Oi gente, tudo bem? Hoje tenho um convidado muito especial na coluna para falar sobre o processo de criação de capas aqui na Record. O nome dele é Leonardo Iaccarino, premiadíssimo designer da editora desde 2001, que foi superlegal em nos conceder essa entrevista para o blog. Espero que gostem!
Leo, apresente-se brevemente para os leitores da Galera.
Olá pessoal. Me chamo Leonardo Iaccarino, sou designer e gerente do departamento de Design do Grupo Editorial Record.
Qual a sua formação?
Sou formado em design gráfico e design de produto pela ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), e mestre em Information Design pela University of Reading/UK. De 2010 a 2012 lecionei a disciplina de projeto gráfico na Unicarioca.
Quais prêmios você ganhou por quais capas?
Em 2012 ganhei o prêmio Jabuti (54º edição) de melhor capa com o projeto de A anatomia de Gray
Também no ano passado, a capa de Contos de mentira foi finalista no concurso de melhor capa de livro promovido pela Getty Images.
A capa do livro Saia da sua caixa foi selecionada para a bienal da ADG de 2004, para o anuário internacional de design da HOW em 2005 e para GATEWAYS, uma exposição internacional de design de capas que ocorreu em 2008 em Portugal
Também para essa exposição foi selecionada a capa do livro Os homens que mataram o facínora.
Conte um pouco sobre o processo interno de criação e aprovação de capas.
Somos uma equipe de 3 designers (eu, Diana Cordeiro e Tulio Cerquize) e dois estagiários.
Produzimos uma grande parte da demanda de capas das editoras e selos do grupo internamente.
Normalmente começamos o processo com uma conversa com o editor responsável pelo livro, para entender um pouco sobre público alvo e posicionamento do produto.
Em seguida, entramos em um período de imersão no conteúdo, até chegar à uma solução conceitual. Com o conceito definido, desenvolvemos alternativas gráficas e trocamos com o editor até sua aprovação.
Posteriormente a capa é discutida em uma reunião do conselho, envolvendo além do design e editorial, representantes dos departamentos de marketing e comercial.
Quando o autor é brasileiro, muitas vezes ele também participa do processo de alguma forma.
Na sua opinião, o que é necessário para se fazer uma boa capa? Como você faz para traduzir os elementos literários para a capa?
A capa deve honrar o conteúdo do livro, sem no entanto o entregar por completo.
Boa capa é aquela que dá um 'gostinho' do livro e induz o leitor à compra e(ou) leitura.
Gosto muito quando a capa não é totalmente óbvia e convida o leitor a ter sua própria interpretação. Essa relação muitas vezes acaba deixando o leitor mais próximo do livro. Não existe uma fórmula. A linguagem da capa é em grande parte consequência da linguagem do texto, claro.
Mas não é uma ciência exata, e por isso temos várias possíveis soluções (certas e erradas!) para a mesma 'questão'. Esse tom vem da "mão" do designer, da forma que ele interpreta e traduz o conteúdo no momento da criação.
E é isso que faz o nosso processo de trabalho tão vivo e apaixonante. Você pensar que a mesma pessoa pode gerar soluções totalmente distintas dependendo do dia, do humor, e da geração de significado estabelecida em um determinado momento.
Onde você busca inspiração para criar essas capas maravilhosas?
Em tudo. Na observação de pequenas coisas e situações do dia a dia muitas vezes surge um insight. Costumo dizer que o designer trabalha 24 horas por dia, a inspiração está em toda parte, todo tempo. Até em sonhos pode vir a solução de um projeto gráfico (já aconteceu comigo). Mas nada disso é possível sem conhecimento técnico e bagagem cultural. Conhecer a história da arte, da evolução da escrita e da tipografia é essencial para se fazer um trabalho editorial competente.
Abaixo, outras capas bem maneiras feitas pelo Leo:
Adorei entrevistar o Leo e espero que vocês tenham curtido também. O trabalho dele é realmente incrível, e todos nós da Record somos muito fãs. :)
Um beijo grande e até a próxima,
Rafa
2 comentários:
Maravilha a entrevista, Rafa! O trabalho do Leo é incrível!
Bjs,
parabéns ao Rafael, o trabalho dele é sensacional mesmo, sou autor de Os homens que mataram o facínora e, até hoje, essa capa faz sucesso. Ele também fez belas capas para outros dois livros meus, São Paulo deve ser destruída e Nem heróis nem vilões. Abraço e parabéns, caro Rafael. Moacir Assunção
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