22 de abr. de 2016

Papos de sexta: Despedida temporária

O livro está chegando ao fim. Faltam poucas páginas para concluir a história e, ao virar cada uma, sinto uma mescla de realização e tristeza: a primeira vem com o fato de finalizar mais uma aventura e a segunda traz a vontade de que não acabasse nunca. É assim que me sinto agora, pois esse é meu último post aqui no Blog da Galera Record.

No final do mês, a “última página” do Blog será “virada”. A editora vai continuar firme e forte no site e nas redes sociais e trará novidades em breve. Mas o ciclo do Blog da Galera está chegando ao fim.

Já que é o meu último post, pensei em citar algumas ideias para deixar para reflexão. Elas surgiram aos poucos, depois de ler muitos posts por aqui, muitos comentários. Montei cinco, uma para homenagear cada ano que escrevi aqui! 

1)  Nunca deixe de ler algum livro por causa da opinião alheia. Se você quer ler alguma coisa, leia. Ponto final. Não importa se é de um gênero mais “jovem”, se é “hot”, se é considerado “bobo”. Sua opinião literária não interessa a ninguém e ninguém tem o direito de te manter longe das páginas que você quer devorar. 

2) Personagens fictícios são reais! Se eles nos fazem chorar quando sofrem, sorrir quando estão felizes, nosso coração bater mais rápido ao se beijarem e acabamos por reler tudo várias vezes, eles são reais. Às vezes, são eles que nos ajudam a ter coragem para enfrentar nossos problemas. Muitas vezes são eles que nos mantém companhia quando, mesmo no meio de muita gente, nos sentimos só. Então tome conta dos seus favoritos, mas não seja ciumenta!  

3) Livros de autoajuda? Todo livro ajuda! Às vezes, sentimos tanto que não conseguimos expressar. Às vezes, tudo dói por dentro, mas ninguém entende. Tudo bem não estarmos bem. Nessas horas, uma boa opção é se isolar com o seu livro preferido e deixar aquelas linhas fluírem. Leia algumas em voz alta e deixa o ressoar da sua voz ajudar a relaxar os seus ombros, a tranquilizar sua respiração. Você consegue fazer o que quiser, mas às vezes precisa se lembrar disso. Abrace seu livro, lembre-se e conquiste o que você quiser. 

4) Mudar de opinião faz parte de crescer! Somos seres vivos e em constante aprimoramento e isso é lindo e necessário. É normal mudarmos de opinião não somente sobre literatura, mas sobre muita coisa. O legal é ver pelo ponto de vista de outra pessoa, ter empatia, entender mesmo que não concorde, ser tolerante. O que seria do mundo se todos nós gostássemos de um único tipo de livro, não é mesmo? Imagina como seria chato! Então vamos dar uma segunda chance para aquele livro que deixamos pela metade ou que não acreditamos muito na primeira leitura. Vamos refletir um pouco mais sobre cada página, cada assunto, cada momento decisivo. Crescer não dói. Ficar plantado em um único lugar, sim. 

5) Você é o protagonista da sua vida! Não importa se a rede social do Fulano tem mais viagens ou se o Instagram da Ciclana tem fotos dela de corpão. Você é a protagonista da sua vida, não é o Fulano nem a Ciclana! Então viva da melhor forma possível e seja feliz. A vida é tão sensacional quanto curta. Embarque nessa reviravolta de trama e faça de cada dia um capítulo digno de ser relido!

Muitos abraços e beijos para a equipe da Galera Record, que me aturou por aqui por cinco anos! Nossa, vocês são meus heróis! E obrigada a você, leitor, que embarcou comigo, com todos nós nesse blog. Escrevi muito por aqui, li também e aprendi demais! Trocar ideias e opiniões com vocês sobre tantos temas foi incrível e vou sentir muitas saudades. Continuarei a postar nas redes sociais e no meu blog e foi por isso o “temporária” no título desse post. Conto com a visita e a opinião de vocês por lá, hein!


Digo sempre que o que os livros juntam, nada separa e esse é o caso aqui. Obrigada por lerem! 

Vamos partir para a próxima aventura! 


15 de abr. de 2016

Papos de sexta: Manda bala!

Quem acompanha meus posts deve ter percebido que a procrastinação é uma velha conhecida minha, e de mãos dadas com ela está a dificuldade de concentração. Na esperança de driblar as duas, eu vivo buscando novas ferramentas de produtividade, e testei muitos aplicativos com essa finalidade. Mas a dupla papel+caneta continua imbatível para mim!

Minha nova mania é o Bullet Journal, uma mistura de agenda, calendário, lista de tarefas, caderno de rabiscos, e mais o que você quiser! O termo bullet refere-se àquele marcador que precede um item da lista de tarefas, mas também denota agilidade, e journal significa registro diário.

Portanto, o Bullet Journal é um sistema de registro rápido de informações. Foi desenvolvido pelo designer Ryder Carroll para ser customizável, e essa flexibilidade é a maior diferença entre o BuJo e uma agenda. Sua estrutura é modular e está dividida em: Key, Index, Future Log, Monthly Log e Daily Log.


A seção Key é uma legenda do seu caderno. Ryder sugere usar um ponto (•) para identificar as tarefas, um círculo (o) para os eventos e um traço (-) para outras anotações. Você também deve identificar o status das tarefas e eventos. Ele sugere um (x) para o que foi concluído, uma seta para direita (>) para o que foi migrado e uma seta para esquerda (<) para o que foi agendado em uma data específica. E basta riscar o que foi cancelado. Ryder ainda sugere identificar as prioridades com (*), as inspirações com (!) e os itens a pesquisar com o desenho de um olho — mas eu raramente uso os dois últimos. Vocês vão perceber que eu fiz algumas adaptações no método! rs


No Index, ou índice, você lista os tópicos do seu BuJo e as respectivas páginas (ou intervalos de páginas) onde eles se encontram. No caso de tópicos recorrentes, basta indexá-los assim: "nome do tópico: 5-10, 23, 34-39, etc”. Eu não numero todas as páginas do caderno antecipadamente e prefiro fazer isso a cada dia, para não esquecer de anotar no índice ;)

Em seu Future Log, ou registro futuro, você escreve os principais eventos ou tarefas para os próximos três, seis ou doze meses (de acordo com suas necessidades). Existem várias maneiras de se fazer isso, a minha favorita é o Calendex (o método está explicado no site oficial).

