Você imaginava que uma tiragem de 3 mil exemplares de um livro de cerca de 250 páginas poderia ser impressa em apenas... 50 minutos? Pois é, aqui na “fantástica fábrica de livros” do Grupo Editorial Record isso é possível! Tudo graças à Cameron, nossa poderosa máquina de impressão, que faz (quase) tudo sozinha.

Esta semana eu e os funcionários mais novos da empresa participamos de um tour pela gráfica, e resolvi fazer meu texto de estreia no blog para explicar um pouquinho para vocês - admiradores de um bom livro - como funciona o processo de impressão e como foi essa experiência sensacional (e muito gratificante para qualquer produtor editorial). As fotos são da Vivi Maurey, nossa ex-estagiária que anda fazendo muita falta por aqui.
Vamos lá!
Bom, passado o processo de edição do qual eu, Ana Paula, Ana Lima e Giu participamos (num futuro post podemos explicar passo a passo como funciona também), é gerado um arquivo digital do livro. Este arquivo será “fotografado” e transformado em um fotolito negativo. (Pense num negativo de fotografia, só que enorme – cada um tem cerca de 6 páginas de um livro.)

Esse fotolito é levado para uma máquina que espalha numa chapa uma camada de polímero laranja fluorescente (parece uma geleca e é gosmento, eu coloquei o dedo!). Então, a máquina aproxima o negativo dessa geleca (o polímero) e joga uma luz UV. O que acontece no processo? Lembre-se que no negativo, as letras são vazadas em um fundo preto. Bem, quando a luz passa pelas letras vazadas e atinge o polímero, ele endurece. Resultado: as letras e imagens ficam em alto-relevo como um carimbo, e agora será chamado de clichê!

A seguir, outra máquina limpa o que restava da geleca que não endureceu, e o clichê fica limpinho. Então cada página é recortada, para ser arrumada em uma ordem de impressão que não é nada lógica para nós, mas sim para a máquina. Coloca-se uma fita dupla-face no clichê e as páginas são coladas num plástico gigante, nessa nova ordem, formando a cinta. Ela recebe uma tinta e “carimba” o papel.
Agora apresento-lhes a grande e majestosa CAMERON, A máquina. Ela foi trazida da Alemanha, e é uma das únicas aqui da América Latina. Ela não imprime colorido, porque a tinta que o carimbo recebe é uma só. Ou seja, capas e ilustrações coloridas são impressas em outra gráfica, pelo sistema offset, e trazidas para cá.
A capa, que chegou sem vinco, passa pela máquina que dobra orelhas, e recebe marcas de dobras também na lombada. Ela segue por uma esteira pra se unir ao miolo do livro.

O papel (vindo de uma bobina gigantesca) é carimbado de um lado, seca, e volta para ser carimbado do lado oposto. Depois de tudo impresso, é cortado por facas e vai para o alceamento, onde são feitas as dobra dos cadernos. Mais cortes e os cadernos já saem na ordem correta, graças àquela ordem louca dos clichês lá no início. O miolo já está pronto!
Os miolos prontos vão para uma esteira que treme (!) para organizar as folhas e um braço mecânico agarra o miolo para retirar o ar entre as páginas. Seguindo na esteira, capa e miolo recebem cola, no aplicador de capas. O próximo passo são os cortes de acabamento, porque as margens são feitas maiores que a mancha (podemos dizer que o tamanho das folhas ultrapassa o da capa, pra depois serem cortadas direitinho).
A fornada sai quentinha da esteira e, já empilhadinhos, os livros vão para o estoque, depois para os caminhões, depois para as livrarias e então para a sua cabeceira.
O processo é bem mais detalhado do que isso, é claro. Eu resumir bastante, porque seria necessário escrever um livro para explicar exatamente como se faz... um livro. Mas nada mesmo como acompanhar tudo bem de pertinho! Se algum dia tiverem oportunidade, não deixem passar.
Você deve ter pensado também: “Nossa, mas são tantos cortes de papel, e se tudo anda em esteiras, é claro que deve ter uma perda enorme. Então o que eles fazem como tudo isso?” Ah, sim, todo o refugo do papel é coletado e vai para reciclagem.
Qualquer dúvida tentaremos responder!
Um beijo estalado na bochecha ou uma mordida no pescoço... fica à sua escolha!
Até a próxima,
Renatinha
Ps: Eu terminei de levantar a pilha de livros aqui ao lado, mas a Vivi não conseguiu registrar, uma pena.