Toda vez que um autor
é entrevistado, a pergunta clássica é feita: “de onde você tira inspiração?”. E
as respostas são as mais amplas e interessantes (ou banais) possíveis.
Mas não são apenas
artistas (sim, autores também são artistas!) que precisam se inspirar. Eu gosto
de escrever e de criar histórias, e encontro inspiração em músicas, em
performances que toquem meu coração, em troca de olhares, em praticamente tudo.
Só canto quando dirijo (o que é bom demais pra mim e igualmente hilário para os
motoristas a minha volta) ou quando estou com sozinha e com medo, não consigo
desenhar nem que seja para salvar a minha vida, e tocar um instrumento então!
NOSSA! Que tristeza para os ouvidos alheios! Mas consigo escrever e gosto
muito! Não somos artistas, mas isso não quer dizer que não possamos nos inspirar.
Notem que eu encontro
a inspiração e não a busco. Acho que ela aparece quando estamos prontos para
recebê-la e preparados para agir a fim de não perdê-la. Faz sentido? Espero que
sim.
As premiações
cinematográficas começaram nos Estados Unidos e as sigo desde pequena. Antes,
eu torcia loucamente pelos meus atores favoritos, mas depois que a gente cresce
e entende a indústria por trás de tudo, a torcida mudou um pouco. Agora, só assisto
para dar uma olhada nos vestidos divos e, principalmente, por causa dos
discursos de agradecimento.
Quando era pequena,
assisti ao primeiro Oscar que contou com a atriz Whoopi Goldberg como
apresentadora. Foi ótimo! Ela foi engraçada e tudo era perfeito e aí, no final
da premiação, ela virou para a câmera e falou “Obrigada a todos por terem
assistido. Hoje você está sonhando, mas um dia você pode estar aqui.” E aquilo
me tirou o fôlego! Anos — que mais parecem milênios! — mais tarde, já formada
em Jornalismo e Artes Cênicas, aquilo nunca saiu da minha cabeça. Ainda não fui parar no Oscar (ainda!), mas a
inspiração foi muito além de uma festa. Acordou em mim a vontade de fazer
acontecer.
Mas aí, com o passar
dos anos, vi essas vozes se calarem, não por imposição, mas por aparente falta
de vontade. E no Globo de Ouro deste ano foi a primeira vez, em muito tempo,
que os discursos foram além da lista de sempre (empresário, agente, membros da
academia, etc.). Não sei se foram os acontecimentos em Paris que fizeram a voz
de Hollywood voltar a funcionar, se foi a ameaça à liberdade de expressão que
fez pessoas privilegiadas aproveitarem a oportunidade de utilizar essa posição
para inspirar outros, como Whoopi me inspirou uma vez. Ou se, simplesmente,
eles acordaram inspirados.
As palavras corretas
ditas no momento oportuno formam uma combinação poderosa. Elas podem ferir, mas
também podem inspirar. Quando machuca, passa. Mas, quando inspira, é para
sempre. A inspiração que nos leva a continuar a luta, a conquistar nossos
sonhos, a fazer a diferença é uma semente que pode ser regada facilmente com
poucas palavras. E aí ela floresce rápida e continuamente. O importante é não
se deixar calar, não deixar o coração endurecer, impedir que os olhos percam o
brilho. Inspire-se todos os dias, de formas diferentes e expresse seus
talentos. Você pode incomodar alguns, mas inspirar muitos outros.
E aí? O que te
inspira?
Um comentário:
Frini
Me identifiquei muito com a Whoopi <3! Cresci vendo o Oscar e meu sonho quando criança era ser crítica, amava uma revista chamado PROGRAMA do extinto jornal impresso JB, falava para todo mundo que ia trabalhar nela..rs Me formei e o jornal já havia falido. Whoopi e Billy Cristal sempre foram meus ídolos de Oscar e as críticas de Rubens Ewald e do falecido Jose Wilker tb :)
Essas inspirações nos acompanham por toda uma vida...sempre falo e já comentei em uma coluna que o primeiro evento de livros que fui vc era a apresentadora , na FNAC :)
E lá se vão exatos 7 anos!
Muita coisa nos inspira e eu amo lembrar o que me fez chegar ou estar aonde estou naquele momento.
Obrigada pela coluna :) foi uma volta prazerosa ao passado.
beijos
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