Monthly Log é o seu registro mensal e consiste em calendário mais lista de tarefas do mês. Você pode escrever os dias do mês verticalmente em uma página, mas eu prefiro desenhar um calendário tradicional (novamente, escolha o que funciona melhor pra você). O calendário serve de referência para o mês, o mais importante é a lista que deve incluir as tarefas migradas de outros meses.


Daily Log é o seu registro diário e serve para organizar o dia-a-dia. Você escreve a data, lista suas tarefas e eventos, faz anotações ao longo do dia etc. Depois, basta pular uma linha e fazer o mesmo no dia seguinte, sem desperdício de papel.

Ao final de cada dia, semana e mês, dê uma olhada nos logs anteriores, analise as tarefas que não foram concluídas, migre as que continuam relevantes e risque do caderno as que perderam importância. Migre também as tarefas e eventos do Future Log para o mês correspondente.

O Bullet Journal pode parecer trabalhoso, mas segundo Ryder Carroll isso é intencional. O processo de reescrever os ítens, de pausar e considerar cada um deles, é fundamental para o sucesso do método. Você toma consciência dos seus padrões e hábitos, e destila o que realmente vale seu tempo e esforço.


Ainda é cedo para dizer se estou mais organizada e eficiente, mas o BuJo também está servindo para eu treinar a caligrafia e exercitar minha criatividade. Quem ficou interessado, dá uma passada no site oficial para maiores informações (está em inglês, mas o vídeo e as fotos ajudam bastante). Vale também se inspirar no Instagram e Pinterest. E podem postar dúvidas nos comentários, que eu tentarei esclarecer :)

14 de abr. de 2016

Galera entre Letras: O Meu Autor Favorito, Esse Desconhecido

Não sei se essa situação já aconteceu com vocês: vocês adoram um livro que pouca gente — ou ninguém — conhece.

Bom, isso volta e meia acontece comigo e pelos mais variados motivos. Primeiro, porque eu leio em outros idiomas, além do inglês. Depois, porque eu gosto de vários gêneros literários e nem sempre quem convive comigo gosta ou conhece esses gêneros. Mas, em geral, isso acontece porque o mercado editorial em todos os idiomas é bastante grande e, como eu já comentei aqui com vocês, nem sempre os livros que saem no exterior são publicados aqui no Brasil.

E também já aconteceu, claro, de receber boas dicas de amigos sobre autores que eu não conhecia! Não dá pra saber de tudo o tempo todo! rs

Hoje eu quero falar de dois autores dos quais eu gosto muito, que foram premiados no exterior, mas que pouca gente conhece: Frances Hardinge e César Mallorquí. Uma autora inglesa e um autor espanhol que já receberam muitos prêmios por seus livros e que fogem um pouco ao tipo de livros com os quais estamos acostumados. Pra falar deles, escolhi o meu livro favorito de cada um. E, por coincidência, os dois foram publicados há alguns anos, em 2012!

Pra quem tem facilidade com idiomas, as primeiras páginas do livro do César Mallorquí estão disponíveis no site da editora que o publicou na Espanha (seu idioma original), aqui.

O livro do César se chama “La Isla de Bowen [A Ilha de Bowen]”. Eu adoro livros de aventura que se passam em alto-mar e “La Isla...” além de ser um livro de aventuras, também é um livro policial! A melhor maneira de descrevê-lo é como um mash-up entre “A Ilha do Tesouro” — um clássico dos livros de aventuras em alto-mar! —, “A Liga dos Cavalheiros Extraordinários” e as aventuras de Sherlock Holmes. E no livro tem um personagem que homenageia um autor famoso, que também é homenageado em “A Liga...”! A história se passa no início do século XX e traz vários detalhes interessantes sobre as expedições exploratórias aos círculos polares — a ilha de Bowen do título fica bem além do Círculo Polar Ártico —, além de um mistério de arrepiar os cabelos.


“A Face Like Glass [Rosto de Vidro, numa tradução bem livre]”, da Frances Hardinge, é um dos livros YA mais bonitos que já li! A história se passa numa cidade subterrânea conhecida como “Caverna” e a população de lá não sabe demonstrar emoções. Seus rostos não têm vida e qualquer emoção ou lembrança é apagada de suas mentes por meio de vários artifícios. Pra aprender a demonstrar as emoções, é preciso pagar caro (literalmente!). Até que Neverfell, uma garotinha sem memória, aparece na cidade e se torna uma ameaça à sua aparente ordem — Neverfell demonstra o tempo todo o que sente em seu rosto.

O livro questiona o fato de nos basearmos nas aparências e o quanto as nossas emoções são reprimidas em consequência disso.


Pra quem quer conhecer esses dois autores, acho que “La Isla...” e “A Face Like Glass” são uma bela introdução, e podem ser encomendados nas livrarias mais conhecidas.

E vocês? Têm alguma dica de livro que pouca gente conhece?

1 de abr. de 2016

PAPOS DE SEXTA: O FINAL DECEPCIONANTE

Certamente já aconteceu com você. Se o livro é parte de uma série então, isso faz com que as chances de ver seu personagem favorito indo para caminhos que você não escolheu sejam ainda maiores. E como assim aquele autor se sente no direito de mudar o rumo de uma história que ele já havia definido?
Afinal de contas quem é o “dono” daquela história? O autor, que criou o personagem, que nos fez gostar dele e nos envolveu em toda aquela atmosfera, ou nós leitores, que nos apegamos, e por isso temos a expectativa de que ele siga o que — em nossa cabeça — seria um final feliz? A resposta para mim parece clara: a história é do autor, e quem define o rumo que ela toma é ele.
Sei que dói, que causa desgaste na relação com o leitor, quando o final escolhido não é nem de longe o que a gente sonhou para aquele protagonista que já parece um amigo íntimo depois de mais de 10 livros.
Meg Cabot é uma de minhas autoras favoritas, e foi com ela minha primeira decepção literária séria. Em 2009 quando ela veio ao Brasil, escolhi autografar Rainha da Fofoca, livro pelo qual sou apaixonada. Mas, então, veio a continuação. E gente, eu tinha muita vontade de ligar para ela e perguntar onde ela estava com a cabeça quando fez aquilo com a protagonista. Que rumo foi aquele? Eu fiquei cerca de trinta minutos, após finalizar a leitura, olhando para o nada, pensando em como ela podia ter feito aquilo comigo. Na minha cabeça de fã, achei melhor esquecer que li a continuação e inventei que só existia o primeiro volume da série, só pra mim.
Doida? Um pouco. Só quem ama ler e se apega aos personagens sabe do que estou falando. É uma relação intensa que não consigo entender, por mais insano que pareça a autora não ter ouvido seus leitores...
Claro que isso passa logo, já que quando volto ao meu estado normal sei muito bem que a história me é emprestada. Por mais que releia o livro, ele não é meu, ele é do autor, e ele gentilmente, e felizmente, dividiu seus personagens comigo!
Certa vez vi que Cassandra Clare falou em uma entrevista sobre o como tinha receio do que os fãs de seus livros iam achar dos finais que ela escrevia. Sabendo da idolatria por seus personagens, ela reservou-se o direito de escrever e parar de ler o que postavam para ela nas redes sociais.
Claro que para tudo há um limite, não podemos confundir realidade com ficção, por mais que a tentação seja grande.
Cabe a nós aprender a aceitar os finais escritos pelos autores, e para quem não se conforma, há sempre a opção da fanfic. Com ela, seu personagem favorito forma casal com quem você deseja e o final é você quem faz.
 Viu? Sempre há uma saída para finais decepcionantes.

