Pra começo de conversa, para escrever não é necessário nenhum dom especial. Eu sou daquelas que acredita que todo mundo tem uma história pra contar. E muito mais do que talento, o que conta é a disciplina e a paciência, jovens gafanhotos (sim! Escrever e publicar é quase um exercício zen!).
A primeira coisa que QUALQUER pessoa que queira escrever (e publicar) tem que fazer é... LER! E ler de tudo.
Mesmo que o livro que você quer escrever seja um chick-lit, ler um romance policial ou um livro de fantasia ou ficção científica vai não só enriquecer o seu vocabulário, como dar uma boa ideia em relação ao desenvolvimento do plot (isto é, o núcleo da história a ser contada). Alguns dos melhores plots que já li na vida vieram justamente de romances policiais (vocês já tentaram ler algum e “refazer” os passos do assassino ou do detetive, procurando “falhas” ou “acertos” do autor? Eu sempre faço isso, e um dos meus romances preferidos é O assassinato de Roger Ackroyd, da Agatha Christie. E se você, logo no começo da trama, descobrir quem é o assassino, parabéns!, porque eu fui até o finalzinho sem saber!).
E sempre é bom lembrar que TODA história TEM QUE ter um começo, um meio e um fim (mesmo que seja um final em aberto... lembram do final de Todo dia, do David Levithan?!).
Se você já é um leitor voraz, o passo seguinte pode até parecer óbvio, mas muita gente é eliminada justamente nessa etapa: escrever em PORTUGUÊS (ou melhor, ter atenção, cuidado e prezar pela ORTOGRAFIA).
Por mais interessante que seja um manuscrito, cansa ler um texto CHEIO de erros (e, ok, se você fica na dúvida entre “berinjela” ou “beringela” – o Dicionário Houaiss aceita as duas grafias, by the way); por isso, faça da gramática e do dicionário os seus melhores amigos. E isso também vale pras postagens no Facebook, no Twitter e nas redes sociais. Um autor se torna uma figura pública e passa a ser lido por todo tipo gente, inclusive, seus futuros editores... Tudo bem se o corretor ortográfico do seu celular fez você escrever “tubo” em vez de “tudo”; todo fim de noite, eu releio o que postei e quando vejo alguma barbaridade (o que, ufa!, acontece muito raramente), eu vou lá e corrijo.
Outro ponto importante no quesito “escrever em português” é o vocabulário. O nosso idioma é extremamente prolixo e tem menos “regras” quanto à disposição das palavras na frase (aquilo que a gente aprende na escola como “sintaxe”) se comparado a idiomas como o alemão e o inglês, por exemplo. E justamente por isso, a gente tem que prestar atenção na maneira como diz as coisas e até na quantidade de vezes que usamos certas palavras (se “luta” tem, pelo menos, três sinônimos, será que eu REALMENTE preciso repetir a palavra oito vezes em duas linhas?!).
Quando escrevemos é muito importante pensar que estamos escrevendo para um leitor QUALQUER, que pode ou não ter as mesmas leituras que a gente. Quanto mais claro for um autor, mais bem compreendido ele vai ser (e a gente só gosta de um livro que entendeu, não é?).
E vale também pra empréstimos que costumamos fazer de outros idiomas, mas, sobretudo, do inglês. Isso varia de leitor para leitor (e estou falando aqui de quem vai ler seu livro profissionalmente – preparadores, revisores, editores etc. – e por lazer – os leitores propriamente ditos).
EU implico muito com isso, mas outros colegas não se importam tanto assim. Pro meu ouvido, uma expressão como “Não é como se eu quisesse...”, que eu identifico imediatamente ao inglês “It's not like I want to...” soa artificial. Se eu tiver que dizer isso em português, vou usar o bom e velho “Não é que eu queira...”
E os autores que trabalham comigo já conhecem a brincadeira que faço quando usam expressões como “fulano ficou devastado [= devastated]” ou “fulana estava desconfortável [= uncomfortable]”. Quem fica “devastado” é floresta; gente fica arrasada, muito triste etc. E “desconfortável” é o meu sofá; as pessoas ficam mesmo é pouco à vontade ou, dependendo, até inquietas... Claro que pode haver casos em que o uso dessas palavras seja aceito, mas, se puder evitar expressões assim, melhor...
