Antes, outro parênteses: Kristen Stewart é a versão feminina
do Keanu Reeves. Tem aquela expressão meio inócua, meio parva, de quem está
alheia ao que acontece, ao mesmo tempo que finge estar se importando com o que
ocorre ao redor. Parece que está envolta em bruma e, quando faz cara de que
sente alguma coisa, dá a impressão de que é um desconforto gástrico. Acreditem:
já entrevistei ambos, Keanu Reeves e Kristen Stewart; os dois foram muito
simpáticos e falantes, mas, na tela, parecem sempre o mesmo personagem, do
mesmo jeito.
OK, vamos ao filme. A parte mais chata de fazer uma crítica
de cinema é resumir a trama, é a parte de escrever a sinopse. Acho que dá para
pular isso, no caso de Branca de Neve e o
Caçador — até porque aqui não é uma publicação formal de cinema, e sim um
bate-papo. Basta conferir o trailer que a história está toda lá.
Então, à crítica: o filme funciona como leve aventura de
fantasia, em que um antigo conto de fadas é recontado sob olhar moderno e mais
maduro, mas sem abrir mão do aspecto fantástico em nome de um realismo que
soaria, digamos, irreal. O diretor Rupert Sanders, que é estreante e fez
comerciais bacanas como o de Call of Duty: Black Ops, tem o pique publicitário
para não enrolar a narrativa e um belo olho estético. Porém, exatamente esse
ritmo narrativo deixa o filme um pouco mal amarrado (e olhem que ele tem 2h09min
de duração). A jornada de Branca de Neve, de fugitiva do castelo da Rainha Má
para salvadora à la Joana D'Arc, parece corrida e forçada, e em alguns
momentos, o roteiro não sabe o que fazer com o Caçador (Chris Hemsworth, de Thor) e com o Príncipe Encantado (Sam Claflin,
de Piratas do Caribe: Navegando em Águas
Misteriosas).
Se Kristen Stewart continua atuando como uma porta, Charlize
Theron podia baixar o tom de vilã de teatro infantil da Rainha Má,
especialmente nos faniquitos. Contudo seu porte altivo e beleza, somados ao
vestuário criado por Colleen Atwood (dos filmes de Tim Burton, que conversou
comigo em Londres), ajudam a compor bem o personagem. Colleen criou um vestido
que usa asas de besouro (recolhidas de restaurantes tailandeses, onde o inseto
é servido!) e outro com asas de corvo que foge da linha escola de samba com bom
gosto.
Mas o grande achado de Branca
de Neve e o Caçador são os oito anões (há motivo para isso). O elenco é
formado por veteraníssimos atores ingleses que todo mundo vê por aí como
coadjuvantes (exemplos: Ian McShane, de Piratas
do Caribe; Toby Jones, de Capitão
América; Bob Hoskins, de Uma Cilada
para Roger Rabbit). A maquiagem e o truque digital para encolhê-los ficam
completos com as roupas de Colleen Atwood: o resultado final são anões mais
impressionantes do que os vistos em O
Senhor dos Anéis. Assim como os pinguins de Madagascar, eles merecem um filme só deles.
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André Gordirro, 39 anos, carioca, tricolor, escreve sobre
cinema há 18 anos. Passou pelas redações da Revista
Manchete, Veja Rio, e foi
colaborador da Revista SET por dez
anos. Atualmente colabora com a Revista
Preview e GQ Brasil. Leva a vida
vendo filmes, viajando pelo mundo para entrevistar astros e diretores de cinema
e, claro, traduzindo para a Galera Record. Nas horas vagas, consegue (tenta. .
.) ler gibis da Marvel, jogar
videogames e escrever o primeiro romance (que um dia sai!).
7 comentários:
Oi André
Seja bem-vindo!
Morrendo de inveja ( branca!) por vc ter entrevistado a Kristen e o Keanu!!!
Ainda não vi esse filme e assim como boa parte dos fãs de Crepusculo e Thor me encaixo na categoria de querer ver os atores principais em outros papéis, coisas de fã.
Assisti outro filme recentemente sobre Branca de Neve ( Espelho, espelho meu) e os anões também são uma das melhores coisas da história :)
A vontade de ver o filme só aumentou *-*
Gordirro ídolo! Eu até tinha interesse para ver esse filme, mas Kristen parva meio que não vale os R$20 do ingresso... a questão é saber se o lindo do Thor compensa a parvice da outra! hahaha
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH vc é muito like a boss, meu amigo. Orgulho de você e da sua crítica. :) Parabéns pela estreia na Galera.
Ansiosa pelas próximas.
Bjão!
não tô nem aí pra ela. PRECISO ver esse filme :-)
vcs me emocionam, meninas
Tava super curiosa pra ver o filme, por isso nem li o post antes (sou dessas chatas que prefere saber o menos possível antes de assistir). Agora já assisti (e li) hehe Ahei o filme tão sem sal nem açúcar! Tudo muito morno, umas cenas de ação a troco de nada, uma Branca de Neve sem carisma nenhum (não tenho nada contra a Kristen Stewart, mas no filme não dá pra acreditar que ela ia inspirar uma revolução messsssmo. Muito menos ter dois apaixonados por ela)... Tenho que concordar que o melhor são os anões (e o figurino, que os vestidos/capas da bruxa são mesmo o máximo).
Adorando os novos posts do blog =)
Para mim, disse tudo!
Na verdade, quase tudo. Faltou só comentar sobre o fato de Branca de Neve ser a mais bela, até mais que a rainha má. Mas, fãs me desculpem, Kirsten e Charlize na tela, e dizer que essa Branca é mais bela que a rainha... não deu! Pensei nisso o filme todo!
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