24 de mar. de 2016

PAPOS DE QUINTA: FEMINISMO, FAÇA A SUA PARTE




“Existe um lugar especial no Inferno para mulheres que não ajudam outras mulheres”. Essa frase foi dita pela política americana Madeleine Albright, a primeira mulher a ser nomeada Secretária de Estado dos EUA. Eu concordo demais com essa afirmação, mas o que me dói não é o fato de saber que, infelizmente, sou minoria. É o fato de que demorei para me dar conta disso.

Hoje posso afirmar que sou uma feminista. Sou uma executiva (sim, gente! Para quem não sabe, sou Gerente de Comunicação Interna em um grupo empresarial gigante no Brasil), sou casada com um homem que amo muito e tenho muitos planos para minha vida pessoal e profissional. Sou filha única e cresci envolvida com minha família, formada por membros de personalidade forte. O resultado é que não sou dessas que ouve uma gracinha e não reage. Eu não levo desaforo para casa! Desde pequena sou assim. Tentaram praticar bullying comigo no Ensino Médio, mas resolvi a situação com a Diretoria e a menina (era uma meninA!) foi punida. Já sofri leves assédios morais e sexuais no ambiente de trabalho, mas sempre me defendi de todos, sem ferir minha posição nas empresas que trabalhei. E nunca, em momento algum, me culpei pela situação.

Por tudo isso que citei, não entrava na minha cabeça mulheres que aceitavam caladas situações que as deixavam incomodadas. Na minha concepção era tão simples resolver! Bastava dizer que não queria e pronto, vida que segue. Mas ao crescer, fui me dando conta que não somos todas iguais. Que, às vezes, mulheres sofrem sozinhas porque não encontram empatia em outras mulheres. E isso sim é um absurdo.



Quando pensei em escrever essa coluna, a primeira coisa que veio a cabeça foi “não estou preparada para isso. Preciso ler mais sobre o assunto, estudar mais, refletir”. Mas entendi que escrever agora, no meio da minha pesquisa, da minha busca por mais informação sobre o feminismo, era exatamente o que eu tinha que fazer.

Sou feminista porque acredito na igualdade de direitos para homens e mulheres. Sou feminista porque acredito que mulheres devem ir e vir de onde e para onde quiserem, usando o que quiserem e se sentirem seguras. Ninguém vive bem sentindo medo o tempo todo e sim, nós mulheres sentimos medo o tempo todo. O problema é que é tão marcado na nossa raiz que é considerado comum, normal, faz parte de ser mulher. Mas não pode ser assim!

No início deste texto, disse que já sofri alguns leves assédios morais e sexuais no trabalho. Por que, em nome de Nossa Senhora, eu achei isso normal? Por que eu achei que “fazia parte do ambiente de trabalho” passar por isso? Embora saiba e tenha me defendido, não invalida o fato de que não deveria ter acontecido! E isso é o que quero dizer quando falo que estou me descobrindo feminista agora. Se defender do assédio – seja ele qual for – não é a questão. A questão é que ele não deveria ser cometido, ser aceito como prática normal!

Mulheres são incríveis, complexas, difíceis. Não somos melhores nem piores do que homens, somos diferentes e essa diferença precisa ser respeitada e não depreciada, penalizada.



Sou feminista sim, mas estou aprendendo a ser. No momento, estou buscando livros sobre o tema para ler (entre eles, o Vamos juntas?, da Babi Souza), relendo alguns e entrando em contato com amigas para tomar um café e entender outros pontos de vista sobre o tema.  Falar sobre feminismo nunca será o suficiente e sempre terão diversos aspectos a serem considerados, o que mostra a importância do assunto. Mas que tal começar cada um na sua casa, debatendo sobre conteúdo não sobre cascas? Vamos fazer a nossa parte?

Obs: E na literatura? Como fica o feminismo? A Rafaella Machado mandou muito bem no post sobre isso aqui. Dá uma lida e vemos refletir!
Design et-cetera: Trono de Vidro

17 de mar. de 2016

Design et cetera: 4 livros feministas da Galera e por que lê-los

Meu post hoje vai pegar carona no Dia Internacional da Mulher e deixar de lado um pouco o design pra falar de feminismo. Ainda tem MUITA gente que não entende direito o que é feminismo e desconhece a necessidade das mulheres de lutarem pelos direitos iguais e pelo empoderamento.

Às vezes, entre uma cantada e outra na rua, ou sempre que vejo uma menina chamando outra de vários nomes feios, brigando e julgando umas às outras, me dá uma preguiça enorme de lutar por algo que, infelizmente, ainda falta muito para ser vencido. O que fazer nessas horas, gente?

Simples. Leia um livro. Feminista. E indique para uma amiga.

Aos poucos, uma empresta à outra e, com a ajuda de autoras poderosas e personagens femininas fortes, o mundo vai mudar.

Minha primeira dica do dia é:




Vamos juntas? da Babi Souza

POR QUE LER?

Recém chegado da gráfica e ilustrado e LINDO, o livro é um guia sobre sororidade, que é a BASE do feminismo. Incentiva a gente, enquanto mulher, a apoiar umas às outras, sem essa de competição, de julgar a vida sexual, o corpo, a vida afetiva das migas. Se a gente quer acabar de uma vez por todas com o desrespeito e a misoginia, o primeiro passo é estarmos unidas, né?


Olympe de Gouges

POR QUE LER?

Além de ser uma graphic novel com ilustrações incríveis, o livro conta a história verídica da  escritora, autora de peças de teatro,  jornalista, revolucionária e feminista que viveu durante a Revolução Francesa. Pra você ver que o feminismo não nasceu ontem e devemos muitos dos nossos direitos às mulheres corajosas do passado. Se é difícil hoje, imagina na época delas.


