25 de dez. de 2015

Papos de Sexta: Toda Forma de Amor é Linda



A gente sempre diz que não tem preconceito. Mas assumo que durante muito tempo o tive e o carreguei comigo por não entender, por achar que era errado. Mas quem mesmo diz o que é certo? Nossos pais? A religião em que somos criados? Sou de uma época onde a internet não era algo tão comum na adolescência; sim, ela já existia, mas não fazia parte da vida de todos nós.  Sendo assim, a gente sabia o que vivia, o que lia na revista, o que via na TV... e tudo que se falava de homossexuais parecia errado, o mundo não aceitava (e sei que muitos ainda torcem o nariz até hoje).

Em casa também não tínhamos o hábito de discutir sobre isso, então toda vez que alguém vinha com o assunto eu pensava que não era a favor, mas não abria a boca. Gente, mas do que eu tinha que ser a favor? É isso que eu não entendia e que as pessoas não entendem...até onde a opção sexual de alguém interfere na sua vida? Não devo me meter. Sei disso hoje, mas demorei um certo tempo para descobrir.

Não vou citar nomes, mas foi quando ouvi da boca de uma amiga, que amo muito, que ela gostava de meninas que acordei para o tema. À primeira vista, pensei que ela estava brincando, depois vi que era verdade quando me apresentou à namorada. E foi exatamente o convívio com ela que me fez perceber o quão pouca informação eu tinha a respeito e o quão preconceituosa eu era. E não se enganem,  o preconceito não é somente o que você coloca para fora em palavras e gestos...ele mora em você; e, por comodismo ou outro motivo, você não se interessa em saber porque ele existe.

É tão estranho pensar na pessoa que fui e na que sou hoje em dia. Eu pude ver no rosto da minha amiga a felicidade de poder dizer a todos de quem ela gostava... o parar de se esconder foi libertador e a aceitação de quem ela amava – e isso me incluía – foi fundamental nessa fase.

Não lembro quantos anos tem isso, exatamente, mas de lá para cá as vitórias foram muitas nesse assunto. Claro que ainda há diversas batalhas a serem vencidas, mas o número de amigos e amigas que gostam do mesmo sexo só aumentou, e isso só me faz ver o quanto isso sempre existiu, mas a vida não deixava eles serem quem são.

Por abraçar o tema, e compreendê-lo e não aceitar de nenhuma forma que meus amigos se magoem com pessoas que acham que tem o direito de interferir em suas vidas, eu me encantei com os livros de David Levithan. Já tinha lido Nick & Norah e amado, mas aqui entre nós, os livros dele com a temática LGBT são sensacionais. Sempre recomendo a todos, aos que já entenderam que vencer o preconceito depende de nós. Quem ama de verdade quer ver o outro feliz, seja ele da sua família ou seu amigo.

Se você se sente como eu me sentia antes da minha amiga revelar “seu segredo”, acorde, nunca é tarde demais para mudar de lado, e os do bem, aqueles que aceitam os outros como eles são, sempre têm lugar para mais um.


Leia Will & Will, suspire com Garoto encontra Garoto, mergulhe de cabeça em Dois garotos se beijando...o resultado com certeza vai ser único. Não tem como não amar Levithan, muito menos como entrar 2016 sendo tão 1916 ;) 

6 comentários:

Unknown disse...

Eu amo ele!! Ele entra em assuntos complicados de um forma única, aposto q ajudou muita gente

Fernanda Borges disse...

Nunca li nenhum livro LGBT, mas tenho certeza de que independente da opção sexual, nos livros é demonstrado o amor, o carinho e a cumplicidade verdadeira.

Rubro Rosa disse...

Conheço muito pouco sobre o trabalho do Levithan. Mas já li e ouvi muito a respeito desse autor que trouxe esse universo ainda muito pouco falado.
Tenho Will&Will,mas ainda não li.
Preconceito existe em todo lugar,mas respeito também deveria existir!!
E quem sabe um dia, mais autores consigam colocar isso em livros que todos possam ter acesso e ir mudando pouco a pouco, esses dogmas impostos pela sociedade!!!
Beijo

Adriana disse...

Raffa, esse seu texto traduz a minha adolescência também, falar de homossexualismo em casa não era proibido, mas era um assunto velado, ninguém saia falando e opinando, fazíamos brincadeirinhas, fulano é bicha, sicrano é viado, e nunca tinha parado pra pensar que eu tava falando de uma vida, de alguém, que como eu tinha sentimentos tb, hoje em dia me envergonho dessas atitudes e tenho muitos amigos homossexuais, inclusive meu melhor amigo no trabalho é gay, pessoa maravilhosa de bom coração, que eu amo muito, alias, aprendi que não devemos julgar ninguém pois o que faz uma pessoa ser boa ou não é seu carater! Amei seu texto e também adoro o David Levithan, pra mim um dos melhores escritores da atualidade! Bjão!

Luciana Machado disse...

Ainda não li nenhum livro do David Levithan, mas morro de vontade de ler ^_^
Eu nunca vi homossexuais como errados, sempre achei e ainda acho que se o sentimento é verdadeiro e que 2 pessoas realmente se amam, elas devem ficar juntas e serem felizes!
Minha opinião é diferente da maioria da minha família infelizmente, mas pelo menos todos respeitam a opção das pessoas (até onde eu sei).
Espero que com o tempo o preconceito acabe, não vejo o que a opção sexual de alguém interfere na vida das outras pessoas.

Beijos :)

Ana Mapa disse...

Tenho que admitir, que para mim esse ainda é um assunto que não "compreendo" Li os livros citados e torci pela felicidade dos personagens, mas em alguns momentos me questionei bastante. E quem sou eu para julgar?! minha obrigação é amar. E falando de amor, o David é o cara para nós fazer amar sem preconceito. Ótima matéria Raffa.