19 de abr. de 2013

A probabilidade da vida de verdade

No Embarque com a Galera — que aconteceu aqui no Rio de Janeiro —, um dos brindes lindos que ganhamos foi um exemplar de A probabilidade estatística do amor à primeira vista. Mesmo tendo uma lista cada vez mais extensa de livros comprados e não lidos, fiquei tão interessada nele que resolvi passá-lo na frente dos outros e não me arrependi.

Para quem não sabe, o livro conta a história de Hadley, uma americana que está indo para o casamento de seu pai com a madrastra que ainda não conhece, em Londres. Nem um pouco animada, ela se atrasa e perde o voo, por apenas 4 minutos. Quatro minutos esses que a vão fazer conhecer Oliver enquanto espera o próximo voo, um cara fofo que dá vontade de perder todos os voos que formos pegar daqui para a frente. 

Mas o tema de minha coluna é inspirado no livro, mas não sobre o livro.

Para quem não sabe, trabalhei durante mais de um ano em uma função que me fazia ir quase todos os dias ao aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ali, entre horas de espera, vivi e vi muitas histórias. E aeroportos são sempre a mesma coisa; um mundo de nacionalidades transitando de um lado para outro, com ou sem malas, e geralmente para quem trabalha dá sempre aquela sensação do personagem de Tom Hanks em Terminal: você vai lá todo dia, conhece aquele aeroporto melhor do que ninguém, mas pegar um voo que é bom, nada! Parece que mora naquele local onde só há dois tipos de pessoas: os "com pressa" e os que "fazem hora".

Como sempre fui pontual, eu chegava até antes e isso me fazia seguir um ritual. Eu descia do ônibus, ia direto para livraria de lá, cumprimentava todo mundo, às vezes comprava um livro, às vezes só tinha grana para uma revista ou chiclete, e depois ficava sentada em frente ao portão que sairia a pessoa que tinha que recepcionar. Sempre com meu livro a tiracolo, às vezes conseguia terminar porque o voo atrasava, às vezes na melhor parte as pessoas começavam a desembarcar e eu tinha que parar e continuar outra hora.
Em um ano você vê muita coisa: vi muito artista sendo fofo e tirando a foto pedida pelo fã com a maior boa vontade do mundo, teve um jogador de futebol que quase perdeu o voo porque foi esperar o cara comprar a camisa do time na loja do aeroporto, mas mesmo assim sorriu assinando a mesma e agradeceu como se ele fosse o anônimo pedindo o autógrafo.

Já vi muito artista negar tirar uma simples foto, vi casal famoso brigando — podia ter ganho uma grana dessas revistas de fofoca — e noiva pegando traição de noivo indo levar a outra no aeroporto. Vi quem desceu esperando encontrar alguém que não veio, vi quem veio esperar com flores e urso, e a namorada — ou ex — saiu do desembarque com outro, nem se lembrando do que havia deixado aqui. E também passei por cenas estranhas como a do senhor que mesmo com uma livraria gigante no local, cismou que queria comprar meu livro! Ele alegava que aquele era diferente do vendido —- e realmente era, estava autografado! Mas ele não tinha como ver isso! — e que pagaria o dobro para ter ele. Aleguei que era presente de uma pessoa que já se foi, ele pareceu entender, mas ficou me olhando até embarcar.

Também certa vez uma mulher me olhava muito, estranhei e mudei de posição discretamente como se procurasse alguém. Quando vi que ela veio atrás, eu perguntei se ela me conhecia e ela disse : "Não, mas você parece demais uma amiga minha que já morreu, posso tirar uma foto com você? Queria mostrar para meu marido!" Inventei uma desculpa, disse que tinha horror a foto e saí correndo.

Mas confesso que gostaria de ter lido naquela época esse livro para ter esperança de que bonitas histórias no aeroporto também acontecem. Se vi alguma, não percebi, com as histórias bizarras que me chamavam mais atenção. Não que não tivessem casais apaixonados indo e vindo, mas nunca percebi nenhum que me chamasse a atenção pela fofura das conversas de Oliver e Hadley. E vocês devem estar se perguntando: e você, ninguém puxou papo como quem não quer nada? Se sim, não notei, tinha namorado na época e como era comum dar informações porque vivia lá nem me ligava.

Pensando bem, depois dessa história fofa, e já que a próxima viagem está marcada, vou parar um pouco de ler os livros, derrubá-los no chão e ver se a história se repete ;) 

17 comentários:

Ana disse...

que lindo Raffa!!!
só achei meio (muito) bizarro a história da mulher querer tirar foto com vc... rsss...
Adorei o post!!!
Bjos!!!

Elaine Santos disse...

Oi Raffa...
Deve ser bem legal trabalhar no aeroporto... Com uma livraria perto, é melhor ainda!
As histórias que você viu foram bem bacanas, e confesso que eu ri na parte em que a mulher quis tirar foto com você.
Deve saber que estou louca para ler esse livro, se eu não encontrar meu futuro namorado em uma livraria, quem sabe eu não o encontre em um aeroporto? haha'

Beijos Amiga,
Elaine Santos.