Série: Era outra vez

POR QUE LER?

Imagina a história da Cinderella recontada, só que em vez de brigar com as irmãs pelo amor do príncipe, ela se unisse a elas para virar empreendedora? Afinal, o príncipe é meio banana e Cinderella não quer viver de faxina, nem na casa da madrasta e nem no palácio real, não é mesmo?


Corte de espinhos e rosas

POR QUE LER?

Imagina um conto de fadas incrível, romântico, cheio de mitologias belas em que o CARA está em apuros e a donzela, nada frágil, enfrenta seus piores medos para conquistar seu boy de volta. Agora imagina que a autora de Trono de Vidro, a deusa da Sarah J. Maas, é que escreveu? Não precisa mais imaginar, só ir na livraria que o livro existe e é lindo e incrível e ok, parei.

E lembre-se, meninas: somos todas divas!



16 de mar. de 2016

Galera Pop: American Crime Story


Ryan Murphy é nosso conhecido desde a época de Glee. Depois veio American Horror Story, The New Normal e Scream Queens. Então, claro, quando fiquei sabendo que ele produziria American Crime Story já me interessei. Afinal, as séries dele não costumam decepcionar.

American Crime Story segue o estilo antológico de American Horror Story, cada temporada apresenta uma história diferente. Nesse caso tendo como foco um crime famoso acontecido nos Estados Unidos. A primeira temporada, The People v. O.J. Simpson, vamos acompanhar os bastidores do julgamento de O.J. Simpson.


O.J. é um ex-jogador de futebol americano acusado de matar sua ex-mulher Nicole. A história se inicia logo após o crime e gira em torno do julgamento. O julgamento acontecido em 1994 foi transmitido pela TV, coberto exaustivamente pela imprensa e causou furor nos EUA, considerando que o acusado era uma figura muito famosa e querida pelo público. Li em alguns lugares que é considerado o “Julgamento do Século”... então tá.


Se você, como eu, é um pouco entendido da vida das celebridades o nome de O.J. Simpson vai parecer familiar. O ex-jogador foi defendido por Robert Kardashian, grande amigo dele e pai do clã Kardashian. Sim! Kim, Khloé, Kourtney e Rob são filhos de Robert que foi casado com Kris Jenner e faleceu em 2003. Até então ele não era “famoso”, o nome Kardashian ficou conhecido durante o julgamento. No início do terceiro episódio tem uma cena bem engraçadinha com Robert dando uma lição para os filhos que estão ficando impressionados com a repentina fama do papai “Vocês me conhecem e o que tento ensinar a vocês. Somos Kardashians. E nessa família, ser uma boa pessoa e um amigo leal é mais importante que fama. Fama é passageira. É vazia. Não significa nada sem um coração virtuoso.” Não preciso dizer que eles não absorveram bem o recado.


No elenco temos muitas carinhas conhecidas. Cuba Gooding Jr interpreta O.J. Simpson, John Travolta, que dispensa apresentações, é Robert Shapiro, um dos advogados de O.J., David Schwimmer, o Ross de Friends - saudades! Ele não faz muita tv e nem cinema, focou mais no teatro -, faz Robert Kardashian, amigo e advogado do acusado. Além de Sarah Paulson (American Horror Story) como a promotora Marcia Clark, Selma Blair no papel de Kris Jenner e participação de Connie Britton (Nashville) como Faye Resnick.


Mal comecei a assistir e fiquei grudada. Gosto de série assim, que já gruda na nossa cabeça e nem dá chance para desistir.  

Xoxo

14 de mar. de 2016

Tons da Galera: As últimas de Paris

Num piscar de olhos a temporada de prêmios passou e as dos desfiles internacionais para o inverno 2016 (para nós, 2017) já está — pasme — acabando, em Paris. Num mundo de tanta informação em tempo real fica difícil acompanhar tudo, mas podemos tentar colocar em foco algumas das principais trends vistas nas passarelas francesas que poderão funcionar bem aqui no Hemisfério Sul. Vamos lá?

Apostaram na tendência cozy, ou só aconchegante mesmo, grifes como Stella MacCartney e Chanel, com vestidos de moletom ou lã cinza e grandes ilhoses (outra febre que havia chegado com o boom dos anos 1970 e ficou). Curiosamente, as duas grifes também destacaram o matelassê, confortável e fofinho que só ele. Stella nas saias, Chanel na roupa e até na maquiagem dos desfiles, homenageando o famoso padrão de sua bolsa mais clássica.


Conforto é bom e a gente sempre quer: Stella McCartney cok matelassê, Chanel com matelassê, Chanel com lã e ilhós, Vivienne Westwood versão cozy.

Pra gente não sentir que investiu no comeback dos anos 1990 à toa, Nina Ricci continuou apostando na década do grunge e nos vestidos tipo camisola com transparências e pegada Courtney-Love-meets-Kate-Moss. Muitas marcas apostaram também no veludo como H&M com veludo molhado misturado às tais transparências e roupas e acessórios de cobra.


Inverno rock: Nina Ricci, Saint Laurent de um ombro só, Saint Laurent de ombros que valem por mil, H&M de cobra.

Ainda com a trilha sonora rock’n’roll, Saint Laurent continua insistindo no estilo e abusou do destaque nos ombros: nus ou exageradíssimos. Isabel Marant também levou blusas de lamê um ombro só e laçarote totalmente anos 1980 para sua passarela, e Balmain foi mais uma que apostou nos exagerados. Os ombros, aliás, continuam com tudo: tops puxados para baixo os revelando também foram aposta do novo designer à frente da Balenciaga, Demna Gsavalia, e da Dior. Ombros de fora, bom para a gente, que experimenta um friozinho pero no mucho e adora um toque de sensualidade!


Ombros para que te quero: puxados para baixo por Dior e Balenciaga, nus e exagerados na Balmain.


26 de fev. de 2016

Papos de Sexta: O Meu Indicado do Oscar



Lembro bem como foi. Era horário de almoço, vários problemas esperando solução no trabalho, e eu resolvi sair uns 10 minutos antes para almoçar. 2012, mas não lembro o mês exato. Passando pela famosa Cinelândia — centro do Rio — rolava a feirinha de livros que acontece ali de tempos em tempos. Parei na minha barraca preferida, onde conhecia todos: a da Record. Entre centenas de livros superbaratos — coisa de 5 a 10 reais — eu o vi, peguei, li a sinopse e uma senhora do meu lado disse para eu levar que eu iria amar. Foi o que fiz. Na volta para casa naquele mesmo dia, o metrô demorando, a plataforma cheia, sentei no banco para aguardar um trem mais vazio, e então, com o livro ali, eu o abri. Comecei a ler e acho que cheguei pelo menos na página 50, quando me dei conta de que o trem não estava mais cheio e de que eu poderia ter embarcado. Na verdade, minha viagem tinha iniciado fora do vagão, Emma Donaghue, uma até então desconhecida autora me tocou na primeira página, eu precisar terminar aquele livro, o que de fato era o tal do Quarto? O que era a vida de Jack e de sua mãe?

