13 de jan. de 2012

Papos de sexta: Não perturbe, estou lendo, por Rafa Fustagno

Levei 4 dias para terminar de ler o último livro da Cecily von Ziegesar. Tentei de todas as formas aproveitar meus raros momentos entre o trabalho e o lazer, lendo em cada lugarzinho onde fosse possível. Mas confesso que a cada dia está mais difícil. Na primeira tentativa, peguei o metrô às 7 da manhã, indo para o trabalho. Abro o livro e quando começo a me envolver com a história de Shipley,  exatamente quando ela chega na Dexter, senta uma senhorinha do meu lado:
- Lendo o que, minha filha?
Olho para o lado e respondo:  "Com louvor". Ela continua:
- Livro novo do padre? Nem sabia que tinham lançado... Ai, adoro o padre! Acabei de ganhar um de Natal mas tinha ele na capa, não tinha essa moça bonita.
Explico pacientemente que não é do padre, mas depois de tanta conversa chega na minha estação e mal consegui ler o tanto que queria.
No segundo dia foi na hora do almoço. Levei meu livro para terminar de ler uma parte que eu estava interessadíssima. É quando a Shipley se entende com o Tom. Lembro até a página: 101. Tive que gravar, porque foi começar a ler que alguém sentou na minha frente. Era uma conhecida que não via há pelo menos 5 anos.
- Daniela! Nossa, nunca mais te vi, sempre com um livro na mão! Como você arruma tempo? Séculos que não leio um livro!
- Er... Rafaella, é... Amo ler nas poucas horas vagas (tentando ver se ela se tocava. Eu já estava irritada por  ela ter errado meu nome, né...)
Bem, conversa vai, conversa vem, ela passou meia hora falando e eu ali, querendo saber da vida da Shipley... Pronto: tinha acabado meu horário de almoço.
No terceiro dia pensei: Vou ler em casa! Chegando lá, deitei na minha cama e peguei o livro. Já estava na página 147, envolvida com a cena em que o bebê da Rosen ia parar de chorar, ansiosa para saber se rolaria ou não alguma coisa entre Shipley e Adam... Quando meu pai entra no quarto para saber como foi meu dia.  Coloquei meu marcador, contei um pouco do dia e continuei lendo. Mas ele queria conversar...
- Sinto falta de quando era eu quem lia para você! Lembra, filha? Do Bolinha? Você amava o Bolinha. Ele se escondia o livro todo, eu lia o que acontecia e você ria tentanto advinhar onde ele estava!
- Lembro sim, pai! Mas depois conversamos melhor porque esse livro aqui está ótimo!
- Claro (ele faz que vai embora mas volta). Mas você ainda tem o livro do Bolinha?
- (respiro fundo!) Não, pai. Minha mãe deve ter dado.
- Ah não! Sua mãe não pode ter feito isso. Logo o livro do Bolinha?
Gente, meu pai desesperado com o sumiço do Bolinha e eu nem lembro se ele era um garotinho ou um cãozinho !
No quarto  dia, depois de ter passado a madrugada lendo, faltavam poucas páginas. Pensei: Vou terminar no metrô. Dessa vez, esperando na plataforma e já no capítulo 19, estava empolgadíssima com o aparecimento do Patrick, com a dúvida de Shipley em escolher entre Adam ou Tom... Quando fui cutucada por uma casal:
- Bom dia, sabe como devemos fazer para chegar ao Corcovado?
Expliquei tudinho, eles me agradeceram e o metrô chegou. Eu estava devorando o livro, chegando na página 287, quando o tal casal para na minha frente (metrô lotado e aquela dificuldade básica de me equilibrar e virar a página) e começa a perguntar se o livro é bom, se eu sou mesmo do Rio de Janeiro, me agradecem de novo...
Cheguei atrasada no trabalho. Não peguei o elevador enquanto não cheguei na página 313 (a última!). Várias pessoas me deram bom dia. Ou pelo menos eu achei que era para mim, mas não respondi. Estava ali tão envolvida com Shipley, Tragedy, Patrick, Adam, Nick, Eliza. Desculpem se pareço doida, mas quando leio e gosto da história eu fico em um mundo só meu. Meu e dos personagens. E ai de quem me interromper! Se me encontrarem lendo... Já sabem! rs

24 comentários:

Unknown disse...

Sinto a mesma coisa, e parece que as pessoas só te incomodam na hora em que o livro ta bem interessante, incrível isso!!!

Fernanda Araújo disse...

Eu ri com o livro do Bolinha! ^^
Pior que é assim mesmo, quando estamos em momentos altos dos livros, algo sempre ocorre, rs.
bjs

Camila Leite disse...

kkkkkkkkkkk Que comédia amiga, cheguei a sentir pena de você, mas não mais do que do seu Pai! :s
Tadinho amiga, rs e aí ele achou ou não o livro do Bolinha?
É realmente irritante quando tentamos ler, nas únicas horas que temos vagas e as pessoas não deixam, eu peguei o hábito agora de só ler se eu tiver realmente certeza de que ninguém me atrapalhará, mas em transporte público é inevitável manter a concentração sempre!
Sempre tem um... ¬¬'
Adoro o modo como escreve!! rs E aí, depois nos conte melhor sobre a história!
Beijão!
Camila Leite

@sonhospontinhos
www.sonhosentrepontinhos.com

Igor disse...

