No qual eu falo sobre contos de fadas. Nem sempre a vida é
cor-de-rosa pros personagens...
Outro dia saiu uma matéria muito
interessante sobre contos de fadas que combatem a visão preconceituosa de que
eles seriam (apenas ou sempre) historinhas pra crianças, ou de que contos de
fadas incentivam — ou reforçam — preconceitos (sobretudo, os de gênero), ou,
ainda, que pregam a passividade e a submissão. Nada mais errado do que dizer
isso (e nas próximas colunas eu vou provar pra vocês!)
Mas até lá — e já que as férias estão
chegando — que tal a gente conhecer (ou se lembrar de) contos de fadas com
“algo mais”?! Desta vez, vou mostrar três livros escritos originalmente em
inglês, e, na próxima coluna, vamos falar de livros escritos em português
(aceito dicas de quem tiver!).
O primeiro livro é de uma das minhas
autoras preferidas, JANE YOLEN. Ela já teve alguns livros infantis traduzidos
para o português, mas até agora não vi nenhum de seus contos de fadas
publicados por aqui. O livro Not One
Damsel in Distress: World Folktales for Strong Girls [algo como Aqui Não Tem Donzelas em Perigo: Folclore
Mundial para Garotas Fortes] já agrada só pelo título. Tem como não amar?!
E a Jane Yolen é uma contadora de histórias maravilhosa, que volta e meia é
comparada ao próprio Hans Christian Andersen.
Aqui
Não Tem Donzelas em Perigo é uma
coletânea de histórias do mundo todo (sobretudo, europeias) que mostra uma
outra versão dos contos de fadas, na qual o girl
power é elevado à enésima potência! É um livro fininho, e eu considero uma
ótima introdução ao estilo da autora, que escreveu um dos meus recontos
preferidos, Briar Rose, uma versão
da Bela Adormecida que une os contos
de fadas a um tema muito triste e sério: o holocausto e a ascensão do Nazismo
na Alemanha.
O segundo livro que eu quero indicar é
de um autor bem conhecido também — GREGORY MAGUIRE —, que ficou muito famoso
por escrever continuações das histórias do Mágico
de Oz. O livro mais famoso é Wicked,
que virou até musical! O Gregory tem alguns livros publicados por aqui, mas Confessions of An Ugly Stepsister [numa
tradução livre, Confissões da Irmã
Adotiva Feia] ainda é inédito. E vale a pena ler! Será que “a irmã adotiva”
do título fez você se lembrar de alguém? Bom, se você pensou nas irmãs da
Cinderela, acertou! O livro reconta a história da bela
Cinderela sob o ponto de vista da irmã adotiva e feinha. E também fala de como
é conviver com irmãos, filhos de pais diferentes. O mais interessante do livro
é a chance de refletir sobre as aparências e sobre as relações familiares.
O último livro que eu queria indicar é
de um dos meus autores favoritos de todos os tempos, GRAHAM JOYCE, e é um ótimo
livro pra quem não curte tanto assim a ideia de fadas-madrinhas ajudando
mocinhas indefesas, ou de príncipes que casualmente encontram princesas
adormecidas na floresta. Some Kind of
Fairy Tale [numa tradução livre, Meio
que um Conto de Fadas] é uma história curiosa, mas que também faz pensar: a
protagonista do livro some durante 20 anos (o livro mostra um pouco do que
acontece com a família, de como é lidar com a perda de alguém, por isso tem uma
pegada bem realista), mas o problema é que, depois de 20 anos, ela volta
(literalmente batendo à porta da casa dos pais) e com a mesma aparência que
tinha ao desaparecer! O que é que pode ter acontecido com ela? E quais são as
consequências de seu retorno (que, obviamente, vai mexer um bocado com os
familiares e até com o ex-namorado)? Essas são as perguntas que a gente se faz
ao ler o livro e nem sempre as respostas agradam.
E quem gostou dessa ideia de recontar
os contos de fadas pode dar uma olhadinha numa coluna antiga, na qual traduzi
“seis contos de fadas para a mulher moderna”, da Renee Lupica.
Por hoje é só. Espero que vocês gostem
das dicas. E até a próxima!
Um comentário:
Adorei as dicas! Com certeza vou procurar ler
Postar um comentário