Desde o início, Christopher Nolan quis situar um Batman crível no mundo real de hoje (com todas as necessárias licenças poéticas que envolvem um homem vestido de morcego); assim, Batman - O Cavaleiro da Trevas Ressurge encontra ressonância nas páginas dos jornais com o Movimento dos 99% (uma neoluta de classes contra a elite de 1% da sociedade que controlaria toda a riqueza.) A trama do filme envolve o plano do terrorista Bane que, teoricamente, quer tomar o controle de Gotham em nome da população oprimida pelos políticos corruptos e por empresários milionários. Seria ele um Robin Hood moderno que se vale de métodos “talibanescos”? A resposta vem na trama com muitas reviravoltas que surpreende a cada vez que uma suposta verdade dita no início do filme vira uma mentira lá pelo final. Nem o Duas Caras é tão Duas Caras assim.
Além do vilão novo, Batman - O Cavaleiro da Trevas Ressurge apresenta um elemento que poderia pôr o filme a perder: a Mulher-Gato de Anne Hathaway. Entendam: a introdução de uma nova (anti) heroína no cuidadoso castelo de cartas do diretor era preocupante, pois o filme poderia descambar para um super-heroísmo que, na verdade, a série nunca abraçou. Pois a Mulher-Gato tem presença fundamental na trama e uma dinâmica perfeita com a narrativa de Bruce Wayne/Batman; mais um acerto na longa lista de Christopher Nolan. Outro antigo trunfo do diretor, Michael Caine como Alfred, mantém em suas mãos o fio narrativo emocional ao emendar cena atrás de cena que desafiará o coração dos mais brutos. Se não rolar uma indicação ao Oscar será uma injustiça.
No final de quase três horas arrebatadoras, fica a impressão de que Christopher Nolan entregou uma obra em três partes que seria injustiça classificar como “filme de super-heróis”. Neste quesito, a Marvel tem os melhores exemplares: Homem-Aranha 2, X-Men 2 (+ Primeira Classe) e especialmente Os Vingadores. O cineasta foi além: misturou ação, policial, drama social, estudo de personagem, tudo em um caldeirão em que, por acaso, o protagonista coloca uma máscara e capa à noite. Antes de ser um filme de super-herói, o Batman de Christopher Nolan é um superfilme.
O trailer e outras informações estão no site oficial.
O trailer e outras informações estão no site oficial.
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André Gordirro, 39 anos, carioca, tricolor, escreve sobre cinema há 18 anos. Passou pelas redações da Revista Manchete, Veja Rio, e foi colaborador da Revista SET por dez anos. Atualmente colabora com aRevista Preview e GQ Brasil. Leva a vida vendo filmes, viajando pelo mundo para entrevistar astros e diretores de cinema e, claro, traduzindo para a Galera Record. Nas horas vagas, consegue (tenta...) ler gibis daMarvel, jogar videogames e escrever o primeiro romance (que um dia sai!).
3 comentários:
Excelente crítica.
"O cineasta foi além: misturou ação, policial, drama social, estudo de personagem, tudo em um caldeirão em que, por acaso, o protagonista coloca uma máscara e capa à noite. Antes de ser um filme de super-herói, o Batman de Christopher Nolan é um superfilme."
Isso ele fez desde o primeiro filme e fico MUITO feliz em saber que o terceiro consegue ser ainda melhor e fechar bem a trilogia (e sem spoilers!)
beijocas
Frini
CONCORDO 100%, Gordirro!
Amei a crítica!
Bjão!
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