3 de jul. de 2014

Galera entre letras: Mapas da Guerra

Quem me conhece sabe a paixão que tenho por mapas.

Por mais objetivos que eles tenham que ser, os mapas delimitam as fronteiras imaginárias entre os países e seus acidentes geográficos bem reais, ou seja, a cartografia, apesar de toda a objetividade, tem um lado fantasioso também.

E nem vou mencionar a possibilidade de traçar mapas reais de lugares imaginários ou mapas que incluíam todos os perigos (leia-se: MONSTROS MARINHOS!, que supostamente habitavam as profundezas dos mares e oceanos), hein?

Só pra vocês terem uma ideia do que estou falando, vejam a Carta Marina, o primeiro mapa sobre as terras mais ao norte da Europa, feito no século XVI. Se vocês repararem, ali no cantinho esquerdo (de quem está na frente do monitor) tem um lagostão e algumas serpentes marinhas.


Os mapas, portanto, habitam essa região entre a fantasia e o real, entre o convencional e o efetivo. E dão margem, algumas vezes, à representação de preconceitos ou, ao contrário, à exacerbação da imagem que alguns povos têm de si mesmos.

Hoje serei uma mulher de poucas palavras porque, mais do que falar, eu quero mostrar pra vocês alguns mapas relacionados a um dos eventos mais importantes da história mundial: a Primeira Guerra Mundial ou Grande Guerra (como foi chamada até a Segunda Guerra).

Guerras sempre são eventos cruéis e dolorosos, que causam a perda de milhares (ou milhões) de vidas, mas a Primeira Guerra teve importância justamente por ser o primeiro grande conflito global, que mobilizou os países europeus, mas que teve consequências para todo o planeta.

Por outro lado, várias tecnologias foram criadas, a medicina evoluiu e os exércitos tiveram que se adaptar a condições bem diversas das que estavam acostumados. Vou dar um exemplo: todo mundo sabe que elefantes não são animais encontrados na Europa, mas os europeus, que já tinham colonizado África e Índia (locais onde os elefantes são encontrados) utilizaram esses animais para transportar cargas.

Formas mais rudimentares de transporte conviviam com as mais recentes invenções, saídas dos laboratórios dos cientistas e pesquisadores!


Mas voltemos ao que interessa: os mapas!
Eu vou mostrar pra vocês agora alguns mapas que circularam pela Europa um pouco antes ou durante a Grande Guerra (e já já vocês vão entender porque estou falando disso hoje!)

Este aqui é um dos mais curiosos: um mapa com os Cães da Guerra! Ao centro, um Dachshund, o famoso salsicha, conhecido por sua origem germânica. Todos os cães latem com fúria nesta ilustração, e os homens que aparecem na imagem controlam as frotas de navios e parecem esperar o resultado da briga dos cachorros. Vejam também, ali no canto direito, uma espécie de máquina a vapor (estamos falando do iniciozinho do século XX).


Aqui outro mapa, no qual as nações são representadas por homens amontoados e em posições distintas de ataque.


Pra finalizar, o fragmento de um mapa muito interessante, que mistura representações de animais e de homens (reparem que os uniformes dos exércitos: o alemão, o húngaro, o austríaco, reproduzem as principais características dos uniformes reais).

Mas esse tipo de mapa satírico ou caricato não foi privilégio só do século XX. Um dos mapas mais belos desse tipo foi feito há poucos anos. Sabem de que mapa eu estou falando?

Deste mapa aqui, feito pelo Keith Thompson, especialmente para a trilogia Leviatã, do Scott Westerfeld, que se passa justamente na época da Grande Guerra.


O Keith foi muito influenciado pelos mapas do início do século passado na hora de criar a ilustração que compõe a contracapa do livro. Reparem que ele volta a representar animais (mas o urso já não sai ileso e exibe parte da carcaça) e homens e figuras antropomorfizadas e armadas para retratar darwinistas e mekanistas com uma nítida pegada steampunk.

Espero que vocês tenham gostado das imagens!

E pra quem ainda não leu os dois primeiros volumes da trilogia do Scott Westerfeld, taí uma ótima oportunidade! Vamos falar mais um pouquinho dela da próxima vez.

2 comentários:

Laura Ribeiro disse...

Confesso, Ana, que nunca observei mapas com tanta atenção e admiração como você, sempre enxerguei mapas como objetos entediantes sem nada para observar, mas agora me liguei sobre o quão interessante eles são, e agora estou dividindo minha paixão com você. O mapa feito pelo Keith ficou muito lindo, mesmo, mas meu preferido foi o primeiro, por causa dos monstros marinhos, e eu gosto de ler (e ver artes) de monstros marinhos por aí :)
Beijos || Unlocked Land ❤

Ana Resende disse...

Que bom, Laura! Eu sempre amei mapas (puxei isso do meu pai :) ), mas é muito bom saber que o fato de eu gostar está levando outras pessoas a gostarem também!
Ganhei o dia hoje =D =D