10 de fev. de 2012

Papos de sexta – Maçãs, lobos e sapatos de cristal, por Frini Georgakopoulos

Era uma vez, uma menina que usava um capuz vermelho. Ela ia pela estrada afora, bem sozinha, levar doces para a vovozinha. O tempo passou, a menina cresceu, e trocou o capuz por sapatos de cristal. Desafiou pessoas malvadas, lobos famintos e maçãs envenenadas, recebeu ajuda onde menos esperava, correu contra o relógio, encontrou seu príncipe encantado e viveu feliz para sempre.


Era uma vez, uma jovem estudante, que usava casaco de capuz, mas não era vermelho. Ela também cresceu e passou a usar sapatos de salto alto, que, às vezes, machucam como se fossem de cristal. Aqui a história fica um pouco diferente: essa jovem desafia tudo e todos pelo que acredita – como a menina da história anterior – e também recebe ajuda de quem menos espera. Mas as maçãs não são envenenadas, e sim aliadas quando o dia é corrido demais e a hora do almoço passa despercebida. A corrida contra o tempo continua, pois sempre existem sonhos a serem conquistados. E o príncipe... Bem, ele não tem uma armadura ou um cavalo branco, mas é tão encantado como se tivesse.


Contos de Fadas são incríveis e imortais por fazerem parte do nosso inconsciente coletivo. Podemos não lembrar a primeira vez que ouvimos a história ou até se a conhecemos por inteiro, mas só de mencionar alguns elementos, sabemos a qual conto pertencem. A magia dos Contos de Fadas foi – e continua a ser, graças a Deus – passada de geração em geração, primeiro na hora de dormir, com a mãe, o pai, a tia ou a avó sentados ao lado da cama, nos guiando por mundos fantásticos onde um pé de feijão é mágico e uma floresta esconde uma linda e apetitosa casa feita de doces.


Quando criança, ouvi as histórias e conheci os filmes da Disney, que me ensinaram a amar um castelo e me sentir em casa em um parque de diversões. Mas a origem dos Contos de Fadas é muito mais sombria, e os finais, nem sempre felizes para todos. Uma das principais razões da criação dos Contos é ajudar a manter crianças na linha. Chapeuzinho saiu do caminho e falou com estranhos. O que aconteceu? Virou comida de lobo! Por meio de histórias simples de entender, crianças aprendem que devem ouvir e respeitar os mais velhos, que as aparências enganam, e que ser bondoso e gentil é muito importante. E não foi porque a mãe disse, mas pelo que aconteceu aos personagens.


Hoje em dia, temos livros – como “A Fera” – e filmes que trazem para um ambiente contemporâneo essas imortais histórias. O público é mais maduro e geralmente o príncipe encantado tem competição pelo coração da donzela (dois gatinhos sempre, lembra?). Mas a moral das histórias continua a mesma. O que aconteceu foi a adaptação da maneira de contar. Afinal, a menina de capuz cresceu, o menino que escalou um pé de feijão também e o “feliz para sempre” está aí, ao alcance de todos. Cabe ser corajoso o suficiente para conquistar o seu.

10 comentários:

Vivi Maurey disse...

Nhoooooooooo!!!
Amo contos de fadas e sempre acho que eles são tão trágicos, rs, e perfeitos como a vida. ;)
Eu discordo da expressão "a vida não é um conto de fada". hihihihi
Cabe a nós seremos corajosos o suficiente para conquistar o nosso espaço! Falou tudo, é isso aí!

Lindo o post!

Unknown disse...

ainn que texto mais fofo meu Deus \o/\o/ amei demais....
beijão...
http://fomesedeevontadedeler.blogspot.com/

Carol Ardente disse...