Terminei o livro horas depois, de madrugada, postei em todas as redes sociais o quanto estava encantada, como uma criança protagonista de uma história, ao mesmo tempo tão forte e tão ingênua, tanto da parte da mãe quanto da do menino, me ganhara. Sempre que podia, recomendava o livro, mas poucas pessoas o tinham lido, pelo menos as que eu conhecia. Optei por conversar com pessoas no blog e com outros que tinham feito a resenha no Skoob, e vi o quanto o livro e as palavras da autora nos deixavam desconcertados.

Em 2013 ela veio ao Brasil, para Bienal do livro do Rio, na mesma hora que ela estaria autografando eu apresentaria um evento, um único dia, e eu não conseguiria vê-la. Pedi ao marido de uma amiga para pegar meu autógrafo, pelo menos assim ficaria menos triste. No final do evento que eu apresentei corri para o estande do Grupo Editorial Record e vi os cabelos ruivos de Emma lá em cima. Com a ajuda dos lindos da editora, eu a vi, falei com ela, agradeci pela história e lhe dei um abraço. Simpática, ela me agradeceu.

Esse ano, quando o filme O Quarto de Jack foi lançado nos cinemas, eu corri para ver, e já assisti duas vezes, assim como reli o livro outras três. Para mim foi maravihoso ver que tudo que imaginei virou filme; o ator que faz Jack é perfeito, parece de verdade o menino de apenas 5 anos que narra o filme. E a  mãe? Aposto que ganha o Oscar, isso porque também concorre como Melhor filme, já pensaram se ele ganha a estatueta?

O fato de ter virado filme me deixou feliz porque permitiu que mais pessoas tenham interesse pela história que eu sempre amei, mas que poucos conheciam quando eu falava. Somente esse mês mais de 20 pessoas me procuraram para falar que viram  o filme e lembraram de mim, isso não é mágico? Minha boca de urna funcionou!

Para completar, a resenha do livro em meu blog bateu todas as visualizações do mês! Fiquei extremamente satisfeita de ver como o filme angariou interesse para o livro, e em saber os detalhes sensacionais de uma história que tinha tudo para ser triste, mas, com o talento da autora, virou algo lindo e sensível, uma paixão e a demonstração de como é intenso o amor ‘entre mãe e filho.

Por favor, leiam <3 p="">

19 de fev. de 2016

Papos de Sexta: Meta literária para 2016

No dia 1º de janeiro de 2016, ocorreu o seguinte diálogo:

Pessoa aleatória que não deve ser nomeada (PAQNDSN): “E aí, qual foi o último livro que você leu em 2015?”

Eu: “Não lembro”.

PAQNDSN: “Como assim não lembra?”

Eu, franzindo a sobrancelha pelo tom usado pela kiridinha: “Não lembro, ué. Ainda estou lendo o mesmo”.

PAQNDSN: “Você virou o ano lendo o mesmo livro? Como assim? Pensei que gostasse de ler!”

Eu, não acreditando nos argumentos mucho doidos usados pelo “amoreco”: “Eu adoro ler, mas tenho uma vida além das páginas. Eu curto ler. Curto, do verbo ‘gosto por ser prazeroso’”.

E a pessoa iluminada (para não falar outra coisa) continuou achando um absurdo eu não ter tudo anotado.



Gente, sério mesmo? Tipo, desde quando precisamos prestar contas por algo que a gente ama fazer? Tipo, vocês marcaram quantos beijos deram em 2015? E não estou falando dos marcantes, estou falando de TO-DOS! Fizeram contabilidade de quantas gargalhadas soltaram? E quantos seriados e filmes assistiram?

Entendo que tem muita gente que se organiza com redes como o Skoob, por exemplo, para não se perder nos livros que tem e nas séries literárias que acompanha. Show, bacana, louvável. Mas eu não sou assim e viva a diferença, né?

É que eu não consigo entender essa “matematização” do prazer, essa “gameficação” da vida. Na minha concepção, fazer o que a gente ama é uma delícia, um escape, um momento que nos faz sentir bem. Pode ser fazer compras (aí entra contabilidade de valor gasto, mas, por exemplo, não sei quantos pares de sapato comprei esse ano!), tomar sorvete (você sabe quantos tomou em 12 meses?), sair com os amigos (se for contabilizar chopes, danou-se, né?) ou ler livros.



Entendo também que ler é um hábito e que, para ser iniciado, algumas pessoas colocam metas. Por exemplo, vou ler um livro por semana e, no final de um ano, vou verificar se a meta foi batida. Mas depois do hábito instalado, qual a razão de manter a conta? Ou pior, qual a necessidade de comparar números?

Eu leio MUITO, mas não faço ideia de quantos livros li em 2015. Para falar a verdade, tem livros que li e que nem lembrava que tinha lido, tamanha foi a pressa para acabar e falar dele no Clube. Claro que me preparei para abordá-lo no evento e tal, mas não foi uma leitura tão prazerosa e proveitosa como poderia ter sido. Ele foi só um número e não uma leitura que me impactou. E isso não é bacana. Cadê a qualidade da leitura?

Eu leio muito, mas será que não poderia estar lendo melhor? E não digo a qualidade do livro, mas do meu envolvimento com ele. Deu para eu notar as críticas colocadas nas entrelinhas pelo autor? Na correria de terminar mais um, deu para notar a mudança de ritmo na narrativa? E a razão para essa mudança?



Minha razão para essa coluna é refletir sobre a qualidade da leitura. Vi que na lista dos livros mais lidos em 2015 pelos brasileiros reinaram os de colorir e alguns sobre depressão e ansiedade. Acho que todos esses estão intimamente ligados e parte da razão de estarmos tão ansiosos é a necessidade que sentimos de estarmos constantemente competindo uns com os outros. Mas quem ganha? Quem leu mais ou quem curtiu mais cada página? Quem leu mais rápido, mais livros ou quem foi tocado pela mensagem de cada história? Na vida, quem vence: aquele que tem mais dinheiro ou que aproveita melhor o tempo? Quem tirou mais fotos da viagem ou quem curtiu mais cada lugar? Pra quê competir? Eu ainda não entendo.



