6 de nov. de 2014

Galera entre letras: A moral da história...

Sempre que ouço essa frase “qual é a moral da história?”, me lembro das fábulas que eu lia ou que liam para mim quando eu era pequena.

Era fácil saber quando o texto era uma fábula: as histórias sempre eram curtinhas e tinham animais como personagens. E era fácil identificar os papéis de cada um dos animais na história: coelhos eram vítimas inocentes dos predadores, corvos eram aves espertas, e raposas, animais matreiros que viviam querendo levar vantagem em cima dos outros.

E sempre que a história terminava, havia um tipo de resumo, que também funcionava como “lição de moral” e, em geral, mostrava as consequências das ações dos personagens da fábula e dizia pra não agirmos desse ou daquele jeito.



Aqui, as ilustrações lindas do Arthur Rackham, um ilustrador muito famoso, para as fábulas de ESOPO. As fábulas costumavam ter em seu título o nome de quem as havia reunido ou criado. As mais famosas são as do grego Esopo e do francês Jean de la Fontaine.


E o engraçado é que eu cresci achando que toda história tinha que ter uma “lição de moral”, que todo texto tinha que “servir pra alguma coisa”!

Hoje eu queria falar um pouquinho sobre essa questão: será que a literatura serve pra alguma coisa?, feito, por exemplo, uma cadeira, que serve pra sentar?

E, caso ela realmente sirva para alguma coisa, será que a finalidade da literatura é SEMPRE dar lições de moral?

A pergunta é bem polêmica e só pra vocês terem uma ideia, muita gente boa, de Oscar Wilde a J. K. Rowling, já meio que deu seu pitaco.

E o grande problema aqui é: se atribuo uma utilidade pra literatura, então, eu a limito. Imaginem a seguinte situação: uma história que SEMPRE tem que incluir uma lição de moral ou SEMPRE tem que dizer algo relevante (eu, pessoalmente, adoro histórias meio nonsense e uma das séries de televisão que eu mais gostei na vida era “sobre nada”... mas vamos voltar aos livros).

Se a literatura não tem uma finalidade dada previamente, então ela (e a criação literária) teria que ser livre e não estar submetida a parâmetro algum (o que é o contrário da ideia de uma “arte ou literatura engajada”).

Mas a ideia de “arte pela arte” (ou de “literatura pela literatura”) pode levar a alguns exageros e até fazer a literatura perder a conexão com o mundo real. E a literatura (assim como a arte em geral) necessariamente parte do mundo real para chegar a outra coisa. Eu costumo dizer que a literatura sempre ACRESCENTA alguma coisa ao mundo, o que pode ser um olhar novo sobre aspectos menos conhecidos do mundo real ou mesmo a criação de coisas que não vemos nele.

E vocês? O que é que vocês acham? Toda história tem que ter uma “lição de moral” ou ela não precisa assumir o compromisso de “transmitir ideias ou sentimentos apropriados” ao leitor?

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