O que achei estranho nessa história toda foi a quantidade de gente simpatica... Não é normal. rsrs

A menina errou seu nome? hahahaha Imagino o carinho que voce deve ter sentido por ela. rs

Beijao

anas disse...

Ai, Raffa, odeio isso. E tem dia que o povo tira para pertubar, principalmente quando você está amando o livro, rs. Às vezes, apesar de ser maldoso, eu finjo que não escuto a pessoa e depois justifico dizendo que estava tão mergulhada na história do livro que nem reparei nas coisas em minha volta... Geralmente, eu não tenho esses problemas pois aqui em casa ninguém me pertuba (também coloco uma plaquinha de "Silêncio! Estou lendo" na porta do meu quarto, tenta fazer o mesmo). Enfim, amei o post e entendo o que você passa, hahahaha.

Bjss,
Anastácia - Heart Books (@heartbooksblog)

Tati disse...

hauhuaha Morri rindo do teu post Raffa, amei mesmo! Olha, aqui meu tempo de leitura é curtíssimo, pq quando uma dorme, a outra acorda, a terceira quer ir ao banheiro... e assim vai! Acaba que não leio mais como lia antes, e isso me angustia profundamente, mas é a vida, sempre tem alguma coisa pra ficar no caminho dos bons livros! rsrs bjos
Tati

Vivi Maurey disse...

ahahahaahaahhaahha ok ok. Já saberei como me portar. ;)

Eu nem ligo muito se sou interrompida, mesmo quando a história me cativa, acho que a pessoa é que tem que se esforçar para me tirar da concentração, rs. Quem trabalha comigo sabe; não adianta só chamar meu nome que eu não 'escuto'.

Vivo no mundo de Vivi.

Niii disse...

huauaah
adorei!

Tem dia que tudo vai contra o teu desejo de ler. =x

Gabi disse...

É sempre assim! Eu tento ler na sala de aula antes da aula começa e todo mundo interrompe ' o que tu tá fazendo?' ou ' como tu consegue ler?'. Fica difícil né?

Gabi

Anônimo disse...

Raffa, Bolinha é um cachorrinho! E esse livro é muuuuuuuuuuuuuuuuito legal! rs

Acho que todo mundo que gosta de ler de verdade mergulha nesse mundo paralelo e vive até o fim da página tudo que aqueles personagens estão vivendo. Me lembro do meu ex namorado horrorizado porque eu tava chorando no fim do livro, rs! Mas é isso ai, choro, rio sozinha! No elevador, no metrô.. em qualquer lugar!

Beiijão gata,
Aimée

Sra. Revoltado disse...

Adoooro!! Rsss... Quando eu tinha mais tempo de ler (quando não desmaiava na frente de um de meus livros chatíssimos de economia... =/) eu era assim também. Nos transportes públicos era impossível ler, até que eu descobri que não seria falta de educação ignorar as pessoas se eu estivesse usando fones de ouvidos!! \o/ Isso mesmo!!! Fones de ouvido!! Às vezes com música, outras sem som algum, mas para todos os efeitos eu não estava ouvindo!! Rsss... Às vezes levava uma cutucada, mas como "eu não estava ouvindo" era só dar um sorriso amarelo, olhar sem encarar muito e continuar fingindo. Rsss.. Sempreee deu super certo!! \o/

Anônimo disse...

Raffa, também passo por essas situações meio malucas quando tento ler na rua, hahahahahaha. Parece que as pessoas simplesmente não se tocam o quanto a gente se envolve na narrativa... Ou, talvez, não seja nem por "maldade", provavelmente somos nós que os deixamos espantados porque esquecemos do mundo por causa de um livro! ;)
Beijinhos
Luana Muzy

d disse...

Hahahaha que dificuldade né?

Pra mim, por enquanto, ainda não posso por essas situações. Leio em casa mesmo, mas quando estou no quarto todo mundo sabe "ela tá lendo, não incomoda" ;)

Dessinha disse...

Eu ri muito com a história do Bolinha e fiquei com pena do seu pai HAHAHA
Ah, eu não ligo tanto pra isso, mas a minha mãe é mestre em querer conversar quando eu estou lendo, escutando música e vendo série/filme hahaha

Boa sorte com as próximas leituras rs

XOXO

Anônimo disse...

Achei seu pai um fofo!
Entendo totalmente sua situação e já passei por isso também. Mas quando meus pais puxam papo, paro tudo. Agora, no almoço é sagrado!
bj
Frini

Fernanda Dottling disse...

