Na coluna passada eu falei de como os livros refletem a maneira pela qual vemos o mundo e que, muitas vezes, fazemos amigos (ou não) por causa do gosto por certos livros.
E isso vale também para os autores dos livros... Ao ler uma história, vocês já se flagraram fazendo comparações do tipo: “Hum... essa parte me lembra tanto a história do X, Y ou Z?!” ou comprando um determinado livro porque na capa (ou na quarta capa ou na orelha do livro) diz que “Fulano ou Fulana (ponham aí o nome do seu autor ou autora favorito) gostaria de ter escrito este livro”?!
Eu vivo comprando livros que meus autores favoritos recomendam, e sou daquelas que ADORAM ler entrevistas pra descobrir quais foram as influências dos autores na hora de escrever tal ou tal história. E essa influência não é, de modo algum, uma coisa ruim. Ao contrário. Trabalhando com livros (e depois de tentar escrever três dissertações de mestrado super-inéditas-nunca-jamais-pensadas-só-que-não...), comecei a me dar conta de que boa parte das ótimas ideias sobre as quais eu lia... já tinha sido pensada antes ou, pior, já tinha sido até escrita.
E eu acho que a maior qualidade de um autor é justamente ele reconhecer as boas influências que teve e tentar acrescentar alguma coisa àquela história. Sem a preocupação de falar sobre algo novo, inédito ou jamais visto. Mas, sobretudo, se divertindo. E as boas influências também não precisam vir apenas dos livros; muitas vezes, uma música, um filme ou um quadro pode ser inspiração suficiente para um autor. E, muitas vezes, uma boa ideia e boas influências levam um diretor de cinema a escrever uma história divertida para homenagear os... livros.
Uma das leituras mais legais do ano passado (e, no meu caso, não é raro misturar trabalho com diversão) foi o livro Casa dos Segredos, do Chris Columbus e do Ned Vizzini, traduzido para o português por André Gordirro e publicado em 2014 pela Galera Junior. Eu já tinha lido um livro (e gostado bastante!) do Ned Vizzini e conhecia o Chris Columbus, que dirigiu filmes como Esqueceram de Mim e Harry Potter e a Pedra Filosofal. E já tinha ouvido falar que a J. K. Rowling estava adorando o livro deles e até havia escrito um “blurb” (“blurb” é um termo complicado de traduzir, mas, no mercado editorial, são aquelas pequenas frases elogiosas que aparecem na capa ou na contracapa de um livro, escritas por alguém famoso). A frase da J. K. Rowling para o livro foi esta: “Uma aventura apaixonante sobre o poder secreto dos livros.”
E essa frase resume muito bem o Casa de Segredos. É uma homenagem a livros e autores que nós conhecemos e amamos (e que o Ned e o Chris amam também!), e a histórias que já foram contadas mil vezes, mas das quais nunca enjoamos. Todas as minhas histórias favoritas estavam ali para ser lembradas: Harry Potter, os Goonies, mas também livros clássicos, como A Ilha do Tesouro ou O Gigante de Ferro, e até representantes de weird fiction (um subgênero da ficção fantástica, que tem como principal nome H.P. Lovecraft).
Por isso, chego à conclusão de que nem sempre a influência dá angústia. Muitas vezes, ela vem com gosto de “quero mais”.
Ótimas leituras e ótimas influências pra vocês!
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