14 de dez. de 2012

Papos de Sexta – O instagram do vizinho é sempre melhor (por Frini Georgakopoulos)

Vamos brincar com uma teoria louca: digamos que o final do mundo se aproxima (ou não) e que (ou quando) alienígenas chegarem à Terra, tudo que restou da humanidade são alguns grupos de sobreviventes e o Facebook, o Twitter e o Instagram. Nada de Google, enciclopédias, livros, documentos, jornais... só redes sociais com o conteúdo que fora postado nelas antes do fim. O que eles veriam?

Levemos em consideração a timeline, os seguidores e os “amigos” de cada um que está lendo esse texto. Aposto que a maioria é composta por fotos de viagens incríveis (que você não foi), de festas imperdíveis (que você perdeu), de coisas caras (que você não tem) e de shows maravilhosos (que o orçamento não permitiu), com o post ocasional de algo “profundo” com dizeres de Clarice Lispector, por exemplo, ou de compartilhamentos de mensagens sarcásticas. Aposto que sua cabeça está balançando com cada linha escrita acima. Pois é, a minha também. Se tudo que tivéssemos para entender a vida em nossa atual sociedade fossem as mídias sociais, seríamos todos tachados de invejosos, exibicionistas e/ou recalcados. E não somos?

Qual a razão de se usar uma rede social? Compartilhar o que pensamos, sentimos, conquistamos e o eventual desabafo. Mas o que procuramos com isso? Aquela famigerada estrela dourada que ganhávamos na escola e mostrávamos com orgulho para nossos pais. Só que aqui, ela é disfarçada por comentários, likes, RTs, shares. Não importa o quão ricos somos, ou felizes, ou bonitos, ou bem sucedidos, a grama no Instagram do vizinho sempre será mais verde. 

Você viajou para um lugar paradisíaco e sua amiga (ou não tão amiga assim) está lá agora — bate a inveja “branca” de querer estar lá também.

Você emagreceu cinco quilos e compartilha o avanço no plano Verão 2013 — sua amiga (mais uma vez, ou não tão amiga assim) posta uma foto de biquíni... Ela tem dez quilos a menos do que você.

Você conquistou uma grana legal com freelas e comprou o tal celular que tanto queria — seu colega (pronto, assumi que não é amigo) compra um tablet e um celular ainda mais avançado que o seu, com capas lindas (meu foco é sempre no acessório! rs...)
Não adianta dizer “Que horror! Eu não tenho tanta inveja assim!”. Sorry, tem sim, porque você é um ser humano social e que tem a vontade de compartilhar com os outros as coisas bacanas que acontecem com você. O que importa não é a cor da inveja sentida, mas como você permite que ela afete seu humor, suas decisões.

Chegando dezembro, penso muito em como foi o ano, como quero que o próximo seja e traço algumas metas (só algumas, porque deixar espaço para o inesperado é essencial e bom demais!) e o plano de ação para conquistá-las. Parece chato, mas sou libriana e preciso de ordem e harmonia, então, me deixem! :) Continuando, uma dessas metas foi valorizar mais o conteúdo do meu Instagram, do meu perfil no Facebook e no Twitter. Não, não é loucura de quem curte o digital. É filosófico e metafórico. 

Se valeu a pena postar é porque fez diferença pra mim então quero valorizar isso, ver como cresci ou o que não devo repetir. Claro que nem tudo merece esse nível de importância ou reflexão (fala sério! Ninguém merece!), mas, pra mim, é importante curtir o que acontece na minha vida para poder aplaudir genuinamente o que acontece na vida dos que compõem a minha timeline, que me seguem, que me retuitam, que me curtem. 

Tudo isso foi, basicamente, para contar uma resolução de ano novo que fiz para mim e para quem quiser compartilhar: se algo te incomoda, descubra por que isso precisa ser assim e mude. Como diz a Nike: descubra sua grandeza e JUST DO IT! Feliz 2013, galera!

4 comentários:

Vivi Maurey disse...

Tb acho que a gente deva prestar mais atenção ao que postamos... valorizar e tal. QUem dita como a rede social funciona ou deixa de funcionar somos nós mesmos, então vale mais o que nós postamos. Não é legal ficar reclamando toda hora e/ou xingando todo mundo pq isso só deixa em evidência as coisas ruins. É bacana mostrar tb fotos de viagem, celular novo, saídas com os amigos? Com certeza! Acho que a inveja tá nos outros. Evitar ou deixar de fazer alguma coisa só pq vai gerar inveja, na minha opinião, é besteira. Acho que curtir a vida e tudo o que ela representa é para todos e não para alguns apenas. Se tá curtindo, pq não compartilhar?

Muito bom o post, Frinoca! Bjão!!!

Unknown disse...

Caramba Frini! Eu continuo repetindo que quero ser como vc qd eu crescer!!! Você consegue desnudar assuntos complexos e dúbios de maneira simples objetiva e sem pudor!
Isso não é um post, é uma analise sócio-virtual dos dias atuais. Espero conseguir fazer minha a sua determinação tb, mas confesso ter pouca esperança disso: tenho pouco (ou nenhum) tempo pra valorizar minha vida sócio-virtual. Mas é um texto que nos faz pensar no óbvio e como nunca percebemos antes como é óbvio..
Enfim... Parabéns!!

Janda Montenegro disse...

É, é por aí. E é nessa época do ano que só aumenta esse tipo de sentimento, porque o presente de Natal do coleguinha é melhor, a viagem de ano novo do "amigo" é mais bacana e sua vida, sempre, sempre, parece mais chata do que verdadeiramente é.
Isso só mostra que antes do fim do mundo a gente tem que se reunir pra uma cerva e fazer o balanço do último biênio - ah, porque pessoas como nós funcionamos de dois em dois anos, tal como uma bienal rs.
beijos

Raffafust disse...

Oi Frini

Mais uma vez uma bela coluna que nos faz refletir sobre o velhor dilema " A grama do vizinho é mesmo sempre mais verde que a minha?" Estamos sempre procupados com o que devemos aparentar e não com o que somos... a internet só trouxe mais visibilidade ao mundo que vivemos e a todos esses fatores! beijos imensos