Amei o texto, DIVA! Foi o melhor que eu já li, se não me engano, no Papo de Sexta! Eu tenho 18 anos e acredito em príncipe encantado, em final feliz e em maçãs envenenadas. Eu gostei muito da sua última frase no texto: "Cabe ser corajoso o suficiente para conquistar o seu." Eu estou numa fase assim. Passei para Enfermagem no IBMR (faucldade particular), mas estou na luta para entrar em uma pública. E outra coisa que eu estou na luta, são ter meus sonhos realizados. Eu vou batakhar pelos meus sonhos e quero realizá-los! Acho que todos crescemos um pouco todos os dias, pelos erros e pelas conquistas que fazemos. Eu já cresci muito e ainda crescerei muito, mas é claro que não deixarei meu lado criança e que acredita em contos de fadas de lado, porque eles fazem parte de mim.
Amei seu texto e está de parabéns por ela! Estou com muitas saudades de você, ok?
Beijos ;*

Ana Carolina
http://loucospor-livros.blogspot.com

luana disse...

Own, adorei o Papos de Sexta dessa semana!Todos pelo menos uma vez na vida escutaram a historia da cinderela, da bela, da yasmin... A magia existentes nesses contos são o que é passado de geração em geração, e desde sempre todos nós sabemos que aprender por meio de histórias é muito mais legal! Rick Riordan está ai para comprovar, não só ele como tbm os contos da nossa infância. O tempo pode passar, mas toda a criança vai assistir aos filmes da disney e ouvir contos de fada, pq as coisas são assim.
As novas versões aparecem pq infelizmente a garotada que como eu lia e assitia essas histórias cresceu e, mesmo negando, sente muita, muita falta da infancia.
Parabéns pelo texto!
beijos, lu

Raffafust disse...

Oi Frini

texto que é pura verdade! sou totalmente a favor de continuarmos sonhando...de crescermos com um pé na realidade e outro na fantasia...até pq sem isso a vida não tem a menor graça

Parabéns pelo texto

bjos imensos

Fernanda Dottling disse...

Ah muito bom esse post !
É a pura realidade,desde nova ouvia histórias nas quais eu sonhava em ser a princesa ou querer entrar nela para avisar a personagem que não era para ela comer a maçã, pra ela não acreditar naquela velhinha .
Acho bom que isso ainda se mantenha de gereação em geração. Amei o post Frini,tá de parabéns.
Beijos

Regiane disse...

Eu tinha postado na sexta, mas meu comentário deve ter ido parar no Twilight Zone da internet...

O que eu acho mais legal nos contos de fadas é como, conforme vamos crescendo e amadurecendo, conseguimos ver ângulos diferentes e detalhes nas histórias que antes passavam despercebidos. E é um grande prazer pra mim, agora que tenho uma filha, reler e ter a oportunidade de apreciar de novo tantas histórias maravilhosas. (Acrescento que gosto das versões originais, com os finais cruéis, mas acho mais "saudável" pras crianças as versões mais inofensivas, rs.)
Parabéns pelo texto, Frini!
Bjs,
Nane

Janaina disse...

Poxa eu tbm tinha comentado na sexta, tava tão bonito o que eu escrevi e agora não lembro de mais nada...
Só queria dizer que eu entendo naquela época os contos terem esses finais bizarros, mas fico muito feliz que a Disney tenha mudado e faça sempre esses filmes lindos que vimos quando éramos pequenas e continuamos a amar até hoje.
Beijocas repetidas!
Jana

Anônimo disse...

oie! sempre leio sua coluna aqui no blog e nem preciso dizer que A-D-O-R-O tudo o que você escreve*-*
vi você na bienal e quase fui pedir um autógrafo masavergonhanaodeixou:/ tenho uma paixão louca por livros e queria saber como é ser jornalista/trabalhar em uma editora. bjs.

Frini Georgakopoulos disse...

Oi Anônimo. Que bom que você curte a coluna! Comenta mais por aqui, deixa a sua opinião.

Bem, eu não trabalho em uma editora. Só faço parte desse time lindo de colunistas da Galera e apresentou o Clube do Livro Saraiva RJ. Meu trabalho é BEM diferente de editoras, sério! Mas ser jornalista é muito bom! O único perrengue é não parar de se atualizar nunca! Cansa, mas é vício :)

Apareça mais por aqui e assina, porque eu não sei quem você é e isso não é justo! :)

bjs