Oblivion,
em bom português, é oblívio, esquecimento. Manipulação da memória (e da
verdade, aliás) é peça importante da trama do novo filme de Joseph Kosinski, de
Tron – O Legado. O personagem de Tom Cruise, Jack Harper, passa por limpezas
de memória de tempos em tempos. Ele é um fuzileiro mecânico que vive isolado na
Terra, ao lado de uma companheira, na ingrata tarefa de monitorar a extração de
recursos hídricos do planeta. Explica-se: há 60 anos, a Terra foi arrasada por
uma guerra com alienígenas, e a água está sendo drenada para sustentar a
humanidade em outro planeta. Harper ficou para trás com a missão de eliminar os
alienígenas que sobraram (eles perderam a guerra) e garantir que a operação
flua bem até que ele também tenha o direito de ir embora. Porém, ao achar uma
cápsula espacial com astronautas congelados (entre eles a personagem de Olga
Kurylenko), ele percebe que a situação não é bem por aí.
Arquiteto por
formação, Joseph Kosinski repete aqui o que fez em Tron – O Legado:
criar ambientes futuristas extremamente elegantes. Sua direção de arte é
impressionante, e Oblivion é um colírio visual. Em termos de história, o
filme é baseado em uma ideia original do diretor, que será adaptada e expandida
em uma graphic novel a ser lançada (nos EUA) simultaneamente com o
longa-metragem. Aí é que surge o problema: “original” mesmo, Oblivion
não é. Ele toma doses garrafais de inspiração no pequeno Lunar (2009),
de Duncan Jones, e tangencia Matrix, não somente pelo visual de Morgan
Freeman, tão inspirado no Morpheus de Laurence Fishbourne que seria digno de
processo por plágio, como também pela questão do mote “a realidade é uma
mentira.” Assim como Morpheus, o personagem de Morgan Freeman também oferece a
indigesta pílula vermelha que desperta Jack Harper para a verdade sobre sua
vida isolada no planeta.
Oblivion
começa envolvente pela ambientação, pelo tom reverencial aos filmes de ficção
científica mais cerebrais do início dos anos 1970, mas quando cai o verniz da
novidade, ficam as ideias batidas e, mais grave ainda, as soluções do roteiro
que parecem furadas e sem sentido – tudo alicerçado na necessidade de dar um
desfecho heroico, dado o envolvimento de Tom Cruise. O filme tem um início
intrigante, uma identidade visual que enche os olhos, mas quando surgem as
incongruências do roteiro, a sensação é que o diretor quis fazer com a plateia
o mesmo procedimento de manipulação de memórias pelo qual Jack Harper passa.
Curiosidades que
valem menção: a música é da banda indie-eletrônica francesa M83 e tem ecos do
que o Daftpunk fez em Tron – O Legado;
e os dois assistentes de Morgan Freeman são interpretados por Nikolaj
Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones, e Zoe Bell, famosa
dublê e fetiche de Quentin Tarantino.
Mais informações no site oficial
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André Gordirro, 39 anos, carioca, tricolor, escreve sobre cinema há 18 anos. Passou pelas redações da Revista Manchete, Veja Rio, e foi colaborador da Revista SET por dez anos. Atualmente colabora com a Revista Preview e GQ Brasil. Leva a vida vendo filmes, viajando pelo mundo para entrevistar astros e diretores de cinema e, claro, traduzindo para a Galera Record. Nas horas vagas, consegue (tenta...) ler gibis da Marvel, jogar videogames e escrever o primeiro romance (que um dia sai!).
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André Gordirro, 39 anos, carioca, tricolor, escreve sobre cinema há 18 anos. Passou pelas redações da Revista Manchete, Veja Rio, e foi colaborador da Revista SET por dez anos. Atualmente colabora com a Revista Preview e GQ Brasil. Leva a vida vendo filmes, viajando pelo mundo para entrevistar astros e diretores de cinema e, claro, traduzindo para a Galera Record. Nas horas vagas, consegue (tenta...) ler gibis da Marvel, jogar videogames e escrever o primeiro romance (que um dia sai!).
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