Em 2016, eu não tenho uma meta de leitura. Meu objetivo é ler melhor, prestar mais atenção nos elementos de estilo ou na falta deles, entender mais as mensagens na história, a caracterização dos personagens. Quero ser uma leitora melhor.

E você? Quais seus objetivos literários para 2016? E se eles forem numéricos, tudo bem, vai. Não vou julgar. Mas só espero que você não deixe que números te definam. Você é algo além das páginas, além dos números. Não perca visão disso, ok?


12 de fev. de 2016

Papos de sexta: Saindo das sombras


Todo mundo sabe que sou fã da autora Cassandra Clare e do universo Shadowhunter criado por ela. Seus livros estão entre os meus favoritos, e Jace sempre será um dos meus amores literários.

Nem preciso dizer que estava ansiosa para assistir a série na TV, certo? Era um misto de excitação e apreensão pelo que estava por vir. Não me considero uma fã hardcore, do tipo que não tolera alterações na trama ou nos personagens (afinal, uma adaptação — tanto cinematográfica quanto televisiva — pressupõe a adequação da obra ao meio), mas torcia para que a série não tivesse o mesmo destino do filme (e ainda torço por isso).

Pois é, o episódio piloto não me impressionou. As atuações, os diálogos, os efeitos, os cortes, tudo estava off. Eu não manifestei o meu descontentamento nas redes sociais, apenas fiz um comentário ou outro nos posts de amigos, mas sempre mantendo o otimismo.

O segundo episódio também foi fraco e pensei em abandonar após o terceiro (que episódio foi aquele?!), mas eis que o quarto e o quinto episódios renovaram minha esperança na série e me inspiraram a escrever esse post.

Antes de mais nada, permitam-me posicionar quanto às reclamações dos fãs: não me incomoda o fato dos protagonistas serem mais velhos e Hodge ser mais jovem (e gato! rs), do Instituto ser high-tech e os demônios virarem papel picado incandescente, de Maureen apresentar as características de Maia e Dot substituir Madame Dorothea, de Camille ser asiática e Luke um policial. O que mais me preocupa é o tom e o ritmo da série.

A maior vantagem de uma adaptação para TV é ter mais tempo para desenvolver os personagens e a trama, mas o diretor McG e o roteirista Ed Decter parecem ter pressa para contar a história, como se precisassem cobrir logo os pontos-chave da obra de Cassandra Clare para então partir em vôo solo.

Quando o material original é de qualidade, como é o caso, ele merece ser bem aproveitado, não apenas para agradar o fandom, mas também para facilitar a vida de quem não leu os livros e quer acompanhar a série. De nada adianta correr até a melhor parte da história. O que faz essa parte ser tão boa é justamente o longo e tortuoso caminho até lá. #ficaadica

O quarto e o quinto episódios tiveram mais acertos do que erros: diálogos tirados dos livros, a introdução de Malec, menção a uma personagem querida, Jace treinando sem camisa, a invocação de um demônio maior, uma prévia de Sizzy etc. Talvez a produção tenha finalmente se dado conta do potencial que tem nas mãos, e em vez de mudar a mitologia, tenha decidido expandir o mundo das sombras.

Os atores também parecem mais à vontade do que nos primeiros episódios. Não tenho o que reclamar dos irmãos Lightwood — tanto Matthew Daddario, o Hottie com H maiúsculo que interpreta Alec, quanto Emeraude Toubi, a igualmente gata que interpreta Isabelle, estão bem nos papéis —, e Alberto Rosende é um Simon e tanto! Os demais atores podem melhorar, inclusive o núcleo adulto da série.

Eu também gostei do tom mais leve dos episódios. Harry Shum Jr, que interpreta Magnus Bane, trouxe humor para a série e, pelo Anjo, como ela estava precisando! Essa é uma série jovem do canal Freeform e não uma minissérie da HBO. Shadowhunters pode repetir o sucesso de Buffy, Supernatural, Teen Wolf, Vampire Diaries etc, basta não se levar tão a sério. #ficaoutradica

Por último, tenho que mencionar Malec. Já deu para perceber que Harry e Matthew têm mais química do que Dominic Sherwood e Katherine McNamara (mesmo que a interação entre Jace e Clary tenha melhorado nos últimos episódios) e não será surpresa se roubarem a cena do casal principal. Precisa de outro motivo para assistir a série?! rs


Na minha opinião, o maior desafio de McG e cia é tornar a série tão divertida quanto os livros. Eu não sei se é possível, mas acredito que estamos progredindo — e isso é o suficiente para dar outra chance :)

4 de fev. de 2016

Galera entre Letras: Sobre Maus Mocinhos

Acho que agora já deu tempo de todo mundo ver O Despertar da Força, né? E aí o que acharam?

Eu gostei bastante do filme --- mesmo vendo alguns problemas na segunda parte ---, curti muito os personagens jovens (tem como não se apaixonar pela Rey e pelo Finn?!) e senti a mesma emoção que tive ao ver a trilogia original (os episódios IV, V e VI).

Ah! E foi a primeira vez que eu fui ao cinema pra ver Star Wars!

Mas um dos meus personagens preferidos foi também um dos mais criticados e “polêmicos”.

Já sabem de quem eu estou falando? Exatamente! Do Kylo Ren!

Muita gente reclamou que Kylo é um vilão caricatural, mimado e que não faz jus a uma série como Star Wars, que nos legou, talvez, um dos vilões mais brilhantes do cinema: Darth Vader. Bom, eu concordo com o elogio ao Vader e, pra mim, O Retorno de Jedi é um dos melhores filmes que já vi na vida justamente pelo “embate” entre Luke e Vader. No filme é que conhecemos Vader realmente em toda a sua complexidade de vilão.

Mas nós já conhecemos Vader como vilão (posteriormente como Anakin, mas eu nunca assisti aos primeiros episódios! rs e não vou comentar sobre o que não sei) ao passo que conhecemos Kylo em processo de formação rumo à vilania.

Kylo é o filho de Leia e Han, que se rebela contra o tio, Luke Skywalker, e decide, à revelia da família, abraçar a mesma causa do avô, a quem, óbvio, ele nunca conheceu.

Fica evidente, nos gestos e nos ataques de raiva de Kylo, que ele está muito longe do autocontrole e do controle da Força – ele e Rey, que também tem a Força, mas não tem treinamento algum, estão no mesmo nível de formação, por assim dizer.

