Depois de escrever aquela história caprichada, com um “plot” instigante e “subplots” interessantes, é normal você já querer sair publicando e até sonhar com a noite de autógrafos. Provavelmente, você já mostrou o manuscrito à família, aos amigos, e todos gostaram bastante. Isso é ótimo, pois a opinião de leitores-beta (isto é, os leitores do manuscrito antes de ser publicado) sempre é importante e, muitas vezes, nas conversas, surgem boas ideias e sugestões.
Mas você também vai precisar da leitura e das opiniões de profissionais ligados ao mercado, que vão analisar e pensar seu livro do ponto de vista editorial, em termos de texto, de “plot”, “subplots” etc. E, também, do comercial – quando a editora compra um manuscrito, faz um investimento e vai querer um retorno. O mais evidente é o número de exemplares vendidos, se o livro é um best-seller etc., mas existem outros retornos também: a criação de uma cara nova para a editora, a entrada numa outra fatia de mercado, credibilidade etc., que não são medidos pelas vendas.
E é nesse momento que começam a aparecer aquelas pessoas que eu mencionei da última vez: o preparador de originais, o leitor crítico, o agente, o editor de aquisições... Nem sempre eles vão estar envolvidos na negociação do seu manuscrito, mas como são figurinhas fáceis no mercado editorial é bom conhecer a função de cada um.
Quando você termina o manuscrito, o ideal é que contrate um preparador de textos para revisá-lo. Porque sempre tem errinhos, frases truncadas etc. que nem o corretor automático nem você vão detectar.
E agora eu mando a real: depois de um tempo, você deixa de ver os problemas do próprio texto. Eu costumo dizer que “o olhar se vicia”. Por isso, é bom ter um profissional que não leu o texto antes, pra que se tenha um olhar novo sobre o seu manuscrito.
Muitas vezes, o preparador de textos também faz a leitura crítica. E o que seria isso? “Leitor crítico” é alguém que vai ler o seu manuscrito procurando as falhas na trama, nas subtramas, na construção dos personagens, na ambientação (ou world-building). E poderá dar sugestões também para que você as solucione.
Obviamente, nenhuma dessas etapas garante a publicação do seu manuscrito, mas, como resultado, você vai ter um texto mais “maduro” do que a sua primeira versão. E o importante, a meu ver, é você dialogar com o(s) profissional(is). Se não entendeu alguma sugestão, converse com ele(s), pois isso certamente vai ter uma influência positiva no texto!
Uma vez que o manuscrito esteja preparado e revisado, você pode tentar enviar para uma editora. Normalmente, as editoras têm um endereço do tipo “originais@” ou “envio de originais@” através do qual recebem manuscritos. Cada uma tem as suas regrinhas quanto à leitura, prazos e feedback. Antes de escrever, leia atentamente porque não adianta ficar mandando e-mail todo santo dia!!! (E, sim, tem quem faça isso rs)
Outra maneira de dar visibilidade ao seu texto é participar de concursos literários. Hoje existem vários prêmios para autores iniciantes, que financiam a publicação do livro (ou parte dela), e algumas editoras também promovem concursos.
Mas também tem um profissional que se encarrega justamente da intermediação entre os autores e as editoras: o agente literário, que funciona da mesma maneira que um agente artístico. No caso do escritor, o portfólio é o manuscrito e o currículo. Em geral, os agentes são profissionais que já passaram por editoras e têm bons contatos, além da capacidade de ler criticamente um manuscrito e saber exatamente para qual editora ele serve. E talvez esse seja o grande achado do agente: saber onde encaixar o seu manuscrito (muitas vezes, o autor iniciante nem faz ideia do catálogo das editoras e não sabe muito bem a quem oferecer!).
Por fim, outra figurinha importante nesse processo é o editor de aquisições (ou, em alguns casos, o editor-executivo), isto é, aquele editor que vai ler e comprar o seu manuscrito ou vai sugerir a compra dele. Levando em conta o público-alvo, a qualidade do seu texto e até a possibilidade de venda do livro para o exterior, é ele quem vai bater o martelo e dizer se vale ou não a pena comprar o manuscrito. Ele também vai elaborar o seu contrato, além de ser o responsável por futuras negociações.
E se for editor-executivo, é ele quem vai dar o “ok” na última prova do livro e berrar a plenos pulmões: “preparem as máquinas!” (eu sei, ninguém grita isso, mas não seria nada mau... rs)
Na última coluna sobre o assunto, eu vou falar um pouco sobre o que acontece com o manuscrito após ser adquirido por uma editora. E se vocês acham que acabou a fase de revisões e mexidas, na-na-ni-na-não!
Um comentário:
Que bacana! Sempre me perguntei exatamente isso, por quais mãos um livro passava até chegar no leitor. Bom saber!
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