Hoje é a primeira parte da minha
entrevista com autores brasileiros que estão participando da Bienal. E hoje
quatro autores falam um pouquinho sobre o mercado editorial e sobre seus livros
preferidos, em meio a sessões de autógrafos e bate-papos na Bienal.
Apesar de serem autores de gêneros
literários diferentes, com temas muito diversos entre si, todos foram unânimes em
dizer que encaram com otimismo o futuro do mercado editorial. Vamos conferir as
perguntas e respostas?
A CARINA RISSI é autora de vários livros:
a série Perdida, Procura-se um Marido e No Mundo da Luna (uma das capas mais
lindas que eu vi nos último tempos!), todos publicados pela Editora Verus, do Grupo Editorial Record. Na Bienal do Rio, a Carina participou de
palestras e deu muitos autógrafos no lançamento do livro novo, Destinado, da série Perdida. Além disso, ela participou de
uma verdadeira maratona na sede da editora Record, autografando DOIS MIL
exemplares de Destinado. As Memórias
Secretas do Sr. Clarke.
Ana
Resende: Como é ser uma escritora brasileira em 2015?
Carina
Rissi: As redes sociais aproximaram os
escritores de seus leitores, e muitos hoje ganharam status de pop-star, algo
inimaginável vinte anos atrás. O cenário nunca esteve tão favorável quanto hoje
em dia, por isso, acredito que temos a responsabilidade de manter o leitor
interessado, apresentando bons trabalhos.
A.R.:
Algum livro que você leu te levou a querer escrever? Qual foi? E por quê?
C.R.:
Todos os livros da Jane Austen me
inspiram demais, não importa que eu já os tenha lido dezenas de vezes. Amo a
maneira como ela constrói as personagens, o jeito que costura a trama — aos
pouquinhos sem que o leitor perceba até que tudo explode —, as reviravoltas.
Ela faz parecer tão fácil (e, obviamente, não é!).
O LUIZ ANTONIO AGUIAR,
além de pesquisador dos clássicos da literatura brasileira e estrangeira, é
tradutor e escritor, com mais de cem títulos publicados. Em sua carreira, Luiz
ganhou prêmios literários importantes no Brasil e no exterior. Homero: Aventura Mitológica, que
reconta a história do poeta grego, e foi publicado pela Galera Record, além de receber o título “Altamente Recomendável
FNLIJ 2015”, está no Catálogo de Bolonha
2015, como representante da literatura brasileira.
Ana
Resende: Como é ser um escritor brasileiro em 2015?
Luiz Antonio Aguiar: Ser um escritor no Brasil é muitas coisas. Entre outras, tentar
acompanhar esses rolos de ser um país à beira do mundo mais moderno, mais rico,
onde direitos são mais respeitados. A criança e o jovem vivem de maneira muito especial esse
dilema entre o entre o ser brasileiro e ser cidadão do século XXI, num
mundo hiperconectado.
A.R.:
Algum livro que você leu te levou a querer escrever? Qual foi? E por quê?
L.A.G.: Não foi
um livro em particular, mas foi o mundo dos livros, com Monteiro Lobato, Mark
Twain, Machado de Assis, Charles Dickens, Alexandre Dumas, Bram Stoker, Stephen
King, Agatha Christie, Conan Doyle. . . Gabriel Garcia Márquez, José Saramago.
. . e por aí vai.
A PATRICIA BARBOZA é uma das autoras mais
queridas (e sorridentes!) da Editora Verus,
do Grupo Editorial Record, e desde
2002 (quando publicou o primeiro livro) vem conquistando cada vez mais
leitores. Além de autora da série As
Mais, publicado pela Verus, a
Patricia foi uma das autoras que participou de O Livro das Princesas, que saiu em 2013 pela Galera Record. No Livro,
ela reconta a história de Rapunzel, dos irmãos Grimm.
Ana
Resende: Como é ser uma escritora brasileira em 2015?
Patricia Barboza: Felizmente
é ver crescer o reconhecimento da qualidade da nossa escrita. Produzimos livros
tão bons quanto os estrangeiros. É uma alegria imensa ver filas de horas para
conhecer e ter o livro autografado por um autor brasileiro. A internet e as redes
sociais colaboram muito com essa divulgação e contato direto com o autor. Cada
vez mais me sinto motivada a trabalhar e produzir livros com a melhor qualidade
possível, pois o leitor merece esse carinho.
A.R.:
Algum livro que você leu te levou a querer escrever? Qual foi? E por quê?
P.R.: Meus ídolos da infância
foram Maurício de Sousa e Monteiro Lobato. As aventuras da Turma da Mônica e as maluquices da Emília, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, me inspiraram muito a me tornar uma
autora, especialmente da área infantojuvenil.
O ANDRE GORDIRRO — nosso
autor-amigo-da-Galera — é o autor estreante na Bienal do Livro no Rio de Janeiro, com seu Portões do Inferno. Lendas de Baldúria. E se você está achando o
nome dele familiar é porque o André traduziu aqui pra Galera Record algumas das séries mais importantes do catálogo (e
das minhas séries preferidas também!), incluindo o incrível Brilhantes, do Marcus Sakey, publicado em 2015.
Ana
Resende: Como é ser um escritor brasileiro em 2015?
André Gordirro: Com certeza, bem mais fácil do que seria em 2005,
que dirá 1995. Hoje percebe-se que existe um fandom ao redor da literatura nacional fantástica, sem preconceito
pelo fato de o autor ter nascido aqui. Dá gosto saber que existe público
consumidor da sua obra, que não vai torcer o nariz pela pessoa não ter nome
gringo. E ainda que seja um meio cheio de egos, o que é natural em cultura,
sinto uma camaradagem um pouco maior do que imaginava.
A.R.:
Algum livro que você leu te levou a querer escrever? Qual foi? E por quê?
A.G.: O Rei do Inverno, do Bernard Cornwell [publicado pela Editora Record]. Quando li aquelas descrições
de combate brutal, falei: “é agora. Estou em casa. Finalmente alguém pensa
combate como eu. Quero fazer que nem ele.” Já admito que não fiz como ele em Os Portões do Inferno, até porque creio
que tempero minhas cenas de ação com um exagero mais cinematográfico, mas foi
ele que me deixou seguro para ir em frente.
A.R.: Como autor-amigo-da-Galera,
qual é o seu livro preferido da Galera Record? E por quê?
Leviatã, do Scott Westerfeld. O revisionismo histórico da Primeira
Guerra Mundial pelo viés steampunk é
muito bacana, e o estilo dele é sempre saboroso de ler. Um voo de imaginação de
ponta a ponta, ainda que ele conte basicamente a mesma história de Mulan.
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