Raffa sei muito bem como é isso... E parece que quanto mais você quer lê um livro mais as pessoas te interrompem. Já passei por várias desse tipo dentro de metrô e trem,ônibus foram menos vezes.E o pior de tudo é que as pessoas não se mancam elas fazem uma pergunta você responde depois volta para o livro apenas para elas depois perguntarem outra coisa e assim ser até você chegar seu destino e nada conseguir ler no raríssimo tempo vago que você tem (na realidade intervalo né). O pior de tudo (pra mim) é ficar calma , é deixar meu lado "cavala" adormecido porque isso irrita qualquer um que quer navegar no mundo da leitura né...mas assim vamos indo com os inconvenientes no meio do caminho e a gente sorrindo para não ser grossa. Ps: Só senti pena do seu pai Raffa ! hsuahsua'

Raffafust disse...

Nossa *-* Muito legal ver que tanta gente se identificou com o texto!
Deu para ver que não é somente comigo que acontecem essas coisas né...
Ainda vou comprar uma camiseta igual aquelas plaquinha que colocam nas portas escrito " Do Not Disturb" rs
Vai que adiante né...rs

Bjâo e MUITO obrigada pelos comentários!

Carol Ardente disse...

Mais uma vez me diverti com o seu Papo de Sexta, Raffa! :) Eu nunca li o livro do Bolinha, mas tadinho do seu pai. Ok, eu também faço isso com o meu pai quando estou lendo. Mais quem atrapalha mais minha leitura é a minha mãe sempre pedindo algo para mim. :) Adorei a senhora falando que o livro era do Padre. HUAHAUA. Até que o casal que foi pedir uma infmoração para você, foi gentil, eu acho. :)
Adorei o post, amiga! Super engraçada! :)
Beijos ;*

Ana Carolina
http://loucospor-livros.blogspot.com

Lany disse...

Ri muito com o seu texto HAHAHA!
Na rua, eu só leio mesmo quando estou no ônibus, e ninguém nunca me atrapalhou não... Agora em casa, NOSSA! Parece que é sempre nos melhores livros que resolvem me atrapalhar! Tentaram me fazer lavar a louça em um momento crítico de Harry Potter 7. Nem preciso dizer que reclamei e continuei lendo, né?
E não adianta colocar plaquinha no quarto que estou lendo... As pessoas simplesmente ignoram! Se for um livro que eu não estou achando muito bom, até tudo bem me interromperem. Agora em momentos críticos? NÃO!

Carol Ardente disse...

Seu pai tão fofo com o livro do Bolinha, ri muito aqui!! xD Mas tenho que dizer que concordo totalmente com você irmã!! É tão bom quando estamos envolvidas com a estória querendo saber sempre mais e mais, e de repente na melhor parte do livro chega sempre alguém pra acabar com a nossa graça... --' Detesto quando isso acontece, minha mãe é mestre em fazer isso e ainda reclama se sou grossa com ela!!xD
Pelo menos já sei que não sou só eu que gosto de ser interrompida!!
Espero que nos próximos livros você tenha mais sorte irmã!! :D
Adorei a coluna, muito boa!!
Beijos, Débbie

Débora Renata Cavalcanti disse...

Realmente, ler ta cada vez mais complicado, se não é alguem chamando é o telefone de casa tocando ou o celular ai ai ai.
Ainda bem que agente sempre da um jeito e consegue terminar neh ^^

bju bju

Nana Barcellos disse...

Ai Raffa, linda
Desculpa mas eu tive que rir com o casal.. seu pai eu achei super fofo.
Meus pais nunca leram para mim :(
Eles nem gostam muito de livros.. e minha mãe é mestre em interromper minhas leituras HAHA até para eu arrumar o quarto.. ela me interrompe.

E sinceramente eu não saberia explicar onde fica o Corcovado.. (isso que dá morar no guetto do RJ, conhece nada)

Mas fico feliz que você terminou sua leitura.. quero conhecer o livro do Bolinha.

beijos
Nana - Obsession Valley

Evellyn disse...

Raffa!!
amei seu post! Nossa, senti uma identificação porque é bem assim mesmo... Com a vida atribulada (não é meu caso no momento, mas imagino) é complicado achar um tempo para ler e quando conseguimos, aparece esse tipo de coisa! rs

E RI demais com o papo da senhorinha... Jura que isso aconteceu mesmo? Ai, as pessoas são a maior diversão da vida!
E seu pai.. tadinho!
Mas pense pelo lado positivo: rendeu um post super bacana!

bjs
Evellyn!

Raffafust disse...

Oi Meninas

Sim, foi tudo verdade! hahaha Meu pai é mestre também na arte de atrapalhar minas leituras e quando eu resolvo ver um seriado...e a senhora me perguntou isso mesmo...mas sempre tem gente querendo puxar papo né...não me importo quando não estou lendo..agora se estou..hahahha já não posso dizer o mesmo ;)