25 de set. de 2014

Galera entre letras: Livros e censura


Esta semana é celebrada a semana dos livros banidos. E, imagino, vocês devem estar se perguntando “LIVROS BANIDOS?! Como assim?!” Bom, eu vou explicar.

Apesar de a cultura ocidental ser conhecida por valorizar a imprensa livre e a liberdade de discurso, volta e meia livros são censurados. E as razões – e os livros censurados – variam bastante, e vão desde palavrões e linguagem sexual explícita até a censura motivada pelas convicções políticas de um autor.

E essa censura, algumas vezes, ganhou materialidade e não foi apenas resultado de uma “canetada” de algum figurão do governo: na Alemanha, durante a Segunda Guerra, por exemplo, livros arderam em fogueiras acesas em locais públicos porque seus autores eram judeus, comunistas ou porque continham ideias contrárias ao regime Nazista.

Essa censura aos livros – e às ideias contidas neles – ocorreu em praticamente todos os países. E o mais curioso é que alguns dos nossos “clássicos” infantis ou juvenis e alguns dos livros considerados “os mais importantes da literatura mundial” fazem parte da imensa lista de livros banidos que, infelizmente, continua a crescer. E tem até livros de autores queridos da Galera Record que também foram proibidos.

Pra vocês terem uma ideia, O Grande Gatsby, considerado um clássico de Scott Fitzgerald, que retrata a sociedade norte-americana do início do século XX e a ascensão dos novos ricos, e hoje é leitura obrigatória em várias escolas norte-americanas e europeias, foi banido, em 1987, por conter “linguagem e referências sexuais”.

1984, de George Orwell, que descreve uma distopia totalitária também foi banido, em 1981, por sua mensagem “de teor comunista” e por “referências sexuais explícitas”.

E o Orwell é autor frequente na lista dos banidos. Outro livro dele que foi censurado é A Revolução dos Bichos. Em 1963, o argumento para a censura foi a expressão “as massas se revoltarão.”

Matadouro Cinco, um livro de ficção científica, que conta, a partir de flashbacks do narrador, a destruição da cidade de Dresden durante a Segunda Guerra – um massacre que poucas vezes foi descrito com tanta riqueza (Kurt Vonnegut, o autor do livro, ficou preso em Dresden nessa época) – foi banido com base na leitura de TRECHOS do livro na Internet.

E até um clássico da literatura infantil como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, também foi impedido de circular livremente desde a sua publicação. E os motivos são os mais variados. Um dos mais curiosos foi o argumento para a censura ao livro na província de Hunan, na China, em 1931: “animais não devem usar linguagem humana; é desastroso quando se coloca animais e seres humanos no mesmo nível.” A Menina e o Porquinho e O Ursinho Pooh também sofreram a mesma restrição.

Mas a censura, infelizmente, não é coisa do “século passado”. Recentemente, DOIS livros do John Green, Quem é você, Alasca? e O Teorema Katherine, também entraram na lista de livros censurados em alguns estados norte-americanos. E Two Boys Kissing, do David Levithan, que vai ser publicado pela Galera Record, também foi retirado de algumas bibliotecas. A acusação contra todos esses livros? Linguagem pornográfica.

A gente conhece muito bem os dois autores e sabe que essa acusação não tem nada a ver, né? O John Green ficou TÃO revoltado, que gravou um videozinho respondendo a essas acusações. Dá pra ver aqui.

E o David Levithan, que volta e meia tem um de seus livros censurados, também semanifestou, fez uma defesa linda da liberdade de pensamento e pediu pra ninguém julgar um livro APENAS pela capa.

Já deu pra perceber que POUCAS vezes os critérios para censurar um livro efetivamente se baseiam na qualidade literária ou numa leitura atenta do material e, MUITAS vezes, os livros são censurados por puro PRECONCEITO: por expressarem valores diferentes dos valores dominantes, por trazerem personagens diferentes daqueles aos quais estamos acostumados ou por retratarem a sociedade de forma crítica. E tudo bem se há quem não goste desse tipo de livro. É só não ler (ninguém é obrigado a gostar ou concordar com tudo o que se escreve por aí!), mas impedir a circulação das ideias deveria ser, por si só, um crime!

E que tal, pra celebrar a semana dos livros banidos, a gente ler um livro banido no fim de semana? Eu vou reler Matadouro Cinco, do Vonnegut, um dos meus autores preferidos!

E, pra relaxar um pouco, um quiz divertido: “Se você fosse um livro banido, qual você seria?”.

O link para o quiz é este aqui.


Boa diversão e até!

Um comentário:

Alexander disse...

Nao entendo, como puderam censurar O Teorema Kahterine? Linguagem pornografica? Ora essa, Will&Will fala mais (desculpe o termo chulo) merda que O Teorema, e nao foi censurado! ( Eu amo os livros do John Green, ja li todos, amo todos <3, e nao entedo essa de banirem O Teorema Katherine.