30 de jan. de 2013

GALERA POP – CAÇA AOS GÂNGSTERES

Você já viu esse filme antes: Caça aos Gângsteres mistura a trama e a estrutura de Os Intocáveis (1986) com a ambientação de Los Angeles – Cidade Proibida (1997). Revelado pela comédia Zumbilândia, o diretor Ruben Fleischer parece mais perdido do que figurante em tiroteiro ao encarar um gênero que tem uma linguagem própria, porém cheia de armadilhas fáceis e clichês manjados. E o cineasta justamente cai em todas essas armadilhas e arrasta consigo um bom elenco — Josh Brolin, Ryan Goslin, Sean Penn, Emma Stone — que merecia um material melhor. 

A história é baseada em fatos reais, narrados no livro Gangster Squad: Covert Cops, the Mob, and the Battle for Los Angeles (“Esquadrão Antigângsteres: Policiais Infiltrados, a Máfia e a Batalha por Los Angeles”, em tradução livre). Na Los Angeles de 1949, o mafioso judeu Mickey Cohen (Sean Penn) decide firmar um império na Costa Oeste dos EUA na base da truculência, após romper com o também judeu Meyer Lanski (ambos aparecem em Bugsy, de Warren Beaty, com Harvey Keitel como Cohen). Violentíssimo e ambicioso, Mickey Cohen tem a cidade inteira no bolso, a não ser por um esquadrão de policiais incorruptíveis montado para derrubá-lo, liderado por John O'Mara (Brolin). Ryan Gosling vive Jerry Wooters, o charmoso detetive que reluta em participar da operação até se envolver com a namorada de Cohen, Grace (Emma Stone). 
Este romance é um dos pontos descabidos da trama. Mickey Cohen sabe de tudo que acontece em Los Angeles, mas parece não perceber que a namorada some por horas e passa noites em outra casa, pondo-lhe um par de chifres. Em um filme carregado de clichês, onde está aquele em que o mafioso designa um motorista de confiança para ficar de olho na mulher ou manda um capanga segui-la quando dá por falta dela? O esquadrão em si é outro poço de lugares-comuns, em que cada integrante tem apenas uma função e é apenas definido por ela, sem se estabelecer como um personagem em si. Há o atirador de elite, o perito em escutas, o motorista de fugas. . . mas nenhum demonstra personalidade além de render boas piadas, momentos em que o diretor se sente mais à vontade. 

O resultado é um Os Intocáveis aguado e previsível, com tantas inconsistências e buracos na trama que haveria espaço para a trupe de Eliott Ness passar dando tchauzinho. Restam apenas o deleite de ver Los Angeles capturada pelas lentes de Dion Beebe (Oscar por Memórias de uma Gueixa; indicação por Chicago) e a diversão diante de uma apresentação da nossa Carmem Miranda (Yvette Tucker) cantando “chica-chica-bum” enquanto a boate dos mafiosos é invadida.

Mais informações no site oficial.
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André Gordirro, 39 anos, carioca, tricolor, escreve sobre cinema há 18 anos. Passou pelas redações da Revista MancheteVeja Rio, e foi colaborador da Revista SET por dez anos. Atualmente colabora com aRevista Preview e GQ Brasil. Leva a vida vendo filmes, viajando pelo mundo para entrevistar astros e diretores de cinema e, claro, traduzindo para a Galera Record. Nas horas vagas, consegue (tenta...) ler gibis da Marvel, jogar videogames e escrever o primeiro romance (que um dia sai!).

2 comentários:

Marli Carmen disse...

Oi, gostei da dica de filme...ainda não assisti.
Beijos


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M. Lidia Lima disse...

poxa, queria que fosse um filme bom sobre gangsters...