Inspirada nessa lista, eu resolvi falar de alguns termos que também considero importantes. E a primeira coisa que eu queria comentar é que a minha definição de literatura fantástica é bem simplória: “literatura fantástica é toda modalidade de narrativa (conto, romance etc.) em que elementos sobrenaturais (ou não naturais) se misturam à realidade”. Sendo assim, a literatura fantástica inclui tanto aquilo que nós costumamos chamar de “fantasia” quanto as histórias de terror (que despertam medo e sempre trazem a ideia de uma ameaça ou de algo misterioso e estranho), e podem incluir também as de ficção científica (que tratam do impacto da ciência na humanidade, mas que também podem ter elementos fantásticos na narrativa).
É uma definição bastante ampla, eu sei, mas ela é proposital. Primeiro, porque, com essa definição, eu não compro briga com nenhum fandom (rs) e, em segundo lugar, porque, a bem da verdade, eu gosto mesmo é de ler, e o gênero literário não tem tanta importância assim.
De todo modo, esses termos ou características (que também podem ser considerados “subgêneros” da literatura fantástica, mas que eu prefiro não chamar assim por não acreditar nessas divisões) servem como um ponto de partida para identificarmos aquilo de que gostamos ou não.
Hoje eu vou falar dos meus temas preferidos e, na próxima coluna, vou tratar de mais alguns como a fantasia urbana e o realismo mágico.
1) Fantasia de travessia
A “fantasia de travessia” é um dos temas mais comuns em literatura fantástica. Nesse tipo de história, sempre há uma passagem para um mundo mágico, que costuma envolver algum tipo de cruzada heroica. A via de passagem pode ser um buraco, uma porta ou até um guarda-roupa. As Crônicas de Nárnia são um exemplo perfeito de “fantasia de travessia”, bem como O Mágico de Oz e Alice no País das Maravilhas.
2) Mundos secundários
O “mundo secundário” pode ser um continente perdido, como Atlântida, ou um lugar mágico até então desconhecido aqui na Terra. Quando se fala em “mundos secundários”, costuma-se pensar em um local que se assemelha à Terra e no qual se desenvolve uma cultura parecida com a cultura humana.
A Galera Record tem uma série muito legal que se passa em um mundo secundário: Trono de Vidro, da Sarah J. Mass, publicado em 2013, e traduzido por Bruno Galiza, Lia Raposo, Mariana Kohnert e Rodrigo Santos. O livro conta a história de Celaena Sardothien que, aos 18 anos, é escolhida pelo príncipe para participar de um concurso para o novo assassino real (e eu nem vou entrar aqui no mérito de termos uma garota que maneja espadas com muita habilidade como protagonista!).
3) História alternativa
Algumas vezes, confundimos a fantasia de “mundos secundários” com a fantasia de “histórias alternativas” e a melhor maneira de diferenciá-los é justamente o fato de que, no caso da “história alternativa”, a narrativa parte de um evento que realmente aconteceu.
Uma das séries mais legais que se baseia numa “história alternativa” é a série do Leviatã, do Scott Westerfeld, traduzida por André Gordirro. O primeiro volume da trilogia, que se chama Leviatã: A Missão Secreta, saiu em 2012, e Beemote: A Revolução, o segundo volume, saiu há poucos meses.
Essa série é MUITO LEGAL por tratar de um tema pouco explorado e superimportante: a Primeira Guerra Mundial. Os lados que se opõem no conflito, tal como contado pelo Westerfeld, são os mekanistas alemães e os darwinistas ingleses.
4) Espada e magia
A “fantasia épica” costuma ser uma história longa que, em geral, tem vários volumes e ocorre em um “mundo secundário”. O exemplo mais conhecido de fantasia épica são as séries de livros sobre o Senhor dos Anéis e a Guerra dos Tronos.
A fantasia de “espada e magia” costuma ser menos heroica que a “fantasia épica” e tem como protagonistas ladrões ou pessoas desajustadas. Enquanto a “fantasia épica” ocorre em castelos, a fantasia de “espada e magia” costuma ter como cenário as ruas escuras das aldeias e cidades ou ainda lugares ermos e inóspitos, como os desertos. Os livros sobre Conan, de Robert E. Howard, são um bom exemplo desse tipo de história. Na fantasia de “espada e magia” nem sempre é fácil distinguir quem são os mocinhos e quem são os bandidos, o que torna os personagens (e a leitura) bem mais interessantes.
5) Fantasia arturiana
A “fantasia arturiana” poderia muito bem ser considerada uma “fantasia épica”, pois também se passa em um “mundo secundário”. Eu optei por distingui-la da “fantasia épica” pelo fato de a “fantasia arturiana” ter como tema, como o próprio nome diz, as histórias que envolvem o rei Artur. Dá até pra fazer uma lista com alguns símbolos recorrentes: Excalibur ou a espada na pedra, o Santo Graal, a Távola Redonda e o mago Merlin. Se vocês estiverem lendo um livro com, pelo menos, um desses elementos, não resta dúvida de que se trata de uma “fantasia arturiana”.
Um dos mais belos textos sobre o rei Artur é The Once and Future King, uma série de cinco livros, escrita por T. H. White, que influenciou muitos autores importantes. A Galera Record também publicou, em 2013, uma série muito legal sobre o jovem Merlin, Merlin. Os Anos Perdidos, de T. A. Barron. A tradução ficou a cargo de André Gordirro.
Boas leituras e até o mês que vem!
Minibio:
Ana Resende trabalha como preparadora de originais e tradutora, e é colaboradora da Galera Record, entre outras editoras. Workaholic assumida, está gostando amis de videogames e sua leitura favorita são os contos de fadas. Acredita que o príncipe encantado existe, só que se perdeu sem um GPS.
Twitter: @hoelterlein
Um comentário:
Olá! Gostei muito do texto, não tenha divido em tantos subgêneros assim a literatura Fantástica, mas achei muito interessante. Vou ficar esperando o mês que vem pra ver mais!
Beijocas da Mi!
http://www.nadasimples.com.br/
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