Anônimo disse...

Oi Raffa

Adorei sua coluna!
Não sabia que tinha trabalhado 1 ano no aeroporto! Muito maneira as suas histórias, acho que você devia escrever um livro com todas elas!

Beijão amiga!

Patty Gonçalves

Unknown disse...

Acho que essa foi a sua coluna mais linda, Raffa! ADorei! Nossa, tanta história incrível! Você deveria escrever :)

E ler é bom demais, mas vale levantar os olhos para deixar as coisas acontecerem também, hein? :)

beijocas!
Frini

Unknown disse...

terminei o livro ontem e é muito fofo.... fico imaginando se essas histórias de aeroporto acontecem...
estou prestes a tornar os aeroportos minha casa, já que semana q vem faço minha prova da Anac pra enfim ter minha licença para voar...e quem sabe aí eu encontre um Oliver para minha vida...

Lygia Netto disse...

podia ter ganho uma grana dessas revistas de fofoca [...]

FATO! Concordo com a Frini e tbm acho que vc deveria escrever um livro. Mas acho que tinha que ser de crônicas cômicas, no estilo de Adultos Sem Filtro, Hahaha...ia arrasar e ficar rhyca!!! o/

Lany disse...

Que post lindo Raffa! Adorei toda as histórias que você presenciou no aeroporto... Fiquei curiosa para saber quem era o jogador tão simpático rs!

Larissa Fernandez Carvalho disse...

Ele já é o próximo que vou ler, só porque você falou tão bem dele. To super ansiosa pra ver como a história se desenvolve :)

Nathy_bells disse...

Linda coluna Raffa, eu sempre sonho para que algo parecido aconteça comigo; encontrar ou reencontrar alguém especial em um aeroporto....

Lembra muito também um programa do GNT chamado "Chegada e Partidas", vale a pena assistir

kathiaviana disse...

Oi Raffa!!Gosto muito da maneira que escreve, sempre com bom humor! Ri muito com a mulher que queria tirar foto com você ... e saiu correndo!!!!Sua coluna é ótima! Beijos

Tatiane Alves disse...

Aaah para, você sempre me surpreendendo, amo aeroportos, rodoviárias, e toda esta vibe de encontros e partidas da Elis Regina Rs' sempre fico fantasiando a história de vida de cada um, e me acabando emocionalmente, com as que presencio, suas histórias entāo...ótimas! Nāo senti medo com a moça da foto, já passei por isto, mas o Senhorzinho do livro...Jesus! Aah a estória do livro, me lembrou 5 Minutos do divo José de Alencar, é beeem arrebatadora e tudo, por causa de um atraso. Para variar, sua review está ótima! Parabéns e Sucesso sempre! ^_^

Luiza disse...

Quero ler o livro s2 Adorei a parte que você falou "ou parar um pouco de ler os livros, derrubá-los no chão e ver se a história se repete " RRSRSRrsrsr em livro e filme sempre aparece Aquela pessoa especial do nada!Quero a realidade assim.
Bjs
http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/

Ana disse...

Que lindo! :'-} Amei demais! Estou justamente com esse livro em mãos agora para ler! Já passei muito tempo em aeroportos também, mas nunca dei atenção a isso. Estou ainda mais curiosa sobre a história do livro e acho que depois de lê-lo, vou ver as horas sentadas em terminais de aeroportos com outros olhos e elas irão se tornar mais interessantes *-*

Amei a coluna! Parabéns, Beijos =-*

Claudia disse...

Adorei Raffa, devem se tornar comum trabalhos diferentes quando você o realiza todos os dias mas se procurar na memoria tenho certeza que vai encontrar algo diferente em algum desses dias em que você esteve lá. Mesmo você não falando da estória do livro fiquei muito interessada em ler.

Saudades de você.
Beijos,

deborahandrade disse...

Nossa irmã não sei qual história é mais bizarra, a da amiga que morreu ou a do moço que queria comprar seu livro Oo Bizarras as duas xD
Adorei a história do livro, ele realmente parece ser bem fofinho!
Quem sabe da próxima vez você não encontra seu Oliver?! Ele pode estar perdido num aeroporto ai da vida só te esperando... Adorei a coluna, ótima como sempre!
Beijos!

Evelyn Chen disse...

Trabalho em Aeroporto também, sei bem o que vc quis dizer com:pegar voo que é bom... Nada!
Acho que hoje nós carecemos de um final feliz, por isso nos prendemos a histórias bonitas, pois quem não quer viver todos os dias com desfecho satisfatório e que nos dê mais esperança para o dia seguinte?
Adorei a postagem. Acho que as cenas que vc presenciou dariam realmente um livro, rs.

Unknown disse...

Eu gostei do livro mas comigo só aconteceria essa situação na rodoviária ou estação de trem já que nunca fui num aeroporto nem andei de avião. Só em livros mesmo, kkk.

Érica Martins
Espiral dos Sonhos