Tom Gauld é um ilustrador escocês, de 37 anos, que mora em Londres e colabora com diversas publicações estrangeiras, entre elas, as revistas New Yorker e The Paris Review, e os jornais The Guardian e New York Times. Seu livro ilustrado mais recente é You're All Just Jealous of My Jetpack, lançado em abril.
Os desenhos de Tom estão cheios de referências literárias e da cultura pop, como, por exemplo, o Dickensmóvel, o veículo usado por ninguém menos que Charles Dickens para combater o crime na cidade de Londres, e também incluem robôs, fadas-madrinhas, cientistas e heroínas que, antes de salvar o mundo, têm de comer todo o brócolis.
Uma de suas diversões é justamente misturar todas essas referências, que vão de seriados à literatura fantástica, passando pelos contos de fadas, com assuntos mais sérios, como, por exemplo, o preconceito em relação ao gênero de ficção científica ou o status dos autores e as relações com o mercado editorial. Mas sempre com bom humor.
Eu conversei com Tom por e-mail e perguntei quais eram suas leituras preferidas, além de querer saber mais sobre o processo de criação das ilustrações, e agora vocês vão poder conhecer um pouco mais o trabalho dele.
Todas as imagens foram extraídas da página de Tom Gauld no Flickr
Espero que vocês gostem da entrevista!
Ilustração do livro You're All Just Jealous of My Jetpack. |
Ana Resende: Tom, de onde vem a inspiração para os seus desenhos?
Tom Gauld: É difícil dizer exatamente de onde vem a minha inspiração. Eu tento olhar, ler e ouvir o máximo possível de coisas interessantes para que essas coisas possam voltar e vir à tona, de alguma maneira, quando eu me sentar diante da folha de papel em branco. Algumas vezes, meus desenhos se inspiram em histórias ou temas que já existem, com os quais eu lido do meu jeito e, outras vezes, eu tiro a inspiração de algo que ouvi alguém dizer ou fazer. Quando a inspiração não vem, eu tomo um café, saio para dar uma volta ou leio gibis, e uma dessas coisas costuma funcionar.
Tom Gauld: É difícil dizer exatamente de onde vem a minha inspiração. Eu tento olhar, ler e ouvir o máximo possível de coisas interessantes para que essas coisas possam voltar e vir à tona, de alguma maneira, quando eu me sentar diante da folha de papel em branco. Algumas vezes, meus desenhos se inspiram em histórias ou temas que já existem, com os quais eu lido do meu jeito e, outras vezes, eu tiro a inspiração de algo que ouvi alguém dizer ou fazer. Quando a inspiração não vem, eu tomo um café, saio para dar uma volta ou leio gibis, e uma dessas coisas costuma funcionar.
Nas ilustrações de Tom, pequenas heroínas salvam o dia. Mas só depois de comer o brócolis. |
AR: Alguns dos seus desenhos incluem personagens como fadas, robôs (gigantes) e astronautas. A literatura fantástica e de ficção científica teve influência no seu trabalho? Quais são os seus livros e/ou gibis favoritos?
TG: Sem dúvida, jogar Dungeons and Dragons e outros jogos de RPG na adolescência moldou a minha sensibilidade. Provavelmente, eu fui mais influenciado pelo visual dos filmes e dos gibis de ficção científica do que pela literatura propriamente dita. Eu fui um superfã de Star Wars na infância e um leitor voraz de 2000AD na adolescência, quando também gostava de 2001, Blade Runner - O Caçador de Androides, Alien, etc. Ultimamente, tenho lido muitos livros de ficção científica e descobri os romances de Ian Banks sobre The Culture, que são incríveis.
TG: Sem dúvida, jogar Dungeons and Dragons e outros jogos de RPG na adolescência moldou a minha sensibilidade. Provavelmente, eu fui mais influenciado pelo visual dos filmes e dos gibis de ficção científica do que pela literatura propriamente dita. Eu fui um superfã de Star Wars na infância e um leitor voraz de 2000AD na adolescência, quando também gostava de 2001, Blade Runner - O Caçador de Androides, Alien, etc. Ultimamente, tenho lido muitos livros de ficção científica e descobri os romances de Ian Banks sobre The Culture, que são incríveis.
Em seus desenhos, Tom gosta de lidar com situações absurdas como, por exemplo, uma infestação de fadas. |
AR: Você poderia falar sobre o seu processo de trabalho?
TG: A primeira parada das ideias, depois que elas saem da minha mente, é o caderno ou bloco de desenho. Eu trabalho muito nos blocos de desenho, experimento coisas, brinco com conceitos, misturo tudo, depois, quando sinto que aquela ideia está chegando a algum lugar, passo para o papel. Eu desenho tudo à mão, primeiro, com lápis, depois, à tinta, mas então brinco com o desenho no computador: mudo as coisas de lugar, acerto ou acrescento cor. Gosto de combinar coisas inesperadas no meu trabalho: o grande e o pequeno, a alta cultura e o gosto popular, coisas engraçadas e tristes ou sérias e bobas.
