em pele: um pouco do que se viu.

13 de mar. de 2015

Papos de sexta: Maria vai com as letras


Tenho pensado no quanto sou influenciada pelos livros. Fiquei viciada em slam poetry, assistindo vários vídeos no YouTube, depois de Métrica. Quis praticar roller derbymas tive que me contentar em patinar na cicloviapor causa de Derby Girl. E ainda penso em ter aulas de defesa pessoal, motivada pelos acontecimentos de Easy.

Ando cobiçando os carros dos personagens os donos dos carros também! rs de Os Garotos Corvos e estou obcecada por tarô desde que li os livros, ao ponto de trocar mensagens com a autora e surtar ao descobrir que temos o mesmo baralho!

E melhor nem comentar a fase em que acreditei ser uma vampira eu era criança e meus caninos cresceram antes da hora, tá? Ou quando fantasiei que era uma Caçadora de Sombras e já estava bem crescidinha ;)

Não vejo isso como falta de personalidade; está mais para curiosidade inata, imaginação fértil e vontade de aprender coisas novas. Mas se isso faz de mim uma Maria vai com as letras, tudo bem.


Mudar faz parte da vida, e eu me transformo a cada página virada. E vocês, também são influenciados pelos livros? 

12 de mar. de 2015

Design et cetera: #somostodascelaena

Oi, gente, tudo bem? Resolvi deixar de lado um pouco o design para falar de outro assunto na coluna de hoje. Como vocês podem imaginar, eu leio muitos livros aqui na Galera. Livros de aventura, romance, fantasia, livros com protagonistas masculinos, femininos, gays... Livros de todos os tipos.

Alguns marcam a gente mais do que outros e de uns tempos para cá ando obcecada com a série Trono de Vidro, da Sarah J. Maas. Para quem não conhece, é uma história de fantasia que conta a saga de Celaena Sardothien, uma assassina condenada ao trabalho escravo. Celaena acha que passará sua vida inteira presa trabalhando nas minas de sal, quando recebe uma proposta do rei: tornar-se assassina pessoal dele em troca de sua liberdade. Mas ela tem sua agenda própria e decide usar essa oportunidade para colocar seus planos em ação. É uma trama envolvente e uma leitura divertida, mas não é por isso que decidi falar desse livro hoje.

Eu nunca li nada como Trono de vidro e nunca conheci um personagem como a Celaena. Ela é uma assassina, tem seu próprio código de ética. Ela luta de igual para igual com homens e mulheres. Ela é frágil, claro, como todos somos em algum momento. Mas ao contrário de quase todas as outras personagens femininas, a saga de Celaena não acaba com ela se apaixonando pelo homem ideal.

Não. Celaena se apaixona diversas vezes, mas isso de nada tem a ver com sua luta. Celaena não precisa da proteção do homem amado, pelo contrário, ela é quem o protege com unhas e dentes e lâminas afiadas. Afinal, se envolver com uma assassina desse tipo é extremamente perigoso para qualquer homem.

Quando, no meio da trama, aparece uma bela princesa estrangeira no reino, Celaena não a vê como rival. As duas forjam uma amizade sincera e lutam juntas contra inimigos comuns.

Parece algo muito trivial, né? Por que isso nos surpreende tanto? Talvez porque todos os outros contos com os quais crescemos mostravam mulheres frágeis, batalhando entre si pelo amor e a proteção de algum príncipe aleatório que chegava no final para dar um beijo e resolver tudo.

A Cinderella tem que vencer a madrasta e as filhas dela. A Branca de Neve precisa escapar da bruxa má. A Bela Adormecida, coitada, está lá paralisada por outra bruxa invejosa, esperando desencalhar. Enquanto isso, Celaena vai atrás do seu próprio destino, se desaponta, se machuca, chora, é vencida e humilhada. E se levanta, se recompõe, se reinventa, se vinga e depois de fazer tudo isso, compra o vestido mais luxuoso que existe e vai para o baile como a diva que é.

Deve ser por isso que todo mundo que lê vira fã. Desde a priminha de 15 anos da minha amiga até a copeira de 60 anos aqui da Record. Somos todas Celaena.

2 de mar. de 2015

Tons da Galera : NYFW2015


Como sempre, Nova York deu a largada nas temporadas de semanas de moda mundiais.

O que se viu: Basicamente, no próximo inverno muito do que já está em alta continuará nas vitrines: os anos 1970, de tons terracota e alaranjados, e as franjas, também tudo a ver com a época.
Os tons pasteis ainda apareceram muito em detalhes, assim como o branco, agora já podendo ser considerado um clássico de inverno tanto quanto o preto. A tendência esporte também vai continuar, já antecipada por Alexander Wang para H&M há alguns meses.


Opening Ceremony


Jaquetas de gola alta, gola rulê, calças bocas de sino, cachecóis e fendas vertiginosas ou cortes assimétricos são a novidade.
No geral, a semana foi muito elegante e correta (exceto pelo excessivo uso de peles, infelizmente nem todas falsas), até na beleza, onde o rabo de cavalo baixo foi destaque e a maquiagem discreta.

Prabal Gurung

Próximas paradas: Londres, Paris e Milão ;) Até lá!