Bom, hoje eu paro por aqui, e vocês podem ver que fui BEEEEM genérica (as dicas que dei se aplicam também a tradutores e revisores ou a qualquer pessoa que queira escrever corretamente, mesmo que não pretenda publicar um livro).
Na próxima coluna, vamos falar de coisas mais específicas: se você já é um leitor assíduo, atento ao que escreve, é hora de pensar no plot (e na pergunta mais difícil que um autor iniciante se faz: “que história eu vou contar?”).
Até lá!
Outro ponto importante no quesito “escrever em português” é o vocabulário. O nosso idioma é extremamente prolixo e tem menos “regras” quanto à disposição das palavras na frase (aquilo que a gente aprende na escola como “sintaxe”) se comparado a idiomas como o alemão e o inglês, por exemplo. E justamente por isso, a gente tem que prestar atenção na maneira como diz as coisas e até na quantidade de vezes que usamos certas palavras (se “luta” tem, pelo menos, três sinônimos, será que eu REALMENTE preciso repetir a palavra oito vezes em duas linhas?!).
Quando escrevemos é muito importante pensar que estamos escrevendo para um leitor QUALQUER, que pode ou não ter as mesmas leituras que a gente. Quanto mais claro for um autor, mais bem compreendido ele vai ser (e a gente só gosta de um livro que entendeu, não é?).
E vale também pra empréstimos que costumamos fazer de outros idiomas, mas, sobretudo, do inglês. Isso varia de leitor para leitor (e estou falando aqui de quem vai ler seu livro profissionalmente – preparadores, revisores, editores etc. – e por lazer – os leitores propriamente ditos).
EU implico muito com isso, mas outros colegas não se importam tanto assim. Pro meu ouvido, uma expressão como “Não é como se eu quisesse...”, que eu identifico imediatamente ao inglês “It's not like I want to...” soa artificial. Se eu tiver que dizer isso em português, vou usar o bom e velho “Não é que eu queira...”
E os autores que trabalham comigo já conhecem a brincadeira que faço quando usam expressões como “fulano ficou devastado [= devastated]” ou “fulana estava desconfortável [= uncomfortable]”. Quem fica “devastado” é floresta; gente fica arrasada, muito triste etc. E “desconfortável” é o meu sofá; as pessoas ficam mesmo é pouco à vontade ou, dependendo, até inquietas... Claro que pode haver casos em que o uso dessas palavras seja aceito, mas, se puder evitar expressões assim, melhor...
Bom, hoje eu paro por aqui, e vocês podem ver que fui BEEEEM genérica (as dicas que dei se aplicam também a tradutores e revisores ou a qualquer pessoa que queira escrever corretamente, mesmo que não pretenda publicar um livro).
Na próxima coluna, vamos falar de coisas mais específicas: se você já é um leitor assíduo, atento ao que escreve, é hora de pensar no plot (e na pergunta mais difícil que um autor iniciante se faz: “que história eu vou contar?”).
Até lá!
3 comentários:
Adorei as dicas! Tenho muitas ideias, o problema é que nunca consigo finalizar um texto, vou me enrolando..
Faz um post sobre isso!
Beijos!
Olá! Obrigada pelas dicas. Já há algum tempo que trabalho em um livro e sinto que uma das minhas maiores limitações é justamente a gramática!
Estou escrevendo há uns quatro meses e faço algumas interrupções ao longo do processo. Acabo travando em uma situação ou outra da história. Considera isso normal?
Ana Beatriz, o próximo post vai falar um pouco disso, sim! Porque livro tem que ter começo, meio e fim, né? Cada autor tem seu ritmo próprio, mas não dá pra abandonar algo tão legal e tão seu!!! E, Anônimo, é normal sim. No próximo texto, vou contar uma historinha sobre o ritmo próprio. Acompanhem :)
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