O
artigo original está aqui pra quem quiser ler, mas
resolvi aproveitar a deixa e pensar “o que faz uma boa adaptação televisiva
ou cinematográfica?”
Volta
e meia livros são adaptados, e, volta e meia também, fãs ensandecidos reclamam
do que fizeram aos seus personagens ou cenas favoritas. Em geral, o tom é
bastante raivoso rs, basta ver os comentários dos leitores sobre Game of
Thrones, por exemplo, a adaptação para a TV do livro de George R. R. Martin que
tem o mesmo título.
Curioso
é que Martin é roteirista da série, ou seja, o próprio autor está adaptando o
texto e fazendo as modificações, mas, ainda assim, seus milhares de leitores
reclamam bastante (confesso que não posso dar palpites quanto a isso porque
estou vendo apenas a série e ainda não sei se vou encarar todos aqueles
livros). De qualquer forma, fica evidente que são mídias diferentes, mas que
nem sempre as pessoas se dão conta disso.
O
recurso do livro para criar ambientação e personagens são as descrições, que
podem ser bem longas e detalhadas ou menos abrangentes (deixando espaço para a
imaginação do leitor), além dos diálogos, mas não há uma limitação de páginas
(um volume único pode ter mil páginas ou as mil páginas podem estar divididas
em dois ou três volumes). E, se o livro tiver passagens chatas, sempre dá para
pular ou acelerar o ritmo da leitura.
Com o
filme não é bem assim. Por um lado, ele conta com o recurso da imagem (o que
pode não ser uma coisa tão boa assim; muitas vezes, a imagem nos induz a
conceber os personagens dessa ou daquela maneira e isso tem sido criticado,
sobretudo, no que se refere aos filmes infantis); por outro, o filme é limitado
e tem um tempo predefinido (e tudo bem que hoje a gente tem séries de filmes; a
questão é que a limitação continua a mesma porque, de uma forma ou de outra,
cada filme tem que ser visto como uma unidade separada e, em linhas gerais, tem
que ter começo, meio e fim). Portanto, as descrições minuciosas do livro já não
fazem sentido com o recurso da imagem.
Questões
estéticas ou tecnológicas também têm a sua importância, e, muitas vezes,
dependendo do ator contratado, um personagem pode ganhar menos ou mais
destaque. Às vezes aquele personagem secundário no livro se sai bem na tela e não
é raro ver um protagonista perder importância por causa de quem o interpreta.
Ou ainda ficar mais velho ou mais novo para se adaptar ao intérprete ou a
alguma exigência do roteiro.
O mais
importante nessas discussões sobre adaptações, ao meu ver, é perceber a diferença
das mídias e analisar a adaptação como algo independente do livro. O que é uma
boa justificativa para o fato de, por exemplo, eu ainda não ter lido Martin! Se
a trama está “redonda” (com personagens bem construídos etc.) e satisfaz minhas
exigências enquanto espectadora, os livros podem esperar.
Uma
pergunta que sempre me faço é se existem livros que não podem ser adaptados
para outras mídias. Assim, de imediato, não me lembro de nenhum, mas na próxima
coluna vou contar pra vocês sobre uma adaptação que nunca saiu do papel, mas
que eu gostaria muito de ver: a adaptação de Nas Montanhas da Loucura, de H. P
Lovecraft, que seria feita por ninguém menos que Guillermo Del Toro!
2 comentários:
Oi Ana! Muito legal o seu texto, adaptações são sempre o calo no pé dos leitores mais fanáticos. E vale ressaltar que o George R.R. Martin não é "o roteirista" de Game Of Thrones, ele só escreveu alguns (poucos) episódios ao longo dessas quatro temporadas.
Só acho que quem escreveu isso deveria ler os livros de Game of Thrones antes do que julgar somente pela série. A maior parte dos fãs do livro entende que certas mudanças são necessárias mesmo, agora quando se exclui algo importante para incluir uma cena inútil então não. O mesmo se pode dizer de filmes que estragaram uma boa oportunidade de adaptação. Vide Eragon, Cidade dos Ossos. Bons livros que tiveram mudanças desnecessárias e perderam a chance de continuar no cinema. Um exemplo contrário é a saga Harry Potter, que mesmo com certas mudanças foi muito bem adaptado e tem milhares de fãs que leram e também não leram satisfeitos. Acho que uma boa adaptação deve ser feita para agradar os leitores e também aqueles que não leram buscarem a leitura.
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