Nos próximos filmes, acho que veremos Kylo dominar a Força e se dominar, se ele quer mesmo seguir os passos de seu avô. Mas o vilão Vader tinha motivos concretos para se juntar ao lado negro da Força (a vontade de Poder nele era grande…). Ao contrário de Kylo.

Essa, talvez, seja a grande sacada do filme.

Os motivos de Kylo parecem ser os mais pueris: além de idealizar um parente que nunca conheceu, quais seriam as motivações reais de Ren, o filho (único?) de Han e Leia?

Na última conversa com Han Solo, ele diz que se envergonha do pai… Mas isso não é motivo pra vilania, certo?

Kylo é um vilão humano, demasiado humano, por assim dizer, mesmo tentando imitar o avô “mecanizado” (se Vader deixou de ser humano ao introduzir em seu corpo dispositivos mecânicos que o ajudavam a sobreviver, Kylo imita a voz mecanizada e o gestual rígido sem sucesso; é evidente o desconforto do garoto ao caminhar, e a máscara --- bem como seu sabre --- são bem toscos). De certa forma, Kylo é, sim, um vilão ridículo… porque, talvez, não seja um vilão.

Muito já se falou e especulou. A verdade é que ninguém sabe muito bem qual vai ser o futuro de Kylo. Mas eu aposto que, um pouco à maneira do que aconteceu com Darth Vader, a gente acabe torcendo um pouquinho pro lado negro da Força.


29 de jan. de 2016

Papos de sexta: O melhor trabalho do mundo!



Outro dia me espantou ver — diga-se de passagem, mais uma vez — uma blogueira no Facebook se explicando que ter blog não é só ganhar livros. O que me arrepia só de pensar é que em pleno 2016 ainda tenham pessoas que não entendam que nem todo mundo ganha grana como algumas YouTubers ou Book Tubers e nem tudo na vida só tem que ser feito quando remunerado.

Quando coloquei meu blog no ar em 2010, jamais pensei que um dia eu escreveria uma coluna para Galera Record, que apresentaria eventos lotados em livrarias entrevistando autores que admiro muito, que metade do meu Facebook fosse de blogueiros, leitores e pessoas do mercado literário, que eu tivesse tanta alegria pelo “ simples” motivo de colocar o blog no ar. Não, não é fácil mantê-lo com a correria do dia a dia. Quantas vezes pensei em desistir? Nenhuma! Eu nunca coloquei o blog no ar pensando em ganhar algo, eu o coloquei porque amo livros e filmes e queria conversar com muitas pessoas que tem essa mesma paixão. Afinal, quantas vezes me vi irritada na escola, faculdade ou no trabalho falando o nome de um escritor ou ator e todo mundo dizendo que nunca ouviram falar? O blog me fez ter amizades incríveis, interagir com pessoas que amam o que eu amo, ter contato com escritores que jamais sonhei conhecer...e isso, desculpem, não tem preço.

O que paga minhas contas é o que faço de segunda a sexta — ok, as vezes alguns sábados — e o faço com amor, porque foi a profissão que escolhi. Mas nada se compara ao que sinto quando tenho contato com livros em uma Bienal, quando apresento ou vou a eventos literários ou tardes de autógrafos. É hobby? Sim! Mas é o hobby mais incrível que eu poderia ter. Por essa razão, claro que quando a crise bateu na porta eu lamentei não ganhar grana com o blog como alguns ganham... mas jamais imaginei descontar minha frustração com o cenário do país no que sempre me fez feliz.

Se você é blogueiro — ou tem vlogueiro! — certamente está pensando: “Ih, a Raffa está floreando o mundo, não é tão maravilhoso assim!”. Mas o que na vida é 100 por cento só sorrisos? Das vezes que fiquei triste com o blog passou tão rápido que digo que mal existiram. Foi quando não fui aprovada para parceria com uma editora que queria muito — acreditem, TODOS passam por isso! —– ou quando recebi uma crítica supernegativa sobre algo que postei. O blog requer tempo, eu canso de ir dormir muito mais tarde do que devo para acordar pro trabalho dia seguinte, eu canso de abdicar de um dia inteiro com o marido saindo para terminar uma leitura ou aquela postagem superimportante. Isso quando não chegamos exaustos de alguma lugar e ele só pelo olhar já sabe que não tem cara feia... é dia de gravar vídeo pro Canal.

Meu blog me faz feliz, os amigos que tenho por causa dele nem preciso citar — aliás, já o fiz em alguma coluna no passado — mas definitivamente não o mantenho para “ganhar livros”. Claro que amo as parcerias e que fico muito feliz quando recebo livros em casa delas e/ou kits especiais que nem estão à venda! Mas meu cartão sabe que nunca parei de comprar meus livros, continuo comprando muito, continuo sangrando grana do meu “trabalho real” para continuar com os eventos do blog, e o faço com a única intenção de falarmos de livros. Não há nada melhor do que um final de semana que eu saiba que tem evento do blog. Portanto, para quem ainda acha que blogueiro só ganha livros, crie um blog, veja o como cada seguidor é uma vitória, como remunerado ou não fazemos com o mesmo afinco para ficar tudo em dia nele.


Tenho orgulho de ser blogueira, e de fazer parte dessa blogosfera literária linda que me rodeia há mais de 5 anos ;) 

28 de jan. de 2016

Galera entre letras: O que você gosta de ler?

Para a coluna de hoje, eu resolvi fazer algo diferente (e torço pra que logo, logo vire uma tradição da Galera entre Letras). Pedi ao Pedro, que tem 14 anos e sempre lê a coluna  além de ser um leitor voraz de livros de terror e de ficção histórica do Bernard Cornwell , que falasse um pouco das leituras dele nas férias e do que ele gosta de ler.

O Pedro então me mandou um pequeno texto falando sobre dois livros (e dois autores) muito importantes no gênero do terror e, em particular, do terror “cósmico” e universal: O Caso de Charles Dexter Ward e o Rei de Amarelo, escritos, respectivamente, em 1927 e 1895! (Ambos os autores estão traduzidos em várias edições diferentes.)

Vamos ver o que o Pedro tem a dizer sobre os livros?




Em 1926, ocorreu um surto no qual poetas e artistas tiveram devaneios muito similares, entre os dias 26 de março e 2 de abril.
***
Massachusetts, ano de 1928: duas famílias e um grupo de policiais desaparecem do vilarejo de Dunwich.
***
Esses são os cenários de alguns dos contos de Lovecraft. Bem-vindos ao terror moderno.

