Tinha planejado outra pauta para o “Papo de Sexta” desse
mês, mas o que tenho visto nas redes sociais me fez mudar de ideia.
Infelizmente, essa coluna será um pouco mais séria, mas acho que o momento pede
essa pausa nos emoticons de sorrisos.
Segundo a definição do Dicionário Michaelis, empatia é “Na psicanálise, estado de
espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que
esta está sentindo”. Sentimos isso diariamente quando lemos
certo? Acho que a empatia é o que nos cria o vínculo de identificação com
personagens. Quem passou por bullying, entende o que Audrey narra em “À procura
de Audrey”. Quem é autêntica e sofre um pouco com isso entende o que Sofia
passa em “Perdida”. Quem já teve que assumir grandes responsabilidades mais
cedo do que deveria, entende o que Will passa em “Métrica”. E esses são apenas
alguns dos inúmeros exemplos que poderia citar falando superficialmente sobre o
tema.
Mas, quando tiramos a literatura da equação e voltamos nossa
atenção para o mundo fora das páginas, o cenário muda. Infelizmente.
Desastres, tragédias, violência... Nosso mundo, nossa
história é repleta disso. O problema é que parece que já nos acostumamos com
isso. É considerado “normal” pessoas que moram em áreas de risco serem
alvejadas por balas perdidas. É considerado “normal” pessoas no Oriente Médio
viverem com medo por causa de homens-bomba. Mas deveria? Deveria ser normal não
sentirmos empatia por seres humanos que não deveriam estar nessas condições,
mas que sobrevivem a elas por não terem outra opção?
Aí um mar de lama arrasta o que vê pela frente em uma cidade
no Brasil. Mar de lama esse que foi criado pelas mãos do homem, pela mineração,
e que agora não arrasta dinheiro, mas vidas.
Aí extremistas distorcem uma fé e matam pessoas que nada tem
a ver com a situação em uma das capitais mais famosas do mundo.
E no lugar de sentir empatia por ambos e fazer o possível
para ajudar quem ficou por aqui, de entender o que causou ambas as tragédias,
apontamos o dedo e julgamos quem sabe mais sobre o que aconteceu em Paris e
menos sobre o que aconteceu em Mariana. Ou vice-versa.
O resultado é a criação de uma outra situação: a sinfonia de
“mimimi” — ou melhor, de “MeMeMe” — nas redes sociais. Essas redes que deveriam
conectar e compartilhar estão sendo usadas para julgar, ofender e propagar ódio.
E esse ódio poderia ser evitado facilmente. Basta sentir empatia e ouvir o
outro para entender e não apenas para responder.
Parece que as pessoas estão mais preocupadas em julgar a
opinião alheia sobre um acontecimento e impor a sua, do que realmente se
importar com o acontecimento em si. E isso é muito louco!
Longe de mim querer pregar alguma coisa, até porque tenho
plena consciência de que faço menos do que deveria. Mas uma coisa eu aprendi:
quando eu aponto um dedo, tenho os outros apontados pra mim.
A minha ideia com essa coluna foi pedir uma coisinha a todos
que chegaram até aqui: empatia. Antes de bradar a própria opinião, se coloque
no lugar do outro, entenda, reflita e aí sim forme a sua.
Hoje, com avanços tecnológicos que colocam incontáveis quantidades
de informação na palma da nossa mão, nos dando a possibilidade de estar
conectados com o mundo todo, todo tempo, fazemos o oposto. Ralhamos a torto e a
direito sem fundamento e estamos cada vez mais desconectados com o que acontece
ao nosso redor, do outro lado da nossa porta. O único brilho em nossos olhos
vem das telas à nossa frente.
Todos merecem o direito de se expressar e todos devem sim
ter a própria opinião. Mas vamos tentar entender mais e odiar menos. Entender
não é aceitar ou concordar. Entender é entender. E por mais que isso pareça
simples, faz a maior diferença.
Chega de mascarar o preconceito e o julgamento com “ah, mas
essa é minha opinião”. Opinião não é só gosto “prefiro o rosa ao roxo”. Opinião
é utilizar argumentos e bom senso levando em consideração o outro e o contexto
maior.
Então, antes de responder a pergunta do Facebook “No que
você está pensando”, vamos realmente parar para pensar, refletir, antes de
entrar no automático e somente repetir o “curte/comenta/compartilha”.
Mais empatia, por favor. Para
todos nós e por todos nós!
Um comentário:
Oi Frini
com a vida corrida desse mês somente agora pude parar e ler sua coluna. Que incrível, penso exatamente como vc. As redes sociais as vezes me cansam, é tanta gente ignorante que não sei se bloqueio só do FB ou da vida. O famoso " é o que eu penso" virou desculpa para atitudes babacas e menos respeito. Por um mundo onde as pessoas pensem antes de digitar no teclado tanta M*
Beijos
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