23 de jan. de 2015

Papos de Sexta: Inspiração

Toda vez que um autor é entrevistado, a pergunta clássica é feita: “de onde você tira inspiração?”. E as respostas são as mais amplas e interessantes (ou banais) possíveis.

Mas não são apenas artistas (sim, autores também são artistas!) que precisam se inspirar. Eu gosto de escrever e de criar histórias, e encontro inspiração em músicas, em performances que toquem meu coração, em troca de olhares, em praticamente tudo. Só canto quando dirijo (o que é bom demais pra mim e igualmente hilário para os motoristas a minha volta) ou quando estou com sozinha e com medo, não consigo desenhar nem que seja para salvar a minha vida, e tocar um instrumento então! NOSSA! Que tristeza para os ouvidos alheios! Mas consigo escrever e gosto muito! Não somos artistas, mas isso não quer dizer que não possamos nos inspirar.

Notem que eu encontro a inspiração e não a busco. Acho que ela aparece quando estamos prontos para recebê-la e preparados para agir a fim de não perdê-la. Faz sentido? Espero que sim.

As premiações cinematográficas começaram nos Estados Unidos e as sigo desde pequena. Antes, eu torcia loucamente pelos meus atores favoritos, mas depois que a gente cresce e entende a indústria por trás de tudo, a torcida mudou um pouco. Agora, só assisto para dar uma olhada nos vestidos divos e, principalmente, por causa dos discursos de agradecimento.

Quando era pequena, assisti ao primeiro Oscar que contou com a atriz Whoopi Goldberg como apresentadora. Foi ótimo! Ela foi engraçada e tudo era perfeito e aí, no final da premiação, ela virou para a câmera e falou “Obrigada a todos por terem assistido. Hoje você está sonhando, mas um dia você pode estar aqui.” E aquilo me tirou o fôlego! Anos — que mais parecem milênios! — mais tarde, já formada em Jornalismo e Artes Cênicas, aquilo nunca saiu da minha cabeça.  Ainda não fui parar no Oscar (ainda!), mas a inspiração foi muito além de uma festa. Acordou em mim a vontade de fazer acontecer.

Mas aí, com o passar dos anos, vi essas vozes se calarem, não por imposição, mas por aparente falta de vontade. E no Globo de Ouro deste ano foi a primeira vez, em muito tempo, que os discursos foram além da lista de sempre (empresário, agente, membros da academia, etc.). Não sei se foram os acontecimentos em Paris que fizeram a voz de Hollywood voltar a funcionar, se foi a ameaça à liberdade de expressão que fez pessoas privilegiadas aproveitarem a oportunidade de utilizar essa posição para inspirar outros, como Whoopi me inspirou uma vez. Ou se, simplesmente, eles acordaram inspirados.

As palavras corretas ditas no momento oportuno formam uma combinação poderosa. Elas podem ferir, mas também podem inspirar. Quando machuca, passa. Mas, quando inspira, é para sempre. A inspiração que nos leva a continuar a luta, a conquistar nossos sonhos, a fazer a diferença é uma semente que pode ser regada facilmente com poucas palavras. E aí ela floresce rápida e continuamente. O importante é não se deixar calar, não deixar o coração endurecer, impedir que os olhos percam o brilho. Inspire-se todos os dias, de formas diferentes e expresse seus talentos. Você pode incomodar alguns, mas inspirar muitos outros.


E aí? O que te inspira?

Um comentário:

Raffafust disse...

Frini

Me identifiquei muito com a Whoopi <3! Cresci vendo o Oscar e meu sonho quando criança era ser crítica, amava uma revista chamado PROGRAMA do extinto jornal impresso JB, falava para todo mundo que ia trabalhar nela..rs Me formei e o jornal já havia falido. Whoopi e Billy Cristal sempre foram meus ídolos de Oscar e as críticas de Rubens Ewald e do falecido Jose Wilker tb :)
Essas inspirações nos acompanham por toda uma vida...sempre falo e já comentei em uma coluna que o primeiro evento de livros que fui vc era a apresentadora , na FNAC :)
E lá se vão exatos 7 anos!
Muita coisa nos inspira e eu amo lembrar o que me fez chegar ou estar aonde estou naquele momento.
Obrigada pela coluna :) foi uma volta prazerosa ao passado.

beijos