TG: A primeira parada das ideias, depois que elas saem da minha mente, é o caderno ou bloco de desenho. Eu trabalho muito nos blocos de desenho, experimento coisas, brinco com conceitos, misturo tudo, depois, quando sinto que aquela ideia está chegando a algum lugar, passo para o papel. Eu desenho tudo à mão, primeiro, com lápis, depois, à tinta, mas então brinco com o desenho no computador: mudo as coisas de lugar, acerto ou acrescento cor. Gosto de combinar coisas inesperadas no meu trabalho: o grande e o pequeno, a alta cultura e o gosto popular, coisas engraçadas e tristes ou sérias e bobas.
O Dickensmóvel de Tom une a literatura clássica aos seriados dos anos 70. |
AR: Você também faz ilustrações para capas de livros. Poderia explicar a diferença entre os desenhos que você publica e a ilustração de uma capa?
TG: Nos meus desenhos, eu crio um mundo próprio onde posso fazer praticamente tudo o que eu quiser. Para fazer com que um desenho simples e bobo dê certo, é necessário pensar muito, mas também pode ser muito divertido. No entanto, quando estou criando uma ilustração para outra pessoa, tenho que respeitar, em alguma medida, o material original e, ao mesmo tempo, criar algo interessante e próprio. Acho que capas de livros são muito complicadas: o autor passou anos escrevendo um romance, e eu não quero estragá-lo com uma capa ruim. Mas também acho fascinante folhear o livro e procurar coisas interessantes para pôr na capa, e, na verdade, é um prazer quando vejo o produto final em uma livraria e percebo que fiz um bom trabalho.
TG: Nos meus desenhos, eu crio um mundo próprio onde posso fazer praticamente tudo o que eu quiser. Para fazer com que um desenho simples e bobo dê certo, é necessário pensar muito, mas também pode ser muito divertido. No entanto, quando estou criando uma ilustração para outra pessoa, tenho que respeitar, em alguma medida, o material original e, ao mesmo tempo, criar algo interessante e próprio. Acho que capas de livros são muito complicadas: o autor passou anos escrevendo um romance, e eu não quero estragá-lo com uma capa ruim. Mas também acho fascinante folhear o livro e procurar coisas interessantes para pôr na capa, e, na verdade, é um prazer quando vejo o produto final em uma livraria e percebo que fiz um bom trabalho.
Capa de Tom Gauld para Os Três Mosqueteiros. |
AR: Há algum livro que você gostaria de ilustrar? Algum ilustrador favorito?
TG: Eu gostaria de fazer capas de ficção científica. Os livros sobre The Culture seriam realmente um desafio, mas também um trabalho fascinante. Recentemente li Tenth of December, antologia de contos de George Saunders e gostaria de brincar com esses contos. Adoro o trabalho de Edward Gorey, mas, para mim, a inspiração foi seu lado menos conhecido de capista e ilustrador.
AR: Que livros e/ou gibis você leu ultimamente?
TG: Estou no meio da autobiografia de Vladimir Nabokov, Speak, Memory, que é impressionante. Recentemente, gostei muito de Rage of Poseidon, de Anders Nilson, Palookaville#22, de Seth, e Everything Together, de Sammy Harkham.
Obrigada, Tom!
Minibio: Ana Resende trabalha como preparadora de originais e tradutora, e é colaboradora da Galera Record, entre outras editoras. Workaholic assumida, está aprendendo a gostar de videogames, mas sua leitura favorita ainda são os contos de fadas. Acredita que o príncipe encantado existe, só que se perdeu sem um GPS.
Twitter: @hoelterlein
TG: Eu gostaria de fazer capas de ficção científica. Os livros sobre The Culture seriam realmente um desafio, mas também um trabalho fascinante. Recentemente li Tenth of December, antologia de contos de George Saunders e gostaria de brincar com esses contos. Adoro o trabalho de Edward Gorey, mas, para mim, a inspiração foi seu lado menos conhecido de capista e ilustrador.
Capas de Edward Gorey para romances de Joseph Conrad e George Orwell, uma das inspirações de Tom Gauld.
AR: Que livros e/ou gibis você leu ultimamente?
TG: Estou no meio da autobiografia de Vladimir Nabokov, Speak, Memory, que é impressionante. Recentemente, gostei muito de Rage of Poseidon, de Anders Nilson, Palookaville#22, de Seth, e Everything Together, de Sammy Harkham.
Obrigada, Tom!
Minibio: Ana Resende trabalha como preparadora de originais e tradutora, e é colaboradora da Galera Record, entre outras editoras. Workaholic assumida, está aprendendo a gostar de videogames, mas sua leitura favorita ainda são os contos de fadas. Acredita que o príncipe encantado existe, só que se perdeu sem um GPS.
Twitter: @hoelterlein
Um comentário:
Tom Gould tem a veia de humor de Guto Lacaz, e ambos tornam o mundo mais interessante. Predeba 131113
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