Quando eu era pequena, o meu super-herói favorito era
o Super-Homem. E não era uma questão de preferência apenas, eu simplesmente não
considerava os outros heróis tão super assim. Na minha cabeça, um super-herói
nascia com superpoderes e ai de quem dissesse o contrário! rs
Então veio a adolescência e me rendi ao charme dos
anti-heróis. Culpa dos hormônios — e do Han Solo < 3 . Eu sei que muitas pessoas viveram algo
parecido e não é difícil entender o apelo. Essa é a face mais humana do herói,
e a ficção tira proveito dessa identificação. Basta ver os livros de sucesso
nos últimos anos, protagonizados por bad
boys, garotas desajustadas e tudo quanto é mau exemplo.
Jung deve ter uma explicação para isso. Por que nos
identificamos com os defeitos e não com as qualidades do herói? Por que
valorizamos seus erros e não os acertos? Talvez seja o ímpeto de querer
consertar o que está quebrado ou, no meu caso, de enxergar beleza na
imperfeição. Ou talvez porque a jornada de um herói errante seja muito mais interessante.
Esses questionamentos me acompanharam até a poltrona
do cinema, onde sentei para assistir ao “Homem de Aço”. Foi quando eu percebi
que sentia falta do meu primeiro super-herói. Ou melhor, eu sentia falta do
herói clássico. Alguém que me resgatasse do ceticismo e restituísse minha fé na
humanidade, mesmo que ele próprio não fosse humano :)
Quem melhor do que o Super-Homem para me ensinar
valores como justiça, bondade e humildade? Um alienígena cujos superpoderes o
aproximam dos deuses, que poderia dominar a Terra, mas escolheu apenas
defendê-la. Um herói muitas vezes mal compreendido, vítima daquele pensamento
de que ser “bom” é o mesmo que ser “bobo” — vamos combinar, se alguém se
aproveita da bondade alheia, o problema está nesse alguém e não no herói,
simples assim.
Não pensem que deixei de gostar dos anti-heróis,
longe disso! Eu passei a enxergar melhor o seu potencial. Lembre-se que o maior
adversário do anti-herói é ele mesmo. O lado negro da Força é o lado de dentro,
e talvez por isso ele seja tão egocêntrico.
O anti-herói olha para o próprio umbigo porque sabe
que é ali que o vilão se esconde, mas ele pode ser mais altruísta. Qualquer um
pode se tornar um herói com H maiúsculo, um Super-Herói — mesmo que não seja o
Henry Cavill! rs Basta querer de verdade.
Eu continuo sem respostas para aquelas outras
perguntas, mas voltei do cinema mais otimista. Depois do boom das distopias e
ficção pós-apocalíptica, talvez a utopia seja a nova tendência. Talvez o retorno
do herói clássico seja o prenúncio de tempos menos sombrios.
Talvez, talvez :)
2 comentários:
Dizer que gostei da sua coluna não seria justo. Justo seria dizer que somos anti-heróis tentando chegar um pouco mais para perto do H do que do anti. Nos identificamos com falhas e imperfeições por parecerem mais reais e estarem ao nosso redor em nossa busca pelo ideal (ou o mais próximo dele). E essa busca é constante e triste e tensa e deliciosa e, bem, e seu nome é vida. E sua coluna trouxe tudo isso e muito mais nas entrelinhas, nas diversas possíveis interpretações. Pronto. Acho que isso é mais justo, não? :)
Beijos
Awn, assim eu choro! rs
Mas fico feliz de ter conseguido passar a ideia! Era isso mesmo :)
Bjs, lindona!
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