15 de mai. de 2015

Papos de sexta: Resgatando fadas

A arte é cíclica. Seja ela literária, cinematográfica, plástica, temos ciclos, e no momento podemos notar o resgate aos contos de fada. Geralmente temos filmes de fantasia em épocas turbulentas na economia. Como o mar não está para peixe, muito menos para uma pequena sereia, podemos notar uma gata borralheira voltando a aparecer no cinema e na literatura em várias releituras diferentes.

Essa “revisita” a clássicos contos de fadas como Cinderela, Branca de Neve, João e Maria e outros também ocorre quando Hollywood está sem ideias. Mas acho que o caso aqui é outro. Acho que está mais do que na hora de resgatarmos não as histórias de fadas, mas o que elas representam.

Fui ao cinema assistir a mais recente versão da Cinderela e me surpreendi positivamente. Vejam bem, quando o assunto é conto de fada, sou extremamente exigente. Sou aquela leitora que entendeu desde pequena a “moral da história” de cada conto sem que tivessem que me explicar demais e faço questão de que a alma desses contos seja preservada, não importa a época. E isso acontece com Cinderela. Os temas - como “ser sempre positiva e não rancorosa” e acreditar em magia - estão muito presentes, e não de uma maneira fantasiosa, mas real, no rancor de uma madrasta e na força de uma promessa. E é lindo ver que mesmo as heroínas acham que não vão conseguir suportar e suportam. E que a melhor vingança não é uma risada maléfica, mas o perdão.

E não são somente as princesas que transmitem poderosas lições. Por exemplo, um dos contos de fadas de que mais gosto é “O Patinho Feio”. Já até mencionei ele aqui no blog láaaaa no início. Quando fiz faculdade de teatro, até escrevi um monólogo sobre o conto. Sempre achei o máximo como o patinho sofreu bullying pelos outros patos por ser feio quando tudo que ele queria era ser aceito. E olha o que ele se tornou: um belo e majestoso cisne. E não se tornou arrogante por causa disso, mas teve seu desejo realizado. Não julgue pela aparência e não faça pouco caso dos outros!

Acho que contos de fadas formam a base de muitas lições, de muitos livros, de muitas histórias e conflitos. Eles são como o farol moral de todos nós, mas sofrem preconceito de pessoas que acham que são somente para crianças. Um carinho de mãe é somente para uma criança? O orgulho nos olhos de um pai é direcionado apenas às crianças? E desde quando apenas crianças passam por bullying e conquistam obstáculos? Pois é. Está mais do que na hora de resgatarmos as fadas das páginas e darmos a elas o verdadeiro e devido reconhecimento: inspiração de que tudo vai melhorar, desde que façamos a nossa parte com respeito e dignidade.

Acredite em contos de fadas, porque por trás de um chefe injusto está uma madrasta; por trás de uma fada madrinha está uma grande amiga; e nem todo príncipe precisa ser encantado para dar o seu recado com amor e carinho.
Os contos de fadas estão ao nosso redor, disfarçados nas entrelinhas de vários livros e em cada ação no nosso dia a dia. Basta reconhecê-los.

E aí? Você vai se transformar em cisne ou vai passar a vida de joelhos, como uma Gata Borralheira? A escolha é sua.


Um comentário:

Raffafust disse...

Frini

Batendo palmas para esse seu texto. Como não me identificar com a parte do chefe? Nossa , como dói crescer, a gente que se acostuma a contos de fada e espera que o final seja feliz, quando cresce sabemos que demoraaaaaaa e nem sempre chega de verdade. O cara certo não aparece do nada, o emprego bacana nem sempre tem os melhores companheiros e as amigas nem sempre são honestas com vocês.
Cinderela sofre, mas casou com o príncipe...o adulto sofre e nem sempre tem um William para chamar de seu. Mas é a vida, e baixar a cabeça não é o que devemos fazer nunca.
Amei o filme também, adorei tudo nele e seu texto arrasou.
Parabéns

Beijos