7 de out. de 2011

Papos de sexta: Vivendo em voz alta, por Frini Georgakopoulos

A coluna da Vivi, há duas semanas, falou sobre inspiração. Ironicamente, a minha se escondeu de mim e não tinha ideia sobre o que escreveria para a primeira coluna de outubro – justamente o mês do meu aniversário e do “feriado” que mais gosto: Dia das Bruxas!. Pedi ajuda para amigos (e até resgate em troca da minha inspiração), e recebi dicas ótimas. Todas anotadas, algo diferente me veio à cabeça, uma pessoa muito especial para mim: meu professor de literatura do ensino médio, De John. Mr. De John (como o chamávamos na escola) é a razão de eu ler como leio hoje. Suas aulas me fizeram descobrir as entrelinhas, a me deliciar em dissecar o subtexto de peças, livros e filmes, e, aos poucos, ajudaram a formar a leitora e, consequentemente, a profissional que sou hoje.

Quando me formei na escola, ele escreveu em meu anuário a seguinte mensagem: “Não seja um idiota descolado. Viva em voz alta”. Até hoje, quando me pego em dúvida sobre alguma decisão, lembro dessas palavras, sorrio e tomo a minha decisão. Até agora, nenhuma me decepcionou. Grandes vitórias – pessoais e profissionais – foram conquistadas devido ao que me ensinou. Toda vez que converso com amigos durante eventos de lançamento de livros e ouço de alguns como eles não foram estimulados a lerem na escola, me entristeço. Para mim, De John foi um guru, uma pessoa iluminada que tinha o dom de iluminar o caminho de seus alunos e fico triste em pensar que nem todo mundo foi privilegiado em ter um professor como ele.

Espero que alguns de vocês, que estão lendo esta coluna hoje, tenham alguém assim em sua vida. Alguém que ame o que faz e que o incentive a buscar sempre mais, a ir sempre além do que está acostumado. Espero também que dêem valor aos professores, profissionais que, às vezes, querem fazer muito mais do que têm condição de realizar. Em um país como o nosso, ser professor é ser herói e eles também precisam de estímulo. Se você ainda está na escola ou na faculdade, não apenas espere que o seu professor seja incrível. Seja você um aluno incrível, motive-o, mostre a ele que você se importa com a aula, que quer aprender.

Além dos anos que tive De John como professor, com aquelas poucas palavras, escritas no último dia de aula, ele me ensinou a confiar em mim mesma, a não ter medo de errar, a rir dos tombos e voltar a levantar, a ser quem eu sou e não a sombra de qualquer outra pessoa. Isso é viver em voz alta.

De John faleceu há quase cinco anos, mas, para mim e para todos cuja vida fora tocada por ele, De John será eterno. Voltando à coluna da Vivi, a pergunta que ela fez foi “o que te inspira?”. Tudo me inspira, porque, graças a um grande professor, tenho os olhos e os sentidos abertos para tudo. Eu gargalho, choro, pago mico, experencio a vida. Eu vivo em voz alta. E você?

9 comentários:

Tati disse...

Amei, amei, amei! Sou professora de português e faço de tudo para incentivar meus alunos a gostar de ler, amar os livros! Sempre digo, primeiro aprenda a ler por prazer, daí então a obrigação fica bem mais fácil! Ser professor no Brasil e nos dias de hoje não é nada fácil, mas eu não troco por nada, pois é o que amo fazer! Bjos
Tati
http://tatireadermommy.blogspot.com

Gabi Mendes disse...

Eu amo essa"Papos de Sexta" porque só tem coisa boa aqui!
Eu também tive o prazer de ter professores assim: incríveis! Que me ensinaram muito além do que os livros continham, me ensinaram a usar a imaginação de forma arrebatadora.

Bela mensagem!

www.gabymenddes.blogspot.com

Regiane disse...

A minha De John se chamava Guaciara. Ela nos estimulava a ler, dava alternativas, trocava ideias, interagia com ninguém com uma turma de adolês que não queria nada com nada. Atualmente, esse grupo de ex-adolês anda se encontrando no Facebook e venerando um tesouro, uma foto dela que alguém tirou no Paleozoico, época em que frequentei a escola, hehehe.
Tive momentos maravilhosos na aula dela e em casa, em companhia dos livros que ela e o professor de filosofia, Fernando, indicavam. Fui uma adolescente privilegiada, eu sei. E não tenho dúvidas do tamanho da influência dela na minha escolha de trabalhar com as palavras. Eu adoraria que a Guaciara me visse agora.

Vivi Maurey disse...

Chorei! #prontofalei

Anônimo disse...

OI Frini

Puxa ja comentei duas vezes mas tá aparecendo erro O.o nao estou entendendo porque :(

Vou repetir então, vc me efz lembrar meu professor de inglês que foi maravilhoso para mim :D

Belo texto!

Bjao
Rafa Fustagno

Paula Vianna disse...

Eu tinha uma professora assim, o nome dela é Sônia e ela dava as melhores aulas de história do mundo! Depois das aulas ela ficava batendo papo com quem quisesse e indicava livros e filmes e exposições.

Como eu moro numa ilha volta e meia eu encontro com ela e o mais legal é que ela lembra de todos os alunos que ela teve, sempre pergunta o que estamos fazendo, lendo ou como estamos vivendo.

Todo mundo tinha que ter um professor desses né?

Thalita disse...

Frini, Lindo texto! Acredito que De John também te ensinou a inspirar as pessoas. Seu texto hoje transmitiu uma energia e uma inspiração muito boa. Linda homenagem! Espero que ele a tenha lido de algum lugar do astral.

Um abraço,

Thalita

Anônimo disse...

Também tive um professor que me mostrou além do gosto pela leitura e estudo do que realmente se gosta, mostrou solidariedade e benevolência com seus alunos. Numa época crítica de Bullying na escola dos meus 11 anos, meu eterno melhor professor, Chiquinho, com suas palavras unia a turma de uma forma que não se vê hoje em dia... Até hoje choro horrores vendo o filme "Sociedade dos poetas mortos" sobre o qual fiz um trabalho na época e que se tornou um dos meus preferidos, tendo tudo a ver com o momento que passávamos.

Sua coluna me fez ficar bem nostálgica, mas, como não misturar "Viver em voz alta" com "Aproveite o dia"?

Valorizar o mestre deveria ser um dos dez mandamentos!!

Ótima coluna!

Carol Ardente disse...

A minha melhor professora foi Simone Grego. Ela é professora de literatura e foi ela que conseguiu me convencer a amar a literatura. Lembro que quando ela me via com um livro na mão, ela dizia que queria ter tempo para ler com a frequência que eu lia. Os professores deveriam se rmais valorizados no Brasil. Quando acabei o ensino médio ano passado, dizia que não sentiria saudade do colégio, ams estava enganada. Sinto mais falta da minha professora de literatura, que tornava o meu dia muito melhor.
Emocionante o seu texto, Frini! Perfeito e lindo! Amei!
Beijos ;*

Ana Carolina
http://loucospor-livros.blogspot.com