A arte é cíclica. Seja
ela literária, cinematográfica, plástica, temos ciclos, e no momento podemos
notar o resgate aos contos de fada. Geralmente temos filmes de fantasia em
épocas turbulentas na economia. Como o mar não está para peixe, muito menos
para uma pequena sereia, podemos notar uma gata borralheira voltando a aparecer
no cinema e na literatura em várias releituras diferentes.
Essa “revisita” a
clássicos contos de fadas como Cinderela, Branca de Neve, João e Maria e outros
também ocorre quando Hollywood está sem ideias. Mas acho que o caso aqui é
outro. Acho que está mais do que na hora de resgatarmos não as histórias de
fadas, mas o que elas representam.
Fui ao cinema assistir
a mais recente versão da Cinderela e me surpreendi positivamente. Vejam bem,
quando o assunto é conto de fada, sou extremamente exigente. Sou aquela leitora
que entendeu desde pequena a “moral da história” de cada conto sem que tivessem
que me explicar demais e faço questão de que a alma desses contos seja
preservada, não importa a época. E isso acontece com Cinderela. Os temas - como
“ser sempre positiva e não rancorosa” e acreditar em magia - estão muito
presentes, e não de uma maneira fantasiosa, mas real, no rancor de uma madrasta
e na força de uma promessa. E é lindo ver que mesmo as heroínas acham que não
vão conseguir suportar e suportam. E que a melhor vingança não é uma risada
maléfica, mas o perdão.
E não são somente as
princesas que transmitem poderosas lições. Por exemplo, um dos contos de fadas de
que mais gosto é “O Patinho Feio”. Já até mencionei ele aqui no blog láaaaa
no início.
Quando fiz faculdade de teatro, até escrevi um monólogo sobre o conto. Sempre
achei o máximo como o patinho sofreu bullying
pelos outros patos por ser feio quando tudo que ele queria era ser aceito. E
olha o que ele se tornou: um belo e majestoso cisne. E não se tornou arrogante
por causa disso, mas teve seu desejo realizado. Não julgue pela aparência e não
faça pouco caso dos outros!
Acredite em contos de
fadas, porque por trás de um chefe injusto está uma madrasta; por trás de uma
fada madrinha está uma grande amiga; e nem todo príncipe precisa ser encantado
para dar o seu recado com amor e carinho.
Os contos de fadas
estão ao nosso redor, disfarçados nas entrelinhas de vários livros e em cada
ação no nosso dia a dia. Basta reconhecê-los.
E aí? Você vai se
transformar em cisne ou vai passar a vida de joelhos, como uma Gata
Borralheira? A escolha é sua.
Um comentário:
Frini
Batendo palmas para esse seu texto. Como não me identificar com a parte do chefe? Nossa , como dói crescer, a gente que se acostuma a contos de fada e espera que o final seja feliz, quando cresce sabemos que demoraaaaaaa e nem sempre chega de verdade. O cara certo não aparece do nada, o emprego bacana nem sempre tem os melhores companheiros e as amigas nem sempre são honestas com vocês.
Cinderela sofre, mas casou com o príncipe...o adulto sofre e nem sempre tem um William para chamar de seu. Mas é a vida, e baixar a cabeça não é o que devemos fazer nunca.
Amei o filme também, adorei tudo nele e seu texto arrasou.
Parabéns
Beijos
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