25 de jun. de 2015

Galera entre letras: Quem disse que contos de fadas são coisa de criança?

No qual eu falo sobre contos de fadas. Nem sempre a vida é cor-de-rosa pros personagens...

Outro dia saiu uma matéria muito interessante sobre contos de fadas que combatem a visão preconceituosa de que eles seriam (apenas ou sempre) historinhas pra crianças, ou de que contos de fadas incentivam — ou reforçam — preconceitos (sobretudo, os de gênero), ou, ainda, que pregam a passividade e a submissão. Nada mais errado do que dizer isso (e nas próximas colunas eu vou provar pra vocês!)
Mas até lá — e já que as férias estão chegando — que tal a gente conhecer (ou se lembrar de) contos de fadas com “algo mais”?! Desta vez, vou mostrar três livros escritos originalmente em inglês, e, na próxima coluna, vamos falar de livros escritos em português (aceito dicas de quem tiver!).

O primeiro livro é de uma das minhas autoras preferidas, JANE YOLEN. Ela já teve alguns livros infantis traduzidos para o português, mas até agora não vi nenhum de seus contos de fadas publicados por aqui. O livro Not One Damsel in Distress: World Folktales for Strong Girls [algo como Aqui Não Tem Donzelas em Perigo: Folclore Mundial para Garotas Fortes] já agrada só pelo título. Tem como não amar?! E a Jane Yolen é uma contadora de histórias maravilhosa, que volta e meia é comparada ao próprio Hans Christian Andersen.
Aqui Não Tem Donzelas em Perigo é uma coletânea de histórias do mundo todo (sobretudo, europeias) que mostra uma outra versão dos contos de fadas, na qual o girl power é elevado à enésima potência! É um livro fininho, e eu considero uma ótima introdução ao estilo da autora, que escreveu um dos meus recontos preferidos, Briar Rose, uma versão da Bela Adormecida que une os contos de fadas a um tema muito triste e sério: o holocausto e a ascensão do Nazismo na Alemanha.

O segundo livro que eu quero indicar é de um autor bem conhecido também — GREGORY MAGUIRE —, que ficou muito famoso por escrever continuações das histórias do Mágico de Oz. O livro mais famoso é Wicked, que virou até musical! O Gregory tem alguns livros publicados por aqui, mas Confessions of An Ugly Stepsister [numa tradução livre, Confissões da Irmã Adotiva Feia] ainda é inédito. E vale a pena ler! Será que “a irmã adotiva” do título fez você se lembrar de alguém? Bom, se você pensou nas irmãs da Cinderela, acertou!  O livro reconta a história da bela Cinderela sob o ponto de vista da irmã adotiva e feinha. E também fala de como é conviver com irmãos, filhos de pais diferentes. O mais interessante do livro é a chance de refletir sobre as aparências e sobre as relações familiares.

O último livro que eu queria indicar é de um dos meus autores favoritos de todos os tempos, GRAHAM JOYCE, e é um ótimo livro pra quem não curte tanto assim a ideia de fadas-madrinhas ajudando mocinhas indefesas, ou de príncipes que casualmente encontram princesas adormecidas na floresta. Some Kind of Fairy Tale [numa tradução livre, Meio que um Conto de Fadas] é uma história curiosa, mas que também faz pensar: a protagonista do livro some durante 20 anos (o livro mostra um pouco do que acontece com a família, de como é lidar com a perda de alguém, por isso tem uma pegada bem realista), mas o problema é que, depois de 20 anos, ela volta (literalmente batendo à porta da casa dos pais) e com a mesma aparência que tinha ao desaparecer! O que é que pode ter acontecido com ela? E quais são as consequências de seu retorno (que, obviamente, vai mexer um bocado com os familiares e até com o ex-namorado)? Essas são as perguntas que a gente se faz ao ler o livro e nem sempre as respostas agradam.



E quem gostou dessa ideia de recontar os contos de fadas pode dar uma olhadinha numa coluna antiga, na qual traduzi “seis contos de fadas para a mulher moderna”, da Renee Lupica.


Por hoje é só. Espero que vocês gostem das dicas. E até a próxima! 

Um comentário:

Larissa Oliveira disse...

Adorei as dicas! Com certeza vou procurar ler