1 de set. de 2014

Tons da Galera: Comédia in Drag

Nenhum filme foi mais lembrado depois da morte do ator Robin Williams, há dez dias, do que Uma Babá Quase Perfeita. Juntar um dos maiores atores de comédia de seu tempo com a situação já engraçada de um homem tendo que se disfarçar de mulher é fórmula quase certeira para risadas. Hoje reuni aqui os meus três preferidos, com aquelas personagens que iam além do figurino e maquiagem e que a gente queria mesmo que existissem, e fossem nossas babás, amigas ou ídolos da TV...

Robin Williams, Dustin Hoffman, e Jack Lemmon e Tony Curtis, no filme mais engraçado de todos os tempos, ponto.

Para quem trabalhou nesses filmes, as histórias dos bastidores são quase tão ou mais engraçadas que os filmes em si. Por exemplo, antes das  filmagens, Robin Williams resolveu testar a eficácia do seu “figurino” entrando numa livraria pornô vestido de Mrs. Doubtfire e fazendo uma compra. Ninguém o reconheceu nem desconfiou de que se tratava mesmo apenas de uma simpática velhinha. A maquiagem para as cenas, que levava diariamente 4 horas e meia, era feita com oito pedaços de próteses diferentes, mas ficou impecável, e ganhou o Oscar daquele ano (1993).

Outro clássico da comédia com pitadas de drama, dessa vez do comecinho dos anos 1980, foi o adorável Tootsie, que na verdade nasceu do personagem de Dustin Hoffman se disfarçando para arranjar um papel numa novela da época. Comovente e inteligente, Tootsie encantou as audiências — da novela fictícia na qual ela virou estrela, e do próprio filme. Dustin também testou sua personagem se disfarçando de tia Dorothy numa reunião de pais na escola de sua filha. Ator que é bom é realmente bom e, mais uma vez, ninguém desconfiou. Os óculos de Tootsie disfarçavam o nariz grande do ator, e um mecanismo especial foi criado para que as lentes de seus óculos de grau, que suavizavam seu rosto, não refletissem nas câmeras.


Mas o melhor dos melhores foi lançado ainda em 1958. Quando dirigiu Quanto Mais Quente Melhor, Billy Wilder teve a ousadia de colocar um dos maiores galãs de Hollywood na época, Tony Curtis, vestido de mulher para conquistar ninguém menos que Marilyn Monroe. Jack Lemmon era seu parceiro, ou parceira, de trapalhadas, e a dupla Josephine e Geraldine foi responsável por aquela que é considerada a melhor comédia de todos os tempos. A curiosidade aqui é que o filme seria colorido, mas a maquiagem dos dois atores ficava tão pesada para convencer, que o diretor optou por filmar em preto e branco, o que lhe deu ares de clássico desde o primeiro frame. Mais uma vez os dois atores principais resolveram testar seus looks e deram uma volta pela MGM usando inclusive os banheiros públicos femininos do estúdio sem serem descobertos. Marilyn Monroe, por sua vez, respondeu ao figurinista do filme, que lhe dissera que o traseiro de Curtis era melhor que o seu, abrindo a blusa e dizendo que podia até ser, mas no quesito seios ela ganhava de mil. Nem tudo foram flores, no entanto, e o estado de Kansas baniu o filme na época, alegando que o tema era “perturbador demais para seus habitantes”.

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