O que assombra na obra de escritores como Lovecraft ou Robert W. Chambers não é apenas a forma como flertam com o desconhecido e evocam o nosso medo por ele, mas também é a utilização de um realismo inteligente e sardônico que nos faz duvidar do que poderia ou não ser ficção.

Em O Caso de Charles Dexter Ward, podemos destacar uma citação de Borellus: “Os saes essenciais das Bestas podem ser preparados e preservados de Maneyra que seja facultado a hum Homem de Engenho conter toda a Arca de Noe […].” E, no Rei de Amarelo, o contexto decadente da época, junto com a alusão que a própria cor fazia a este dão um realismo assombroso à obra.

Quanto à engenhosidade do terror criado por esses autores, é um terror que não necessita de sanguinolência ou morte para gelar os ossos. Trata-se de um confronto com o proibido e uma reflexão do quão pequenos e frágeis somos, num universo criado bilhões de anos antes de nós, e do que poderia nos espreitar na escuridão, dentro e fora dele.

Assim, o legado deixado por esses e outros autores é a recordação de nossos temores mais humanos e instintivos. Eis aqui o verdadeiro medo.

E está lançando o desafio!

Se você tem por volta de 15 anos, está na escola, gosta de ler, que tal mandar pra mim um texto pequeno, falando dos seus autores ou das leituras preferidas?

A cada dois meses, eu vou publicar o SEU texto aqui. Pra mandar, é só me adicionar no Facebook ou eu vou dar um jeito de achar você (incluam aqui a risada maléfica).

Até e boas leituras!

22 de jan. de 2016

Papos de Sexta: Para sempre

A notícia veio sem rodeios: Alan Rickman morreu.


Sou fã dele há muitos e muitos anos e, pela nossa diferença de idade, sempre imaginei como reagiria quando a fatal notícia chegasse. Imaginei que fosse chorar e sentir meus joelhos tremerem e, em seguida, encontraria o chão em meio a lágrimas. Mas não foi isso que aconteceu.

Ao ouvir a notícia, fiz o que qualquer jornalista faria: chequei as fontes. Busquei mais veículos para verificar, afinal, nem tudo que está na internet é verdade. Mas essa infelizmente era. Era fato: a voz de Alan Rickman havia se silenciado para sempre.

Escolhi falar sobre essa perda aqui no blog porque, bem, porque ela é relacionada à força do amor que temos por personagens. Não vou ficar listando todos os personagens interpretados por Alan aqui, pois foram muitos e foram muito diferentes. Vou focar em Severo Snape porque nossa história é a que quero contar.

Eu sabia sobre Harry Potter, mas não tinha lido os livros ainda. Descobri a magia das páginas durante o hiato entre o gancho de “Cálice de Fogo” e a expectativa por “A Ordem da Fênix”. Mas o que me fez mergulhar nas páginas foi a explosão de sentimentos que o primeiro filme me proporcionou. Eu nunca fui fã de fantasia e apenas admirava o trabalho autoral desse gênero. Mas depois de assistir a “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, precisava saber mais sobre aqueles personagens. E principalmente sobre o misterioso e rabugento Mestre de Poções, interpretado por Alan “voz de veludo” Rickman.

Como fã do ator, me apaixonei ainda mais pelo personagem e mergulhei no fandom potteriano de cabeça. Harry Potter me trouxe uma lista de “primeiras vezes”: a primeira saga literária que acompanhei; o primeiro evento literário que apresentei (e me colocou nessa vida); o primeiro fórum e lista de discussão que integrei; as primeiras fanfictions que escrevi. Isso sem contar nos amigos que fiz e nas aventuras que vivi!

Mas será que se o personagem fosse interpretado por outro ator teria me despertado a curiosidade? Talvez não. Talvez chegasse a Potter mais tarde. A única certeza que tenho é que foi a interpretação de Alan Rickman que me levou às páginas.

Engraçado como isso acontece, né? Como os atores fazem esse link entre o nosso mundo, de carne e osso, e o Mundo das Ideias, onde vivem os personagens. Eles são como médiuns, que interpretam o que está na página e dão vida ao intangível.

Quando li a morte de Snape no livro, chorei muito. Sabia que ele não sobreviveria ao final da saga e, a cada livro, suspirava e pensava “Ufa! Desse ele passou!”. Mas sabia que viria a sofrer com a morte dele como os fãs de Sirius sofreram sua perda e tantas outras que Rowling nos fez passar. E as lágrimas vieram com intensidade e meu coração se quebrou e eu queria abraçar o personagem enquanto seus últimos suspiros deixavam seu corpo. E eu quis abraçar Alan Rickman porque, ao ver a cena no cinema, as lágrimas e o sentimento de perda voltaram.

Mas com a notícia fria nos jornais, as lágrimas não vieram. A perda estava lá e a tristeza também, mas não chorei. Não o conhecia pessoalmente, não integrava sua família ou seu círculo de amizades então como poderia sentir falta dele dessa forma? Isso faz de mim uma fã de meia tigela? Não. Entendi que a minha ligação era com a ideia que Rickman tornava real e não com ele em si.

A perda de Alan Rickman quebrou meu coração, sim, mas ele me deixou uma legião de amigos que, ao receberem a notícia, me mandaram mensagens de apoio, abraços reais e virtuais e vários “você tá bem?”. E esse é o legado imortal que ele deixou para mim e para todos que foram tocados por sua arte. O sentimento que acordou em nós nos uniu. Não importa a Casa de Hogwarts ou se concordávamos ou não com o que Snape fez na série: estamos juntos nessa perda como estávamos quando cada personagem nos deixou.

Prova disso está nas fotos abaixo. Os fãs que estavam no parque Islands of Adventure, em Orlando, no dia do falecimento, fizeram uma homenagem a Alan Rickman, erguendo suas varinhas em direção ao castelo de Hogwarts (mesmo gesto que os alunos fazem após o falecimento de Dumbledore). E, no brinquedo, alguns fãs também deixaram flores na porta de Snape e uma dessas flores era um lírio (quem leu HP sabe do que estou falando). E foi aqui que eu chorei.



Crédito: Buzzfeed

Em um momento de virada na saga, Harry pergunta para Dumbledore, “Isso é real ou está acontecendo dentro da minha cabeça?”. E o sábio bruxo responde algo como “Claro que está acontecendo dentro da sua cabeça, Harry. Mas isso não significa que não seja real”.

Podia ser a descrição de tudo que sentimos ao ler um livro, ao sofrer com ele, ao nos apaixonar por um personagem. Acontece na nossa cabeça, no nosso coração e, se sentimos, é real. Para sempre.